segunda-feira, outubro 31, 2005

Grande entrevista a Marques da Silva


José Carlos Marques da Silva foi o cabeça-de-lista do PS à Assembleia Municipal de Felgueiras nas eleições autárquicas do passado dia 9.
Jovem, eloquente e dinámico, Marques da Silva, que se apresentou ao eleitorado como independente, confessa que está a estudar a possibilidade de se filiar no partido rosa. Se tal vier a acontecer, diz quem o conhece que irá impor a sua presença de forma a alterar o status quo vivido na Concelhia, que, como se sabe, é liderada por Inácio Lemos.

"Não me parece que
(Inácio Lemos)
tenha quaisquer condições
para fazer seja o que for"

Na sua opinião, a que se deve a derrocada eleitoral do PS em Felgueiras nas autárquicas do passado dia 9?

Há uma multiplicidade de factores que podem ajudar a explicar o mau resultado do PS nas últimas eleições autárquicas. No entanto, neste momento, parece-me que o fundamental é analisar ponderadamente os factos e construir soluções alternativas capazes de garantir um futuro melhor a todos os felgueirenses.
No entanto, num esforço de síntese e para simplificar a análise podemos organizá-las em dois grandes grupos. Um que designaria de institucional e outro de natureza mais interna, da própria candidatura do PS.
Relativamente ao primeiro parece-me evidente que factores como: a confusão, propositadamente, gerada à volta da legitimidade da própria candidatura; as querelas internas na formação das próprias listas com a tentativa de imposição por algumas facções, nomes e lugares; a ausência, deliberada, de um maior envolvimento das estruturas nacionais do Partido Socialista, como sempre foi evidente mas que a desastrosa visita do Dr. Almeida Santos tornou inquestionável, foram obstáculos evidentes a um melhor desempenho político da candidatura do PS local.
Quanto aos factores internos não entendo oportuno tratá-los neste enquadramento pois, parece-me deverem ser analisados e discutidos no seio da própria candidatura, como de resto tive ocasião de o fazer na reunião do dia seguinte às eleições.

Há quem considere que a vitória de Fátima Felgueiras, nas circunstâncias em que ocorreu, afigura-se atípica. Mas, por outro lado, diz-se que José Campos não era o candidato natural do PS – aliás, o líder da Concelhia, Inácio Lemos, acabou por retirar a confiança política à lista de Campos, para Câmara e a que foi encabeçada pelo Dr. Marques da Silva, para a Assembleia.

A vitória de Fátima Felgueiras e do seu movimento não teve nada de atípica. Foi uma vitória inequívoca e resultou claro que os eleitores confiaram-lhe maioritariamente o seu voto. Temos todos de respeitar essa realidade. Veremos, com absoluta serenidade e maturidade democrática o que o futuro, a todos, no reserva. Pessoalmente não tenho razões para estar muito optimista.
O que terá sido menos óbvio em todo o processo foram um conjunto de coincidências e circunstâncias pouco habituais, que percorrem diferentes aspectos da vida social e política e acima de tudo uma questão de consciência individual e cívica de cada um. Quanto ao resto, o país e os responsáveis de cargos públicos que se envolveram, ou viram envolvidos, em diferentes querelas e constrangimentos processuais que tirem as necessárias ilações de tudo o que se passou, porque a situação do país é de tal ordem problemática que não dá espaço a que se cometam duas vezes os mesmos erros.
Quanto ao facto de a candidatura do José Campos poder não ser a candidatura natural, não foi o que resultou da votação interna promovida há uns meses atrás no âmbito do PS Felgueiras, nem o que todos assumiram na cerimónia pública de apresentação do candidato. Ou estávamos no reino da mais elementar hipocrisia política ou as convicções de algumas pessoas são mais perenes do que o vento num dia de furacão…
Mas com esse folhetim nenhum felgueirense aproveitará ou verá resolvido qualquer problema, daí que o melhor e começar a preparar o futuro. Não podemos continuar a ver conduzir o autocarro onde viajamos ser conduzido a olhar pelo retrovisor, caso contrário…


Concorda com a crítica de que José Campos menosprezou a matriz socialista do partido bem como os próprios militantes e dirigentes da Concelhia, ao incluir um número elevado de independentes nas listas para os dois órgãos do Município?

Estou certo que José Campos tomou, em consciência, e em cada momento as decisões que entendeu mais adequadas, sempre no interesse de servir Felgueiras e os felgueirenses.

Não teria sido possível uma certa flexibilidade, ou seja, alguma cedência por parte de José Campos e da sua candidatura em relação às exigências de Inácio Lemos, em vez de ter sido lançado o “braço-de-ferro” entre as partes?

Nada mais tenho a acrescentar sobre essa matéria.

O senhor, quando foi convidado por José Campos para encabeçar a lista, se tivesse a certeza que Fátima Felgueiras regressaria a Portugal, teria aceite o convite?

Confesso que tenho muita dificuldade em compreender a sua pergunta. Se me conhecesse bem, saberia que nunca, em circunstância alguma, faria depender a minha decisão de aceitar o convite para me candidatar, da eventual candidatura de quem quer que fosse.
A minha decisão foi uma decisão de consciência pessoal e cívica, tendo dado o meu contributo para o debate e para a necessidade de dar corpo a um projecto ganhador para Felgueiras.

Fátima Felgueiras procurou consenso com o PS para conseguir a maioria política na Assembleia Municipal. No entanto, o Dr. Marques da Silva veio denunciar a público o modo como a autarca conduziu a negociação. Quer falar sobre isso?

A sua afirmação não corresponde à verdade. Ninguém da candidatura que enuncia procurou, em momento algum, qualquer consenso com o PS. Nunca eu, ou José Campos fomos abordados nesse sentido, ou nos foi sequer transmitido qualquer vontade no sentido do que afirma.
O que aconteceu foi o que todos conhecem e tive ocasião de denunciar nos media nacionais, tendo sido, de resto, secundado pelo PSD dias depois porque também foram alvo das mesmas práticas.
Contudo, a solução que encontraram não foi, de todo, a forma mais educada e com a elevação que se exigia, no entanto devo admitir que por razões óbvias, também não me surpreendeu.
Percebo, no entanto, a posição de desconforto em que esse movimento que refere terá ficado, até porque não estão habituados a que os seus concidadãos tenham, igualmente, acesso aos media nacionais. Sinais dos tempos…


Não obstante, teoricamente, não ter possibilidades de vencer a eleição para a presidência da mesa da Assembleia Municipal, o PS insiste em candidatar o Dr. Marques da Silva para esse cargo. Quer clarificar esta atitude? (A data desta entrevista é anterior à da eleição da mesa da Assembleia Municipal)

É muito simples de perceber. Estamos tão somente a dar um sinal de ética politica a todos aqueles que nos confiaram o seu voto. É este o nosso desígnio e será essa a nossa conduta nos trabalhos da Assembleia Municipal.

O senhor acha que o PS, na Câmara e na Assembleia municipais, deve comportar-se como um identificado elemento da Oposição, do modo como o PSD tem sido ao longo dos mandatos, ou deve ser uma “força colaborante” com alguma das outras formações políticas representadas? Por exemplo, há um grande número de eleitos pelo movimento Sempre Presente que têm grande afinidade política com o PS. Muitos deles até são militantes socialistas.

Confesso, uma vez mais, que tenho muita dificuldade em compreender a sua pergunta. O PS saiu derrotado das eleições do passado dia 9 de Outubro. Obviamente nessas circunstâncias políticas que não desejávamos, mas que respeitamos, seremos oposição.
Desenvolveremos, quer na Câmara, quer na Assembleia um trabalho que honre a democracia e todos quantos nos confiaram o seu voto. Estaremos atentos e determinados na garantia do rigor, transparência e boa execução financeira e estratégica do projecto que saiu vencedor.
Saberemos trabalhar com rigor e determinação para mostrarmos aos felgueirenses, logo que a tal formos chamados, o que poderá ocorrer a qualquer momento, que temos um projecto e pessoas capazes para o por em prática uma alternativa melhor para Felgueiras.



Qual o seu comentário sobre o papel político de Inácio Lemos, líder do PS/Felgueiras, em relação à polémica que manteve com José Campos, bem como em relação a esta ligação de militantes do PS local ao movimento Sempre Presente?

Não tenho qualquer comentário a fazer. Essa matéria faz parte do passado. Deixarei aos especialistas em história das ideias políticas a tarefa de fazerem a análise mais adequada desse passado e daí extraírem as suas conclusões.
Pessoalmente, estou muito mais preocupado com o futuro do nosso concelho, com o futuro das pessoas, com o desemprego e a ausência de alternativas, com a ausência de estratégia política ou de qualquer visão estratégica dos que assumem momentaneamente os destinos do concelho.
Chega de falsos protagonismos, particularmente de alguns que, como diz o ditado do velho sábio, quando se aponta para a lua eles olham para a ponta do dedo! Comigo não contam para esse jogo inócuo.

Até que ponto a Concelhia e o seu líder, Inácio Lemos, vão intervir nas directrizes da bancada parlamentar do PS na Assembleia Municipal?

Decorre neste momento um inquérito interno no PS com vista à expulsão do partido da pessoa em causa. Não me parece que tenha, nessas circunstâncias, e depois dos tristes e verdadeiramente lamentáveis acontecimentos a que todos assistimos, quaisquer condições para fazer seja o que for.
Por outro lado a estrutura nacional do PS avocou o processo autárquico em Felgueiras, devendo ser nomeada, a todo o momento, uma comissão administrativa para gerir, transitoriamente, os destinos do partido em Felgueiras, pelo que a necessária coordenação nacional estará assegurada. Teremos todas as condições para fazer na AM um excelente trabalho ao serviço de todos e que dignifique o PS.


Por que motivo os eleitos do PS, no passado sábado (dia 22 de Outubro), se reuniram na sede da candidatura e não na sede do partido?

Pela razão mais óbvia e elementar, para se entrar num espaço é preciso ter chave… Penso no entanto que essa situação, muito desagradável deverá estar brevemente ultrapassada.

Será que há uma certa falta de sintonia entre os eleitos e os dirigentes da Concelhia?

Penso já ter respondido a essa pergunta.
Não acha que o PS/Felgueiras corre o “risco” de cair nas “mãos” dos militantes socialistas mentores do movimento Sempre Presente?

Não creio que seja possível até porque decorrem processos internos com vista à expulsão do PS de todos os elementos que, sendo do PS, fizeram parte de candidaturas políticas alternativas.
No entanto, não devo esconder que em Felgueiras têm tido lugar acontecimentos políticos de alguma irregularidade e de razoabilidade questionável pelo que… como o povo diz das bruxas! Vamos, apesar de tudo, acreditar que o bom senso não nos abandonará uma vez mais.


Depois dos resultados eleitorais do PS/Felgueiras nas autárquicas do passado dia 09, a estrutura local deverá renovar-se ou, mais drasticamente, refundar-se a partir das cinzas?

O PS tem uma oportunidade soberana de promover o que se designa em linguagem informática um refresh na sua estrutura local. Quem assistiu, como eu assisti, à reunião de análise dos resultados logo na Segunda-feira dia 10 de Outubro de imediato percebeu, pela dinâmica, entusiasmo, força e determinação das manifestações assumidas pelos intervenientes que há, no interior do próprio partido, uma massa critica extremamente válida com ideias e força para revitalizar o projecto socialista em Felgueiras.

O PS/Felgueiras deverá recrutar “nova massa crítica”, a partir de novos dirigentes e até de novos militantes, ou tentar a recuperação do actual “grosso modo”?

Nessa mesma ocasião, um conjunto de independentes assumiu também o compromisso, no caso de algumas condições de base estarem reunidas, de aderir ao PS e protagonizar um verdadeiro projecto político do PS em Felgueiras capaz de o conduzir à vitória no próximo acto eleitoral, logo que ele ocorra.
Quanto ao demais quero acreditar que todas as pessoas, de bem, que tenham um contributo a dar e se revejam na estratégia política a definir devem ter lugar e ser bem vindas ao PS de Felgueiras.
O Dr. Marques da Silva, muito em breve, irá filiar-se no PS?

Se as condições enunciadas estiverem reunidas e garantidas ao mais alto nível dentro das estruturas do PS, poderei analisar essa possibilidade.

Mas o senhor, embora independente, é conhecido como democrata-cristão, com recente ligação ao CDS/PP local.

Tive já publicamente, aos microfones da RF, oportunidade de esclarecer e clarificar esse embuste político. Não entendo porque volta a colocar essa questão, no entanto vou responder-lhe e esclarecer em definitivo e pela última vez essa matéria.
Nunca tive qualquer relação formal com o CDS PP local.
Fui sim director até Abril de 2004 do Jornal A Voz de Felgueiras, onde de facto há accionistas de todos os partidos políticos, mas com particular incidência no CDS PP. Orgulho-me muito de ter pertencido a esse projecto e desafio quem tiver dúvidas sobre a minha integridade politica e ou isenção editorial, enquanto director do jornal, a ler as dezenas de artigos de opinião que assinei nessa época.
Não precisava de assumir publicamente, mas posso ir mais longe e dizer-lhe até que sempre que exerci o meu dever cívico, votei no PS. Para bom entendedor…
Presumo pois definitivamente sanada esta falsa questão.

Segundo uma fonte, o senhor tem mantido reuniões com elementos dirigentes da Distrital do PS/Porto bem como com elementos da estrutura nacional. Quer dizer quem são esses dirigentes e os resultados dos encontros?

Não quero comentar essa afirmação, por entender que, pelo menos nesta fase, não vem acrescentar valor à discussão em curso. A seu tempo, se se justificar poderemos voltar a esse assunto.

O PS, a nível das direcções distrital e nacional, por duas vezes, “deixou cair” militantes e independentes contrários à linha oficial da Concelhia de Felgueiras. Em 2003, Francisco Assis, depois de ter apelidado a Comissão Política de “ilegal”, acabou por reconhecer a sua eleição, empossando-a; este ano, na campanha eleitoral, depois do regresso de Fátima Felgueiras, José Sócrates “deixou cair” José Campos; a vinda de Almeida Santos a Felgueiras foi uma “emenda pior que o soneto”.
O Dr. Marques da Silva não teme que o que acabo de explicar poderá voltar a acontecer em relação aos que se propuserem renovar a estrutura local?


Não comento pelas mesmas razões.

O senhor tem algum projecto para renovar o PS/Felgueiras, ou seja, de oposição a Inácio Lemos?

Não comento pelas mesmas razões.

Admite concorrer à liderança da Concelhia?

Não é uma questão que se me coloque neste momento.
Como sabe nem sequer militante sou e para ser candidato à concelhia, entre outros aspectos, como o inequívoco apoio das bases do partido, a observar é necessário essa condição prévia.
Devo contudo dizer-lhe que senti um grande entusiasmo e que tudo farei para dar corpo e continuidade a este grande projecto de verdade e seriedade que José Campos aportou à política local e cujo capital, entendo, não devemos nem podemos desperdiçar.


Entre Francisco Assis e Narciso Miranda, quem prefere para líder da Distrital do PS/Porto?

Não é uma questão que me preocupe neste momento. A prioridade é o nosso concelho e é nele que devemos concentrar todas as nossas energias. É necessário encontrarmos propostas válidas que nos permitam ultrapassar os graves estrangulamentos de que padece o nosso concelho, isso sim deve ser o nosso focus principal.

Qual a sua perspectiva sobre os próximos quatros anos de gestão Sempre Presente na Câmara Municipal?

O meu primeiro desejo vai para a imperiosa necessidade de que tudo corra bem ao nosso concelho nos próximos quatro anos.
Mas, e como lhe referi anteriormente, infelizmente, não podemos estar optimistas quanto ao futuro. Lamentavelmente as razões para esse pessimismo são variadas, muito eloquentes e ilustrativas.
Há uma clara ausência de estratégia e de coerência política nas parcas propostas apresentadas. Vagas e não fundamentadas. Creio que dezassete propostas no total!
Por outro lado, os motivos e as expectativas de base do grupo de cidadãos que esteve na base do lançamento do movimento em causa são também muito dispares e heterogéneas, o que a prazo poderá fazer eclodir a estratégia por dentro e talvez assistamos, uma vez mais, num remake que nada aproveita ao concelho àquilo a que infelizmente já nos habituaram… a implosão politica seguida da estagnação económica e social que afecta todos mais sobretudo os que têm menor mobilidade.
Mas esperemos que pelo menos uma vez a surpresa nos colha e que nada disto venha a ocorrer
.

O senhor não acha que PS nacional, um dia, pode vir a apoiar politicamente Fátima Felgueiras?

Se eu antecipasse o futuro jogava no euromilhões. Contudo, essa questão não está seguramente no top das minhas preocupações diárias. A pequena política não engrandece nem faz os homens melhores e mais solidários.

sábado, outubro 29, 2005

Citação do blog da JS/Felgueiras



"O Double Face encheu ontem (sexta-feira) para receber mais uma festa da JS Felgueiras, em que o lema era: "Sempre presentes num objectivo comum, o futuro da juventude”. Entre os jovens, havia um clima de satisfação e solidariedade para com o percurso do passado recente da JS, de alegria e confiança num futuro melhor e na competência e dedicação naqueles que ficaram a gerir os destinos do nosso Concelho. "
Blog da JS/Felgueiras
js-felgueiras.blogspot.com/

sexta-feira, outubro 28, 2005

José do Telhado



José do Telhado
Sozinho e perdido
É um lobo do mato
Acossado

De quem foi a traição?
De quem foi a traição?

José do Telhado
Trocado e vendido
É um lobo
Do mato
Fugido

De quem foi a traição?
De quem foi a traição?

José do Telhado
O traidor
Que o vendeu
Bem merece
Sofrer
O castigo

De quem foi a traição?
De quem foi a traição?

José do Telhado
Vai-se vingar
O traidor vai pagar
O traidor vai pagar

(Helder Costa/José Afonso)

Orlando Sousa presidente da AM


Orlando Sousa é o novo presidente da Assembleia Municipal de Felgueiras. O cabeça-de-lista do movimento Sempre Presidente venceu a eleição (secreta) para a mesa do hemiciclo por apenas um voto de diferença.
A vitória de Sousa constituiu uma verdadeira surpresa, já que Francisco Cunha (PSD) era o candidato favorito e o PS, que não prescindiu de candidatar Marques da Silva ao cargo, rejeitara um prévio acordo com o movimento independente.
Assim, o movimento Sempre Presente obteve 25 votos, enquanto o PSD obteve 24 e o PS 16. Como se sabe, Sempre Presente conta com 15 deputados municipais, o PS 19 e o PSD 31. Fazendo as contas, 7 do PSD e 3 do PS transferiram o seu voto para Orlando Sousa, que será secretariado por Mário Martins e Cármen Machado. Francisco Cunha propunha-se a compor a mesa com Alírio Costa e João Sousa; Marques da Silva com Margarida Sousa e Eugénio Costa.

terça-feira, outubro 25, 2005

Grande entrevista

O Diário de Felgueiras, amanhã à noite, deverá colocar online mais uma grande entrevista, a uma figura política de Felgueiras.
Não perca!

segunda-feira, outubro 24, 2005

Audição de arguidos como testemunhas viola Constituição

O Tribunal da Relação de Guimarães revogou hoje a decisão instrutória do caso do saco azul de Felgueiras por considerar que o facto de três arguidos terem deposto como testemunhas "viola o princípio da igualdade" previsto na Constituição.
Na decisão, que dá provimento ao recurso da autarca Fátima Felgueiras a pedir a anulação dos depoimentos de três arguidos e das escutas telefónicas constantes no processo, a Relação concluiu que o os depoimentos dos arguidos como testemunhas, prestados em fase de inquérito, violam preceitos constitucionais.
O acórdão revogou hoje a decisão instrutória "na parte em que julga válidas as provas obtidas" através dos depoimentos prestados no inquérito pelos arguidos, António Bragança, Joaquim Freitas e Horácio Costa e das escutas telefónicas realizadas a seis números de telefone.
No caso das declarações dos três arguidos, sustenta que "permitir a valoração de depoimentos de terceiros ilegalmente obtidos seria colocar os arguidos em situação de total desigualdade no que concerne ao respectivo direito de defesa".
O Tribunal da Relação deu hoje provimento ao recurso de Fátima Felgueiras, pedindo a anulação dos depoimentos de três arguidos e das escutas telefónicas constantes.
Segundo fonte judicial, a anulação dos depoimentos e das escutas telefónicas obriga à repetição de toda a fase de instrução do processo, incluindo o debate instrutório.
O Tribunal baseia-se ainda no artigo 133 do Código de Processo Penal, que "impede os co-arguidos de depor como testemunhas no mesmo processo" e constata que os depoimentos dos três arguidos, obtidos inicialmente pela PJ/Braga na qualidade de testemunhas, "não podem ser valorados e utilizados como prova contra a recorrente", Fátima Felgueiras.
A Relação deu ainda provimento ao pedido de anulação das escutas telefónicas, sustentando que são "nulas por terem violado o disposto no n.º1 do artigo 188 do Código de Processo Penal".
O acórdão sustenta que as intercepções a telemóveis foram autorizadas, sem prazo, em 14 de Fevereiro de 2003, tendo apenas sido apresentados os autos de transcrição ao Juiz de Instrução Criminal 45 dias depois.
"Os autos de intercepção e gravação deveriam ter sido lavrados logo que se iniciaram as gravações e não o foram. Foram-no, aparentemente, apenas 15 dias depois", salienta o acórdão.
Acrescenta que "tiveram de ser elaborados em datas posteriores ao termo das intercepções", pelo que - sublinha - "não houve um acompanhamento contínuo e temporal e material" das escutas.
"Dado o tipo de crimes em causa e a delicadeza da situação, consideramos excessivo o período de 45 dias", acentua, referindo-se ao prazo em que foi feita a sua análise pelo Juiz de Instrução.
Conclui argumentando que, "quer a falta de elaboração do auto, logo que foram iniciadas as intercepções, quer a falta de acompanhamento contínuo e próximo destas, são situações violadoras do N.º 1 do artigo 188 do Código de Processo Penal".
A decisão hoje proferida pela Relação de Guimarães implica a anulação da acusação, com o consequente adiamento do começo do julgamento - se a acusação se mantiver após nova fase de instrução - pelo menos por um ano.
Pode acabar na anulação de, pelo menos, vários dos 23 crimes de que Fátima Felgueiras está acusada, quer os que se prendem com as escutas quer os que se baseiam nas declarações daqueles arguidos.
Fonte conhecedora do processo disse à Lusa que os três deverão usar o direito ao silêncio previsto na lei durante o novo debate instrutório, o que resultará em falta de provas para incriminar Fátima Felgueiras na maioria dos crimes de que estava acusada.
O mesmo sucederá com os restantes 12 arguidos, entre os quais o ex-presidente Júlio Faria, os três gestores da Resin Resíduos Sólidos, SA e os cinco empresários envolvidos.
Ao todo, os 16 arguidos eram acusados de 53 crimes.

Talvez

Talvez eu venha a envelhecer rápido demais.
Mas lutarei para que cada dia tenha valido a pena.

Talvez eu sofra inúmeras desilusões no decorrer de minha vida.
Mas farei que elas percam a importância diante dos gestos de amor que encontrei.

Talvez eu não tenha forças para realizar todos os meus ideais.
Mas jamais irei me considerar um derrotado.

Talvez em algum instante eu sofra uma terrível queda.
Mas não ficarei por muito tempo olhando para o chão.

Talvez um dia o sol deixe de brilhar.
Mas então irei me banhar na chuva.

Talvez um dia eu sofra alguma injustiça.
Mas jamais irei assumir o papel de vítima.

Talvez eu tenha que enfrentar alguns inimigos.
Mas terei humildade para aceitar as mãos que se estenderão em minha direção.

Talvez numa dessas noites frias, eu derrame muitas lágrimas.
Mas não terei vergonha por esse gesto.

Talvez eu seja enganado inúmeras vezes.
Mas não deixarei de acreditar que em algum lugar alguém merece a minha confiança.

Talvez com o tempo eu perceba que cometi grandes erros.
Mas não desistirei de continuar trilhando meu caminho.

Talvez com o decorrer dos anos eu perca grandes amizades.
Mas irei aprender que aqueles que realmente são meus verdadeiros amigos nunca estarão perdidos.

Talvez algumas pessoas queiram o meu mal.
Mas irei continuar plantando a semente da fraternidade por onde passar.

Talvez eu fique triste ao concluir que não consigo seguir o ritmo da música.
Mas então, farei que a música siga o compasso dos meus passos.

Talvez eu nunca consiga enxergar um arco-íris.
Mas aprenderei a desenhar um, nem que seja dentro do meu coração.

Talvez hoje eu me sinta fraco.
Mas amanhã irei recomeçar, nem que seja de uma maneira diferente.

Talvez eu não aprenda todas as lições necessárias.
Mas terei a consciência que os verdadeiros ensinamentos já estão gravados em minha alma.

Talvez eu me deprima por não ser capaz de saber a letra daquela música.
Mas ficarei feliz com as outras capacidades que possuo.

Talvez eu não tenha motivos para grandes comemorações.
Mas não deixarei de me alegrar com as pequenas conquistas.

Talvez a vontade de abandonar tudo torne-se a minha companheira.
Mas ao invés de fugir, irei correr atrás do que almejo.

Talvez eu não seja exactamente quem gostaria de ser.
Mas passarei a admirar quem sou.
Porque no final saberei que, mesmo com incontáveis dúvidas, eu sou capaz de construir uma vida melhor.
E se ainda não me convenci disso, é porque como diz aquele ditado: "ainda não chegou o fim". Porque no final não haverá nenhum "talvez" e sim a certeza de que a minha vida valeu a pena e eu fiz o melhor que podia.

Aristóteles Onassis

sexta-feira, outubro 21, 2005

Francisco Assis assume ter falhado objectivos

O líder do PS/Porto vai fazer, hoje, um acto de contrição na reunião da Distrital, marcada para debater os resultados das autárquicas. Francisco Assis assumirá ter falhado os objectivos eleitorais traçados para o distrito, mas vai pedir uma reflexão sobre o que correu mal e tentar sossegar, até às presidenciais, as movimentações internas com vista à liderança da Federação. Narciso Miranda admite que os resultados foram "frustrantes". Porém, garante que será solidário com todos os candidatos."Queria mobilizar o partido para a recuperação da liderança da Área Metropolitana do Porto. Esse objectivo não foi alcançado, é evidente. Já disse que não me recandidato e que me mantenho em funções até às eleições. Mas há algumas coisas que merecem reflexão", referiu ao JN Francisco Assis.Segundo o líder do PS/Porto, é preciso reflectir nomeadamente sobre a articulação da Federação com as concelhias e o método de escolha dos candidatos, o que pode implicar alterações estatutárias. É esse debate que pedirá, hoje, que seja feito pelos dirigentes distritais.Narciso Miranda, que é apontado como possível recandidato à Distrital, diz que os resultados eleitorais no distrito "ficaram muito áquem das expectativas". "Foram frustantes. O Porto, por exemplo, foi uma oportunidade perdida", sustenta, embora garanta que não pedirá responsabilidades ."Em momento algum ficarei na rectaguarda para depois pedir facturas", afirmou, assegurando que será "sempre solidário com todos os candidatos". Por isso, na reunião de hoje, pedirá sereniedade na análise dos resultados autárquicos e união com vista às presidenciais.

http://jn.sapo.pt/2005/10/21/politica/assis_assume_falhado_objectivos.html
(JN, 21 de Outubro de 2005)

Grande entrevista a Inácio Lemos, líder da Concelhia do PS

"O PS não deve fazer acordos,
deve fazer uma Oposição responsável"
No sentido de tentarmos compreender o actual momento político de Felgueiras, o DIÁRIO DE FELGUEIRAS publica hoje a primeira grande entrevista, feita a um dirigente partidário, inserida num rol de entrevistas que vamos tentar obter junto da classe política felgueirense.
Assim, começamos por ouvir Inácio Lemos, líder da Concelhia do PS/Felgueiras, partido que, nas autárquicas de 9 de Outubro, foi relegado para terceiro plano.

Não obstante ter já comentado publicamente os resultados eleitorais do PS em Felgueiras – que ditaram a hecatombe do partido no concelho, relegando-o para terceiro plano –, na sua opinião, quais os factores que estiveram subjacentes a esta pesada derrota?
Os resultados eleitorais do PS, quer para a Câmara Municipal quer para a Assembleia Municipal, não foram surpresa nenhuma. As razões que estão subjacentes à hecatombe verificada são:
1.º - O despotismo com que o candidato apresentado pelo PS tratou o partido que o acolheu;
2.º - Os actos infrenes que o candidato e o staff da candidatura cometeram;
3.º - O desconhecimento social e económico que o candidato demonstrou sobre o concelho de Felgueiras;
4.º - A falta de apoio aos candidatos às Assembleias de Freguesia;
5.º - O desrespeito e menosprezo com que trataram as outras candidaturas;
6.º -A falta da matriz socialista, que sempre foi característica das listas apresentadas pelo PS/Felgueiras;
7.º - A arrogância, a prepotência e o autismo que transversalmente contaminou toda a direcção de campanha;
8.º - A falta de liderança e tacto político;
9.º - A desconfiança que a candidatura sempre transmitiu.

Como foi amplamente noticiado, antes das eleições, o senhor acusou e responsabilizou José Campos por estar a conduzir o processo de candidaturas do partido para a Câmara e para a Assembleia de forma não condizente com a vontade de grande parte dos elementos da Concelhia, não contestando, porém, o processo de candidaturas para as Assembleias de Freguesia. Mas, até para estas autarquias, o PS perdeu, neste caso para o PSD, o maior número de autarcas eleitos. Tem alguma justificação para este fenómeno?
O processo de escolha dos candidatos às Assembleias de Freguesia foi conduzido com ponderação e com a certeza de que estávamos perante os melhores candidatos. O PS tinha garantias de que estavam reunidas condições para recuperar algumas juntas de freguesia (Jugueiros, Revinhade, Macieira de Lixa, Vila Cova e Vila Verde), mas sabíamos que não chegava apresentar bons candidatos. Depois era preciso fazer trabalho de campo, apoiar os candidatos, fazer acções de campanha nas freguesias, estabelecer compromissos de cooperação entre o candidato à Câmara Municipal e candidato à Junta de Freguesia nas respectivas freguesias com a presença dos habitantes dessas freguesias, para uma melhor fidelização política e social. Nada disso aconteceu, centralizaram todas as acções de campanha na figura do candidato à Câmara Municipal e não apoiaram os candidatos às Juntas de Freguesia. Esse foi um erro político grave que teve consequências gravíssimas para o PS. Os candidatos às Assembleias de Freguesia sentiram-se abandonados e desanimados pela forma como foram tratados. Mais uma vez, a culpa é do candidato à Câmara Municipal e das escolhas que ele fez.

A retirada da confiança política a José Campos, que foi anunciada pelo senhor em conferência de imprensa em 08 de Agosto, não terá, por seu lado, contribuído para o desastre eleitoral do PS? Ou, melhor dizendo, o Dr. Inácio Lemos não é, também, responsável pelo fracasso do partido nas urnas?
A minha responsabilidade é temporal. Sou responsável por ter aceite como boa a candidatura de José Campos à Câmara Municipal de Felgueiras. A partir do dia 1 de Maio, dia da apresentação do candidato, comecei a informar o partido de que era necessário corrigir e chamar à razão o candidato, porque o comportamento evidenciado começava a indiciar um mau resultado para o PS. Não me deram ouvidos, aguentei até ao dia 5 de Agosto. No dia 6 de Agosto a maioria da Comissão Política apoiou a minha decisão de retirar a confiança política. A partir daí deixei de ter responsabilidades nesse processo, porque José Campos deixou de ser candidato do PS/Felgueiras para passar a ser candidato do Largo do Rato. O acórdão do Tribunal Constitucional é claro nessa matéria, o PS/Felgueiras não tinha candidato às eleições autárquicas de 2005. O pior erro que José Campos cometeu neste processo foi acreditar que o apoio, camuflado e às escondidas, vindo de Lisboa era suficiente para galvanizar, mobilizar e ganhar as eleições em Felgueiras. Por isso não me sinto responsável por este resultado; tentei evitar, fui acusado de estar apenas preocupado comigo. Infelizmente, os resultados comprovaram o que eu, em Junho, disse a Francisco Assis e que sempre alertei nas reuniões em que participei enquanto membro da comissão de candidatura.

Posso concluir, então, que o senhor, hoje, não estará arrependido de ter retirado a confiança ao candidato? Melhor dizendo, hoje, não poderá chegar à conclusão de que poderia ter havido uma outra solução, diferente, menos drástica e mais ao nível do foro interno do partido, que não passasse por essa medida, que é sempre uma atitude dramática e com custos políticos muitos altos, como foi o caso?
Não estou nada arrependido. Apenas me arrependo de não ter tomado a decisão mais cedo. Mas entendo que ainda havia tempo para corrigir e transformar um projecto perdedor num projecto ganhador. José Campos não quis.

Quando tomou essa medida drástica – a de se não rever com a candidatura de José Campos –, Fátima Felgueiras já tinha informado a Justiça que regressaria a Portugal. O senhor chegou a acreditar no regresso anunciado? E chegou a acreditar na recandidatura da autarca, que já tinha em marcha o movimento Sempre Presente?
A partir do momento que, em Felgueiras, se gerou o movimento de recolha de assinaturas para apoiar e validar a candidatura de Fátima Felgueiras, deixei de ter dúvidas que o processo e a candidatura eram irreversíveis. Estava preparado o caminho para o regresso de Fátima Felgueiras. A coincidência das datas do julgamento e das eleições autárquicas era uma oportunidade que Fátima Felgueiras não podia perder e foi isso que ela soube aproveitar.

Dizem os analistas que a vitória de Fátima Felgueiras, nas circunstâncias inéditas em que ocorreu, é atípica. Concorda?
Não. Essa é uma análise atípica de quem não conhece a realidade social e económica do concelho de Felgueiras. Fátima Felgueiras ganhou as eleições porque o povo reconhece-lhe qualidades, vê nela capacidades de liderança, dedicação e trabalho. A vitória de Fátima Felgueiras não pode ser vista como um julgamento popular nem como uma afronta à Justiça. Não foi isso que o povo de Felgueiras quis transmitir.

Qual a sua perspectiva sobre os próximos quatros anos de gestão Sempre Presente na Câmara Municipal?
Vão ser quatro anos muito difíceis para o concelho de Felgueiras. Todos temos conhecimentos das restrições económicas orçamentais. As autarquias, também, vão sofrer restrições. Associado a tudo isto, ainda tem as questões judiciais que, também, vão ser um factor a ter em conta.
O PIDDAC inicial para 2006 prevê um total de investimentos para Felgueiras de 2.670.753 euros. Em relação a 2005, é um aumento muito grande. Dessa verba prevista, 60%, ou seja, 1.621.092, estão destinados para a Escola Superior de Tecnologias e Gestão de Felgueiras. O restante, 1.049.660, está distribuído por infraestruturas que todos os anos vêm contemplados em PIDDAC, com a agravante de ter desaparecido as verbas para a casa da Justiça.
Por isso, perspectivo que estes próximos quatro anos vão ser muito complicados para Felgueiras. O PIDDAC de 2006 é demonstrativo disso mesmo.

Na sua opinião, Fátima Felgueiras/eleita socialista e Fátima Felgueiras/Sempre Presente são a mesma pessoa política?
Claro que sim.

Fátima Felgueiras procurou consenso com o PS para conseguir a maioria política na Assembleia Municipal. No entanto, o deputado socialista Marques da Silva veio denunciar a público o modo como a autarca está a conduzir essa negociação. Qual a sua opinião sobre o assunto?
Cada um é responsável pelos actos que pratica, e, como tal, deve responder por eles. Tentar entendimentos não é proibido, nem vejo nenhum mal nisso, mas tentar entendimentos na base das ameaças, na coacção política e psicológica é subverter os princípios democráticos.

O Dr. Inácio Lemos acha que o PS, na Câmara e na Assembleia municipais, deve comportar-se como um identificado elemento da Oposição, do modo como o PSD tem sido ao longos dos mandatos, ou deve ser uma “força colaborante” com o movimento Sempre Presente, dado que o maior número de eleitos desta força política têm afinidade política com o PS? Muitos deles são militantes socialistas.
O PS como força política na Oposição deve ter um comportamento condizente com o estatuto de um partido de Oposição. Deve colaborar, sem ser subserviente, nas matérias em que o concelho de Felgueiras saia favorecido. Por outro lado, deve manifestar a sua Oposição naquilo que entenda que são medidas que prejudicam os felgueirense. Não deve fazer acordos! Deve fazer uma Oposição responsável e que dignifique os felgueirenses que neles confiaram.

Os jornais nacionais noticiaram, antes das eleições, que o senhor e Filipe Carvalho, da JS, são alvo de processos disciplinares dentro do partido, devido a um comunicado que assinaram, que, diga-se a verdade, é de fraca abonação à pessoa de Francisco Assis, líder da Distrital do PS/Porto. O senhor não teme as consequências?
Não. O que fiz foi em defesa dos valores, dos ideais e do património que o PS granjeou em Felgueiras. Nunca as minhas acções tiveram como objectivo guerras pessoais ou cultivar um clima de má convivência política. Por isso, estou de consciência tranquila. O que estava em causa era a salvaguarda de um património que foi construído durante trinta anos e que não podia ser destruído e apagado por má influência e por análises e decisões políticas feitas à distância, sem conhecimento da realidade em Felgueiras, e por opiniões feridas de legitimidade. Sempre defendi que Felgueiras merecia melhor, que o PS não estava a ser respeitado. Durante muito tempo, fui alertando para os riscos e perigos que o PS corria. Percebi isso desde a primeira hora; a verdade sempre esteve do meu lado. Infelizmente, foi o tempo que me deu razão. Dia 27 de Outubro, apresentar-me-ei para prestar declarações e demonstrar apenas que me preocupei em defender os interesses, os valores e ideais do PS em Felgueiras.

E sobre os anunciados processos contra os militantes socialistas que integraram as listas do movimento Sempre Presente? Acha que há legitimidade e autoridade suficientes para isso?
Os estatutos do partido socialista sobre essa matéria são claros. O PS, à luz dos inúmeros acontecimentos que envolveram as eleições em Felgueiras, deve actuar da forma mais justa e correcta. Sendo um partido democrático, com regras e disciplinado, deve, pelo menos, preocupar-se em ouvir os militantes para saber quais as razões pelo qual fizeram parte e apoiaram o movimento Sempre Presente. Esse é o caminho a seguir. Estou certo que é isso que vai acontecer, para bem do PS e pela defesa dos militantes. Há factos que não podem ser esquecidos, para que, no futuro, não possam voltar a acontecer. É do futuro que temos que começa a falar.

Fátima Felgueiras, na noite das eleições, “pediu a cabeça” de Francisco Assis. Que pensa sobre isso?
Fátima Felgueiras não pode imiscuir-se na vida interna do Partido Socialista, uma vez que já não é militante. Francisco Assis já tinha informado que abandonaria a liderança da Distrital independentemente dos resultados eleitorais. Talvez Fátima Felgueiras se tenha esquecido deste facto no calor da vitória. O discurso não deve ser de vingança, nas de esperança, de diálogo, de colaboração, de abrir portas, de estabelecer consensos, porque é disso que Felgueiras vai precisar.

Francisco Assis está a pretender deixar a discussão da liderança da Distrital para depois das eleições presidenciais. Acha que o tempo poderá fazer esquecer a promessa que fizera – a de que deixaria de ser líder da Distrital se não ganhasse a Câmara do Porto?
A decisão de adiar as eleições para as distritais e concelhias não é da responsabilidade de Francisco Assis. A direcção nacional do PS entendeu que não deve fazer eleições internas antes das presidenciais. Pessoalmente, discordo desta orientação. As eleições deviam ocorrer no mais curto espaço de tempo possível; a vida interna partidária não devia ser condicionada pelas eleições presidenciais. As estruturas locais e distritais precisam de novos projectos, novas orientações, dinâmicas diferentes e isso só se faz através de eleições. Entendo que as estruturas locais e distritais deveriam ter um período de vigência mais largo, passar de dois anos para quatro anos. Quatro anos são a duração dos mandatos autárquicos. Um projecto autárquico não se constrói apenas em dois anos; deve ser trabalhado e construído durante quatro anos. Não faz sentido que, a meio de um mandato autárquico, as concelhias e as distritais andem preocupadas com eleições internas. O que acontece, actualmente, é que os dois primeiros anos de mandato das concelhias e distritais são de mera gestão - nada se passa, nada acontece, o desinteresse instala-se e, depois, os resultados eleitorais autárquicos são aquilo que são. Por isso, mais importante que adiar as eleições para as distritais e concelhias é reflectir sobre os resultados eleitorais das autárquicas; quais as razões desses mesmos resultados; criar condições para que, daqui a quatro anos, os resultados sejam melhores. Isso, também, passa pela alteração estatutária da duração dos mandatos das concelhia e distritais.

O Dr. Inácio Lemos vai recandidatar-se ao lugar de presidente da Concelhia do PS/Felgueiras?
Apenas estou preocupado em terminar o mandato para o qual fui eleito. Ainda não pensei sobre o assunto. Deixo esse assunto para a altura própria. Mas quero já referir que uma candidatura não pode passar apenas por uma vontade pessoal. Para além da motivação, é necessário gerar consensos, é necessário sentir apoios. Projectos pessoais, projectos com remoques vingativos e com tendências de subserviência estão condenados ao fracasso. Ninguém deve ser candidato com o objectivo de ser representante desta ou daquela facção, desta ou daquela personalidade.


Depois dos resultados eleitorais do PS/Felgueiras nas autárquicas do passado dia 09, a estrutura local deverá renovar-se ou, mais drasticamente, refundar-se a partir das cinzas?
Espero que o PS/Felgueiras seja capaz de se renovar. O PS/Felgueiras têm todas as condições para que, daqui a quatro anos, seja, de novo, a força política mais votada no concelho. Mas para isso o PS/Felgueiras tem de deixar de ser um partido capelista. Tem que vingar uma nova cultura democrática onde os militantes têm que ser vistos como gente séria, com qualidade e sem desconfianças. Sou contra partidos sectários, colegiais. O PS/Felgueiras deve ser um partido aberto, regenerador, sem caciques, onde os militantes deixem de ter rótulos, chancelas, todos somos poucos. No PS/Felgueiras tem que acabar as divisões, tem que acabar os grupos, as guerras internas, a intriga, as cartas anónimas. O PS é dos militantes.

"Se a secção do PS na Lixa tivesse sido criada,o movimento Sempre Presente não existia, outra candidatura teria surgido"

O PS/Felgueiras deverá recrutar “nova massa crítica”, a partir de novos dirigentes e até de novos militantes, ou tentar a recuperação do actual “grosso modo”?
Dentro dos militantes socialistas há gente capacitada para formar uma Comissão Política com qualidade, renovadora, com “massa crítica”, com juventude. Há muito tempo que no PS não existia uma juventude tão mobilizadora, tão participativa, tão dinâmica, tão responsável. O actual líder da JS, Filipe Carvalho, é o grande responsável por esta mentalidade. Soube acabar com o amorfismo que se instalou durante muitos anos na Juventude Socialista. É esta mentalidade que deve imperar no PS/Felgueiras. Dentro dos militantes e com a participação da JS é possível criar uma Comissão Política capaz de pacificar e regenerar o PS em Felgueiras.

A inclusão de militantes socialistas que apoiaram e integraram as listas do movimento Sempre Presente no processo de recuperação do PS/Felgueiras será bem ou mal vista pelo actual líder da Concelhia?
Todas as pessoas são importantes. Como já referi, sou contra partidos capelistas, sectários, colegiais, que sejam a representação de uma só personalidade, de uma só tendência. Desde que as pessoas estejam empenhadas em trabalhar dentro dos pressupostos apresentados e se identifiquem com a estratégia, temos que contar com elas. O PS/Felgueiras deve ser uma família.

O facto de, antes das eleições, ter feito as pazes com Horácio Reis não será abrir-lhe uma janela para a possibilidade de uma “miscigenação política” entre o PS/Felgueiras e o movimento Sempre Presente?
As divergências com Horácio Reis foram apenas de âmbito político. A tentativa de criação da secção do PS na Lixa levou a algum distanciamento e ao confronto político. Sabia e tinha consciência quais os objectivos que estavam por detrás da criação da secção do PS na Lixa. Se a secção do PS na Lixa tivesse sido criada, o movimento Sempre Presente não existia, outra candidatura teria surgido. Daí que o entendimento que se proporcionou entre mim e Horácio Reis enquadra-se no espírito que deve imperar no PS. Um partido conciliador, onde todos devem ter direito à sua livre opinião sem sofrer represálias e perseguições. Esse entendimento visa a união e o entendimento dos militantes do PS. Esta deve ser a preocupação de um líder: unir e não fomentar a divisão.

Sem fazer futurologia, nunca lhe passou pela cabeça de, um dia, o PS nacional vir a apoiar politicamente Fátima Felgueiras?
Não tenho nenhuma bola de cristal que me permita fazer futurologia, mas tenho presente as declarações de Almeida Santos, no dia 5 de Outubro, em Felgueiras, e para bom entendedor meia palavra basta.

Entrevista do Padre Rodrigo ao Semanário de Felgueiras

O Padre Rodrigo da Costa Ferreira foi o pároco que nos últimos 200 anos mais tempo esteve à frente da Paróquia de Margaride.
Vai passar o testemunho ao Padre Benjamim Mesquita, que, a partir de domingo, será oficialmente o novo pároco de Margaride.
Natural de Airães, com quase 69 anos de idade, o padre Rodrigo Ferreira, na sua simplicidade habitual, concedeu uma entrevista ao Semanário de Felgueiras, que, com a devida vénia, o Diário de Felgueiras decidiu transcrevê-la.

O Padre Rodrigo esteve à frente da Paróquia de Margaride durante cerca de 30 anos. É muito tempo. Que balanço pode fazer em termos sumários desta sua missão?
Devo dizer que desde o ano 1800 que não houve um padre que estivesse nesta paróquia tantos anos como eu acabo de estar. É um bocado complicado fazer um balanço de 30 anos. Penso que o trabalho que foi desenvolvido foi o normal, não há nada de especial a assinalar, quer no aspecto negativo, quer no aspecto positivo. Procurei servir esta porção da Igreja que me foi confiada pelo Bispo, tendo contado com a colaboração preciosíssima da minha irmã, que, como dizia D. António Ferreira Gomes, foi o meu braço direito e o meu braço esquerdo. Substituiu-me em muitas tarefas, o que foi importante. Contei com a colaboração de muitos paroquianos em número crescente e é natural que, com alguma emoção e saudade, me despeço destas funções.

Tal acontece a seu pedido?
Sim. Desde há três anos a esta parte que vinha pedindo insistentemente ao sr. Bispo para me substituir. Finalmente, acabou por entender que já não tenho saúde suficientemente forte para corresponder às necessidades da pastoral paroquial. Cheguei ao momento em que ou deixava tais funções ou a minha saúde iria ressentir-se fortemente. O médico preveniu-me desse facto: ou deixaria parte das actividades ou corria o risco de abandonar precocemente tudo. O sr. Bispo sabe de tudo isto por documentos que o comprovam. Há uma hora para entrar e outra para sair e neste caso chegou a hora de sair. Sair, no sentido de deixar de ser pároco, passando a ser paroquiano e padre. Isto é, passo de pároco para eles a paroquiano/padre com eles. É como uma paráfrase de S. Agostinho, doutor da Igreja, sou Bispo para vós, sou cristão convosco.

Irá colaborar com o novo pároco?
Irei colaborar sempre que me for solicitado. Estou convencido que o novo pároco irá fazer coisas fantásticas nesta paróquia.

Como é que o novo pároco vai receber a paróquia de Margaride?
Ao nível da organização é artesanal. Não está nada informatizado. É uma situação que funciona. Repare que em 30 anos apenas por uma vez, infelizmente, um grupo de crianças veio para a catequese e não tinha ninguém para a dar. Felizmente, em 30 anos, isso aconteceu apenas uma vez. É um sinal de que, apesar de artesanal, a organização é ordenada e as coisas têm funcionado.

Esta é uma paróquia dinâmica?
É uma paróquia unida, com um número razoável de leigos comprometidos e dedicados, de diversas faixas etárias, tanto homens como senhoras, de nível sócio-económico e cultural diversificado, com pessoas com a escolaridade obrigatória, outras com estudos secundários e outras licenciadas nas mais variadas áreas. São colaboradores importantes e sem eles nenhum padre iria a lado algum.

O sr. Padre é uma pessoa simples e não gosta de protagonismo, mas deixa duas obras emblemáticas da paróquia: o Salão Paroquial e a sede dos Escuteiros. São obras que o enchem de orgulho, presumo?
Eu diria que foram as últimas obras. A parte do Salão Paroquia,l onde está incluída a Capela da Ressurreição, e a sede dos Escuteiros mais recentemente, sendo a última das últimas. Não considero que sejam as mais importantes nem emblemáticas. A parte visível do trabalho não é a
mais importante. As estruturas físicas estão ao serviço da pastoral e a parte não visível é, sem dúvida, a mais importante e na qual me empenhei mais, embora não se veja.

Considera que ao nível pastoral espiritual fez um trabalho suficiente?
Considero que foi o possível.

Mas a Igreja ao fim-de-semana continua a estar cheia…
Sim e isso é reconfortante. É belo ver a Igreja repleta. É estimulante ver pessoas da paróquia, e não só, a assistirem às missas, e temos várias ao fim-de-semana... Para além disso, a missa dominical é transmitida pela Rádio Felgueiras e muita gente gosta e ouve com atenção, e gosta optando por ouvir a nossa missa, em detrimento de outras, como, por exemplo, na Rádio Renascença ou até na TV, onde também existe a imagem e celebrações muito belas. A maneira como o povo participa nas celebrações é interessante e muita gente gosta.

Ao longo de 30 anos acompanhou o evoluir da cidade e das mentalidades dos felgueirenses. Que diferenças nota ao nível sobretudo de mentalidades e comportamentos?
Há grandes mudanças mas, em termos de adesão a Deus e à Fé, considero que nestes anos há algo de positivo. O compromisso dos leigos na pastoral paroquial foi uma evolução forte. Quanto às mentalidades, a mudança nestes 30 anos é brutal. Nem sempre a evolução foi no melhor sentido, porque valores humanos muito importantes foram postos no fundo da tabela ou mesmo fora de qualquer tabela. Isso é mau. Valores universalmente reconhecidos como autênticos foram substituídos pelo hedonismo, pelo ter dinheiro, ser importante, concorrência desleal, falta de honestidade, criminalidade, enfim, um conjunto de coisas más para a sociedade e para a humanidade.
Claro que há evolução positiva. Dá-se mais valor à dignidade da pessoa humana, à fraternidade entre as pessoas, não há racismos, entre outras coisas.

Sente-se a falta de solidariedade entre as pessoas?
Quando a paróquia tem tomado iniciativas nesse sentido, a adesão é fantástica. As pessoas têm é de ser motivadas para isso. Por exemplo, o peditório para as Missões é sempre o maior. Não sinto que não haja solidariedade.

Refiro-me em concreto à solidariedade para com o próximo, o vizinho digamos.
Há pessoas que são e estão sensíveis e que tomam atitudes concretas de ajuda. Também reconheço que há egoísmo, que cada um pensa em si e só em si, uma característica das cidades. Embora sendo uma cidade pequena, Felgueiras tem prédios onde as pessoas nem se conhecem.

Isso preocupa-o?
Naturalmente. Isso é complicado. Se as pessoas não se conhecem…são desconhecidos e não há solidariedade.

Enquanto pároco há também pessoas que não conhece. Se calhar antigamente não era bem assim?
Se quando para aqui vim havia muitas pessoas que não conhecia, agora isso acontece com mais frequência porque a cidade cresceu.

Sente que as pessoas que vieram viver para a cidade se ligaram à comunidade paroquial?
Umas sim, outras não. Há pessoas que vieram para Felgueiras de outras terras e que quando assistiram a uma Missa em Margaride ficaram encantadas. Algumas pessoas sentiram-se motivadas e tornaram-se colaboradoras activas. Recordo um episódio muito belo. Há 20 e tal anos, quando o Bairro João Paulo II ficou povoado, digamos assim, a vigília pascal terminou lá com uma missa campal na presença do sr. Bispo, D. João Miranda Teixeira, que, como se sabe, é de Vila Verde. Foi uma missa de acolhimento da paróquia àquela gente que veio das mais diversas paróquias do concelho e de fora dele. Num bairro social, com gente carenciada em vários aspectos, tudo correu bem e foi uma grande festa.

Falando da mudança física da cidade. Na área da Igreja não houve grandes mudanças, mas noutros sítios sim. Como viu esses processos?
Não queria entrar muito por ai em detalhes técnicos. Há coisas com as quais eu simpatizo e há outras que me parecem menos felizes, como muita gente também concorda, mas não queria concretizar.
O templo actual é suficiente para as necessidades da paróquia?
Sim, na medida em que celebramos quatro missas dominicais e há outros centros de culto na cidade. Dentro da paróquia há dez celebrações dominicais.
Para já, desde que continue a haver este número de celebrações, a Igreja é suficiente. Aquando do centenário, fizemos uma intervenção que aumentou quase duplicando a capacidade da Igreja.
Enquanto pároco acha que deixou alguma coisa por fazer?
Gostaria de ter feito mais e melhor. Dentro das minhas limitações, fiz aquilo que julgo me foi possível. Há apenas um aspecto, que é o parente pobre da pastoral: o sócio-caritativo. O sector da evangelização está muito vivo, mas este não está muito vivo, porque o número de elementos que nele trabalham é reduzido. Felizmente que existem muitas associações e instituições que se dedicam a esta causa, o que liberta a paróquia. Em muitos casos de carência económica e de solidão, a paróquia não tem conseguido acompanhar quanto seria desejável. Mas essas instituições, que são muitas, têm feito um bom trabalho, o que tranquiliza a consciência. No aspecto cultural também existem opções, o que é bom porque ocupa as pessoas. Há muita coisa positiva, muitos valores.

Como é que os paroquianos estão a reagir à notícia da sua saída?
Penso que estão a reagir como esperava porque entendem e aceitam as razões. Depois porque o meu sucessor é um padre com provas dadas, um padre que estimo e considero porque na Paróquia de Idães desenvolveu um grande trabalho. Não me vai suceder nenhum padre desconhecido, o que é bom. Na parte sentimental, sinto que pelo facto de o sr. Bispo me permitir continuar a residir aqui e a colaborar com o novo pároco, é positivo, porque não há nenhuma despedida. Eu continuo por cá. Irei celebrar missa diariamente na Igreja Matriz às 8h30, se calhar irei a Torrados e S.Vicente de Sousa ajudar. Estarei por cá, para ajudar no que me seja solicitado com todo o gosto.

Vai continuar a celebrar missa?
Sim desde que o pároco deseje que eu ajude. Não tomarei nenhuma iniciativa em relação à pastoral. Eu prestarei os serviços que ele entender. Estou disponível para ajudar naquilo que o pároco entender.

Diz-se muitas vezes que a Igreja e os padres não tomam posição sobre determinadas matérias do foro social e até político de forma dura e esclarecedora. Acha que é assim, o que é que a sua experiência lhe diz?
Isso é um tema muito abrangente. Para isso não tenho resposta. Quer concretizar alguma ideia?
Por exemplo em relação à crise económica e à política?
Os Bispos têm documentos produzidos bastante críticos e políticos, porque uma coisa não se pode dissociar da outra. Em relação ao meu caso e no que toca à política partidária, sempre tive uma posição de respeito e isenção. Tem havido colaboração entre a paróquia e as entidades constituídas em autoridade naquilo que diz respeito ao bem comum. Não há intromissão do sector político na vida religiosa, nem o pároco se mete na política, Estou convencido que ninguém sabe em quem é que eu voto. Nunca o disse a ninguém. Penso que nunca ninguém pode ter entendido que eu iria votar neste ou naquele.

Essa posição de distanciamento é a que continua a defender?
Tomo esta posição, porque tanto considero meus paroquianos os da extrema-direita como os da extrema-esquerda. Considero-os por igual, são todos queridos. Não devo criar divisão quando a minha missão é criar comunhão, o que tenho conseguido ao longo destes quase trinta anos. Sinto a estima de toda a gente de todos os quadrantes.

Abordo este tema porque parece por vezes que, dada a confusão que existe sobre algumas matérias do foro político e cívico, algumas pessoas às tantas esperavam mais do seu líder espiritual…
Alguns gostariam que o padre, nas suas homílias, desse indicação do sentido em que devem votar. Mas o objectivo de criar comunhão é essencial e a missão do pároco não é imiscuir-se na política. Deve fazê-lo, se assim entender nos princípios gerais, como o dever de votar, votar em consciência, ter em conta os princípios do Evangelho, mas só.

Qual é a mensagem que deixa ficar aos nossos leitores e paroquianos?
Vamos continuar a viver. Vão continuar a ver-me por aqui, serei paroquiano padre.

Sente que deixa estas funções com a missão cumprida?
Sinto que me vou realizando todos os dias, mas não me sinto realizado. Dentro da simplicidade e da dedicação, penso que fiz o trabalho que julgo possível. Todos temos limitações. Há dias numa pequena entrevista sobre a Cercifel, disse que todas as pessoas são deficientes, no sentido de que ninguém é perfeito. Só Deus o é. Por isso nada do que fazemos é perfeito e nunca devemos sentirmos realizados.Considero o meu trabalho normal.
(SEMANÁRIO DE FELGUEIRAS, 21 de Outubro de 2005)
FOTO - DIREITOS RESERVADOS

domingo, outubro 16, 2005

O lavar dos cestos da vindima

O lavar dos cestos da vindima

O lavar dos cestos da vindima

O lavar dos cestos da vindima

O lavar dos cestos da vindima

O lavar dos cestos da vindima

O lavar dos cestos da vindima

O lavar dos cestos da vindima

O lavar dos cestos da vindima

O lavar dos cestos da vindima

Margaride muda de pároco



Rezou, hoje, a última missa dominical enquanto sacerdote no activo o pároco de Margaride, da cidade Felgueiras, Rodrigo da Costa Ferreira, de 69 anos, que resigna por motivos de saúde. O padre Rodrigo, que é natural do concelho, serviu a referida paróquia, freguesia sede do concelho e com cerca de dez mil habitantes, durante os últimos 29 anos.
Não aceitou que lhe fizessem uma festa à saída, porque “não se trata de uma despedida, apenas passarei de pároco a paroquiano”, já vinha dizendo. Mesmo assim, não conseguiu esconder a emoção e as lágrimas no final da missa. Antes disso, um grupo de paroquianos, em jeito de singela homenagem, dirigiu-lhe uma bonita mensagem de reconhecimento e ofereceu-lhe, como lembrança, um quadro.No próximo domingo, a paróquia vai receber, com uma grande festa, o novo pároco, Benjamim Monteiro. Do programa, consta, a partir das 16 horas, a participação de uma banda de música, da fanfarra dos bombeiros, de um rancho folclórico e uma procissão, entre mais variedades.

(Fotos - DIREITOS RESERVADOS)

sábado, outubro 15, 2005

Fátima Felgueiras procura consenso com o PS

Fátima Felgueiras, que nas eleições do passado dia 9 obteve a terceira maioria absoluta consecutiva para a Câmara Municipal de Felgueiras, está a tentar obter um consenso com o PS com vista a ultrapassar um outro obstáculo.
É que, na Assembleia Municipal (AM), por não ter concorrido às juntas de freguesia, o movimento “Sempre Presente” não tem a maioria absoluta: aos 15 deputados eleitos pelo movimento, juntam-se 12 do PSD e seis do PS, mas se a estes se acrescer os presidentes de Junta com assento na AM por inerência do cargo, a distribuição fica da seguinte forma: PSD, 31 deputados municipais; PS 18; “Sempre Presente”, 15.
É neste contexto que o movimento de Fátima Felgueiras precisa dos votos do PS para garantir a maioria política na Assembleia Municipal, estando, por isso, a estudar a possibilidade de apoiar um socialista para a eleição (secreta) do presidente do hemiciclo.
De recordar que, na votação para a Câmara Municipal, o movimento de Fátima Felgueiras obteve, com 47,6 % dos votos, quatro mandatos, contra dois do PSD e um do PS.

(JN, 15 de Outubro de 2005)

quinta-feira, outubro 13, 2005

Assembleia Municipal mais pobre

Nas eleições autárquicas de domingo passado, CDU, CDS/PP e BE não conseguiram, cada um, eleger um único deputado para a Assembleia Municipal. A CDU obteve 772 votos, o CDS 851e o BE 561.
Sem tomarmos partido por ninguém, devemos reconhecer que a CDU e o CDS vão deixar saudades, principalmente António Pinto, sociólogo e cabeça-de-lista comunista. Pinto era uma voz que se impunha e, entre as três formações políticas menos votadas, será, certamente, aquela que mais vai fazer falta ao hemiciclo.

quarta-feira, outubro 12, 2005

Ipis verbis

“A derrota eleitoral do PS é um sinal do estado a que isto chegou. Uma apagada e vil tristeza terceiro-mundista de um sítio falhado”.
António Ribeiro Ferreira (jornalista em crónica no Diário de Notícias)
A “grande coligação” será entre Sócrates e Cavaco?"
Sérgio Figueiredo (jornalista em editorial no Jornal de Negócios)

Exposição


A Biblioteca Municipal de Felgueiras vai receber, de 15 a 26 de Outubro, a exposição de pintura de Manfredo Passos, intitulada “A forma das cores”.
Manfredo Rainer de Lyra Passos, nasceu em Berlim, em 1943. Português, passou a sua adolescência em Portugal, no Brasil e em Macau, residindo actualmente em Esposende. Autodidacta, colaborou em muitos jornais e revistas no campo das artes gráficas. Foi tradutor de várias línguas, mas como actividade principal exerceu as funções de técnico/instrutor na companhia aérea nacional durante mais de 30 anos. Reformado, dedica-se à pintura, escultura, fotografia, vídeo e poesia, procurando viver novas experiências com recurso às mais variadas técnicas de expressão plástica. Para além do seu acervo particular, tem mais de cem obras espalhadas pelo mundo.

Campanha contra incêndios florestais


Decorreu, na Cooperativa Agrícola de Felgueiras, uma sessão de informação e sensibilização promovida pela Direcção-Geral de Recursos Florestais e integrada na campanha contra os fogos florestais, designada por “Entre a Cinza e o Verde, Você Decide… “
A referida direcção-geral, em articulação com as suas entidades desconcentradas – como, por exemplo, a Federação de Florestas, Confagri, Cenaflorestas, Gabinete Municipal, Junta de Freguesia de Margaride –, dissertaram sobre as consequências dos efeitos dos fogos florestais, seus efeitos na economia, bem como as suas consequências e respectivos impactos ambientais.
O auditório da Cooperativa estava repleto, com a presença de associados e sócios da secção florestal da cooperativa, que, através de questões técnicas, demonstraram toda a sua preocupação por este flagelo.
Os Bombeiros Voluntários de Felgueiras e os da Lixa fizeram-se representar pelos seus comandos, contando ainda com a presença, na mesa de honra, da Ader-Sousa, associação sempre presente ligada às iniciativas LEADER.
O concelho de Felgueiras e as suas diversas freguesias têm sido alvos do flagelo dos fogos provocados, que já destruíram as suas pequenas manchas florestais, com consequências imprevisíveis na fauna e na flora.

Editorial


O Diário de Felgueiras sempre pugnou em relação a Inácio Lemos e aos restantes membros da Concelhia do PS/Felgueiras por uma relação de estima e cordialidade, mas tal não nos inibirá de tecer um breve comentário ao teor do post que hoje (dia 11) colocou no seu blog, A Rosa. http://a-rosa.blogspot.com/
Na nossa opinião, o diferendo entre Inácio Lemos e José Campos terminou na noite das eleições, cujos resultados ditaram uma retumbante derrota do PS nas urnas. Portanto, já se mostra extemporâneo e fora de qualquer sentido o comentário público que fez em jeito de balanço sobre os resultados do acto eleitoral de domingo, atribuindo culpas àquele e aqueloutro e até à sua própria pessoa. Cabe, isso sim, ao PS e ao PSD, nomeadamente ao primeiro, reflectirem internamente sobre o fracasso eleitoral de cada um e fazerem a inevitável “caminhada no deserto”.
No que respeita ao PS/Felgueiras, o caso é mais dramático: vamos ver se surge uma nova tendência, renovadora e refundadora do partido que foi poder durante três décadas no município, ou se a Concelhia, a médio prazo, vai ser conquistada pelos socialistas que deram alma ao movimento Sempre Presente.
O desenrolar dos acontecimentos na Distrital do PS/Porto, no rescaldo dos maus resultados eleitorais do PS no Porto e no Distrito, influenciarão, certamente, a evolução política no PS/Felgueiras.

terça-feira, outubro 11, 2005

Luta de classes

O engraçado aconteceu no dia das eleições, nas imediações da Escola Profissional, quando, antes das 8 horas, delegados dos partidos e membros das mesas se dirigiam para as secções de voto da cidade. Um elemento da candidatura do PSD à Junta de Margaride, ao volante da sua “carripana” velha, quando se preparava para estacionar, tirou a cabeça do veículo e gritou para um membro da lista do Bloco de Esquerda à mesma Junta, que se preparava para estacionar o seu Mercedes: “Ó bloquista, tire daí o raio do cocheiro do Mercedes!”.
Pronto, foi o suficiente para estalar no ar uma acesa discussão política.

Resultados eleitorais

AUTÁRQUICAS 2005


Resultado eleitoral por freguesias para a Câmara Municipal:
http://www.cm-felgueiras.pt/pdf/CamaraMunicipal.pdf

Resultado eleitoral por freguesias para a Assembleia Municipal:
http://www.cm-felgueiras.pt/pdf/AssembleiaMunicipal.pdf

Resultados eleitorais para as Assembleias de Freguesia:
http://www.cm-felgueiras.pt/pdf/AssembleiaFreguesias.pdf

segunda-feira, outubro 10, 2005

PJ deteve três suspeitos de abuso sexual

O Departamento de Investigação Criminal da Polícia Judiciária (PJ) de Braga identificou e deteve, na sexta-feira, em Felgueiras, três indivíduos, homens (de 17, 21 e 27 anos de idade), suspeitos da prática do crime de abuso sexual sobre uma menor, uma adolescente, que, à data dos supostos factos (em 2004), tinha apenas 13 anos.
Os detidos foram, no mesmo dia, presentes ao Tribunal de Instrução Criminal de Felgueiras, que aplicou como medidas de coação a apresentação obrigatória e semanal dos suspeitos no posto da GNR local.Concretamente, os três indivíduos, várias vezes, terão mantido relações sexuais com a menor. O Código do Processo Penal prevê que, mesmo que de livre vontade, tratando-se de menores, configura o crime de abuso sexual.

domingo, outubro 09, 2005

Insisto não ser tristeza (II)

A pedido de David Queirós (do PS ou do movimento Sempre Presente) retiramos a fotomontagem que serviu de ilustração ao poema de Zeca Afonso "Insisto não ser tristeza", que ontem incluímos neste blog.
Essa fotomontagem foi elaborada a partir de uma foto em que o "retratado" se encontra a olhar, muito pensativo, para uma mesa. Como tal, entendemos que essa ilustração se enquadra plenamente dentro do espírito do texto do poeta. De resto, não tivemos qualquer intenção de denegrir a pessoa de David Queirós nem de dar um sinal político depreciativo.

Parabéns

O DIÁRIO DE FELGUEIRAS, em nome dos princípios democráticos e do Poder Local, dirige a Fátima Felgueiras os sinceros parabéns e cumprimentos pela vitória alcançada na eleição para a Câmara Municipal.
Do mesmo modo, o DF dirige também a todos os outros eleitos (para a Câmara Municipal, Assembleia Municipal e Assembleias de Freguesia) saudações democráticas pela participação no acto eleitoral.

PSD denuncia campanha eleitoral no dia da reflexão

Comunicação à Imprensa

Exmos. Senhores

Tendo a candidatura do PSD Felgueiras tomado conhecimento da realização de um jantar alargado por parte da candidatura “Sempre Presente” para o dia de hoje (sábado, dia 8), às 21:00 horas, na casa do Sobrado em Pombeiro – Felgueiras, emite o seguinte comunicado:
- Depois da colocação da sua Sede de Campanha em pleno Jardim Municipal sem a prévia autorização da Câmara;
- Depois do acompanhamento durante vários dias do Sr. Comandante da Policia Municipal à candidata do referido “movimento” Independente.
A Sra. Candidata Independente prolonga a seu belo prazer a Campanha Eleitoral pelo menos por mais 24 horas, num total desrespeito pela Lei Eleitoral.
Lamentamos mais uma vez que Fátima Felgueiras não respeite as Leis em Portugal.
O PSD reserva o direito de apresentação de queixa à Comissão Nacional de Eleições

O Presidente da Comissão Política do PSD Felgueiras
Dr. Francisco Cunha

sábado, outubro 08, 2005

Sei que estás em festa, pá


Tanto Mar
Chico Buarque 1975 (primeira versão)*

Sei que estás em festa, pá
Fico contente
E enquanto estou ausente
Guarda um cravo para mim

Eu queria estar na festa, pá
Com a tua gente
E colher pessoalmente
Uma flor do teu jardim

Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei também quanto é preciso, pá
Navegar, navegar

Lá faz primavera, pá
Cá estou doente
Manda urgentemente
Algum cheirinho de alecrim

* Letra original, vetada pela censura; gravação editada apenas em Portugal, em 1975.

Tanto Mar - 1978 (segunda versão)

Foi bonita a festa, pá
Fiquei contente
E inda guardo, renitente
Um velho cravo para mim


Já murcharam tua festa, pá
Mas certamente
Esqueceram uma semente
Nalgum canto do jardim

Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei também quanto é preciso, pá
Navegar, navegar

Canta a primavera, pá
Cá estou carente
Manda novamente
Algum cheirinho de alecrim.

Sei que estás em festa, pá (II)


Devemos viver estes dois dias, entre hoje e amanhã, em festa e alegria democrática, independentemente de quem venha a vencer as eleições.

Insisto não ser tristeza

Insisto não ser tristeza
Soluçar sobre uma mesa

E mais não ser deste mundo
Meter navios no fundo

Num caminho de esqueletos
Sempre se plantam gravetos

E se a velhice for tua
Senta-a no meio da rua

JOSÉ AFONSO

Sei que estás em festa, pá (XX)

Sei que estás em festa, pá (XIX)

Sei que estás em festa, pá (XVIII)

Sei que estás em festa, pá (XVII)

Sei que estás em festa, pá (XVI)

Sei que estás em festa, pá (XV)


Sei que estás em festa, pá (XIV)



Mudam-se os tempos


Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem (se algum houve...) as saudades.

O tempo cobra o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.·
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.
(Soneto de Luís Camões na voz de José Mário Branco)

Sei que estás em festa, pá (XIII)



Sei que estás em festa. pá (XII)

Observação de José Lira

Gostava de saber se o Mercedes na foto em cima da passadeira em frente à sededo PSD também não merece: "Impunidade Campeia IV"...

José Lira, Felgueiras

Fátima, Nobel da Medicina

Fátima Felgueiras, no comício de encerramento da campanha eleitoral, disse, a dado passo: "Não me conformo com tanta gente a morrer de cancro".
Bonito. Gostei. Até parece que está a candidatar-se ao Prémio Nobel da Medicina.

Sara Isabel (26 anos), Idães

Sei que estás em festa, pá (XI)

Sei que estás em festa, pá (X)

Sei que estás em festa, pá (IX)

Sei que estás em festa, pá (VIII)