domingo, outubro 15, 2006

Carlos Zeferino contra-responde a Inácio Lemos a propósito da entrevista ao DF

Foto Expresso de Felgueiras
Carlos Zeferino, militante do PS, contactou, na passada sexta-feira, o Diário de Felgueiras para informar o seu editor, JCP, de que só naquele dia teve conhecimento do Direito de resposta (clique no link) de Inácio Lemos, publicado neste blogue no passado dia 4, em relação a afirmações do presidente da Junta de Lagares na Grande Entrevista (clique no link), do dia 2, e, como tal, hoje iria entregar uma contra-resposta, dado sentir-se, também, visado. O texto acaba de ser entregue...

O Diário de Felgueiras decidiu publicar a contra-resposta. Cabe ao editor do DF pautar-se pela sua habitual imparcialidade e independência, mas também pelos teores dos artigos enviados. Sendo amigo pessoal de Carlos Zeferino e de Inácio Lemos, resta-lhe aconselhar ponderação.

O DF, antes de ler este texto, no acto da sua recepção, informou o seu autor de que a polémica iria ficar por aqui, encerrada, hoje, com a publicação da contra-resposta. Porém, depois de o lermos, tendo em consideração ao conjunto de adjectivos e considerandos feitos por Carlos Zeferino, compete-nos dar a Inácio Lemos o seu direito de resposta, se o próprio assim o entender, apesar de este se ter socorrido, igualmente, de adjectivos, que foram em menor número e não tão ásperos. Não estamos a condenar o texto de Carlos Zeferino (compete ao leitor julgar esta polémica, para formar a sua opinião sobre o assunto), mas pensámos que iria fazer a sua defesa noutros moldes...
Tornamos público a missiva porque estamos perante dois cidadãos militantes do mesmo partido. Se fossem de formações partidárias opostas, com certeza, teríamos cortado ao texto de Inácio Lemos e de Carlos Zeferino, principalmente, os adjectivos. No fundo, polémicas desta natureza ilustram o ambiente apaixonado da política felgueirense. No entanto, o DF, num futuro breve, adoptará um livro de estilo em relação aos textos publicados pelos nossos leitores.
O editor, José Carlos Pereira
“Sem que o discurso eu pedisse,

Ele falou; e eu escutei.

Gostei do que ele não disse;

Do que disse não gostei.”


In “Este livro que vos deixo”…

(De António Aleixo)~


Caro Inácio Lemos:

Não é a primeira vez que tenho de me socorrer de uma das famosas quadras de António Aleixo, para responder aos ataques de certos Doutores arrogantes e malcriados, a quem, por estranho que pareça, a minha pessoa humilde e “ignorante” causa algum incomodo. Mas é a vida!...

Tenho pouca cultura, alguma coisita que aprendi, para além do ensino básico. Teve de ser feito a trabalhar no duro de dia e estudar à noite, isto após ter regressado da tropa, carregando às costas o peso de dois longos anos numa guerra colonial tão dolorosa como injusta. Sendo assim, não me ficará mal invocar aqui esta famosa quadra do Aleixo, que ele teria supostamente dedicado a um político foleiro, ou a algum escriva vaidoso do seu tempo, que se teria metido onde não era chamado. Isto vem a propósito da sua reacção à entrevista por mim concedida ao Diário de Felgueiras, à qual tenho de responder porque todo o seu texto é um manancial de insultos, mentiras, intrigas e mediocridades, numa fuga desenfreada para a frente, tentando desesperadamente que as pessoas esqueçam o que deixou para trás.

Pelo que vejo parece que não gostou da entrevista. Ainda bem! É sinal que ela tinha alguma qualidade, se assim não fosse não teria necessidade de vir a terreiro (sem ser nada consigo) comentá-la e criticá-la de uma forma tão distorcida.

Também folgo muito, por, ultimamente, me ter elegido uma personagem mediática, muito importante no seu blogue, ao qual acho imensa graça, com opiniões delirantes. Pavoneia-se, traçando perfis falseados da personalidade das pessoas que odeia e que traz atravessadas na garganta, imaginando que as outras pessoas são todas iguais a si. Mas olhe que não!... Olhe que não!...

Também ao ler o seu texto fico com sérias dúvidas da sua capacidade de leitura. A certa altura diz "como o próprio afirma a atitude de renunciar à bancada parlamentar do PS foi perpetrada, concertada entre um grupo de convivas”. Onde leu isso? Na minha entrevista? Ou é mentiroso ou não sabe ler. Mais adiante diz “Segundo palavras de Zeferino, quem está no poder em Felgueiras mente”. Onde leu isso? Continua a ser mentiroso!!! Também mente descaradamente quando diz que eu teria participado e votado a favor, numa reunião onde foi decidido pedir à Comissão de Jurisdição do PS processos disciplinares, visando a expulsão, de entre outros, do militante Dr. Orlando de Sousa. Se essa reunião se realizou, eu não fui convocado para ela, aliás, você gostava muito de tomar essas decisões em reuniões somente com o Secretariado, que era um núcleo que dominava a seu belo prazer. Ou então, fê-lo naquelas reuniões fantasmas da Comissão Política onde só convocava os membros que lhe eram afectos.

Também acho que vive atormentado com o despeito que o invade. Às tantas, parafraseando Vítor Baía, também pensa em mim todo o dia e sonha comigo durante a noite. O ciúme enraivecido de que o Movimento Sempre Presente me esteja a fazer a corte é latente em todo o seu discurso, já que é voz corrente na opinião pública que você teria tentado o namoro por todas as formas e feitios, só que, segundo essa mesma opinião pública, terá levado um pontapé de tal forma violento que só saiu pela bandeirola de canto, mas….da baliza oposta!...

Depois, quase a terminar tem esta preciosidade, só ao alcance de mentes sobredotadas que num relâmpago fulminante de iluminação divina exclama “Engana-se Zeferino quando diz que foi a Comissão Política que pediu a sua expulsão. Foi Zeferino que pediu, foi ele que a requereu. Só fala assim quem desconhece os estatutos do Partido Socialista. A atitude que tomou, por si só, é suficiente para despoletar o processo de expulsão”.

Confesso que não conheço na totalidade os estatutos do Partido, trabalho muito na minha actividade profissional e o tempo que dedico à minha Junta de Freguesia não me deixa tempo disponível a essa consulta pormenorizada. Mas você, pelo que vejo, conhece-os tim tim por tim tim. Diga-me então: será que eles dizem que um militante pode fazer trinta por uma linha para ver se consegue ser candidato a presidente de Câmara? (mesmo sem ter o mínimo de perfil de capacidades morais, intelectuais para exercer o cargo). Que gorada essa hipótese a contra gosto, mas com unhas e dentes se agarra à alternativa de ser, pelo menos, vereador como quem aspira à sorte grande e, depois, se contenta com a terminação! Mas quando nota que o candidato à Câmara não é tolo e também o chuta para a bandeirola de canto da baliza oposta!...Enfim, quando vê que não tem tacho abandona o comboio já perto do fim da viagem e faz tudo o possível e imaginário para que a candidatura do partido às eleições autárquicas seja inviabilizada recorrendo por fim, já em desespero de causa ao Tribunal com providências cautelares contribuindo com essa atitude gravíssima para a derrota mais humilhante que o PS jamais teve em Felgueiras. Será que com esta atitude não requereu a sua expulsão?

Pelo que vejo e se calhar pelo que fez merece que o PS lhe erija uma estátua no coração do jardim à frente da Câmara Municipal.

Mas o que parece que o indignou mesmo, na minha entrevista, foi aquela frase que pelos vistos ameaça tornar-se famosa, como a frase do séc. XXI e séria candidata ao Nobel da Literatura”Quando se realizou o acto eleitoral e face às duas candidaturas perfiladas aos militantes socialistas surgiu este dilema, em quem votar? Venha o Diabo e escolha…E o Diabo escolheu!...”

Sinceramente não vejo motivos para se sentir ofendido, você não foi o escolhido!... Veja como a vida esta difícil… Já nem o Diabo o quer! Ou melhor até o diabo lhe tem medo…

Caro Inácio, há quem lhe chame doutor, a mim chamam-me sardinheiro, que é uma expressão popular da actividade profissional que exerço, que como sabe é de comerciante de peixe e de mariscos… (lembra-se?).

Há quem utilize essa expressão de forma depreciativa como arma de arremesso, mas eu não me importo. Confesso que até gosto por uma razão muito simples, sempre pensei que não é a profissão que faz o homem, mas precisamente o contrário, o homem é que faz a profissão. Eu acho que há sardinheiros que são grandes doutores, assim como acho que há doutores que são grandes sardinheiros. Tudo depende da dignidade que cada um se comportar.

Na sua análise à minha entrevista, você, doutor pareceu-lhe que eu, sardinheiro, tive um discurso gelatinoso e contraditório, sou um diabo, sou um hipócrita, sou mentiroso. Enfim!... Lá tenho eu que recorrer novamente ao grande António Aleixo, um poeta popular Algarvio que morreu dois anos depois de eu ter nascido, extremamente pobre e inculto (guardava rebanhos e vendia lotarias e, segundo o próprio confessou, era pouco mais que analfabeto), admiro-o porque o acho muito parecido comigo, também eu gosto da poesia popular, também tenho uma actividade profissional bem modesta e também sou pouco mais que analfabeto a roçar a “ignorância”. Mas que hei-de fazer? Tenho que lho citar e dedicar-lhe a si, mais esta famosa quadra que ele certamente dedicou aos doutores do seu tempo, àqueles doutores bem apresentados e bem falantes de colarinho branco que gostavam, na sua suprema vaidade, de espezinhar os mais pobres e desprotegidos.


“Sei que pareço um ladrão…

Mas há muitos que eu conheço

Que, sem parecer o que são,

São aquilo que eu pareço.”


Pelos vistos parece que tenho muitos defeitos, mas há um que não tenho, nem parece: “não devo nada a ninguém” (você sabe do que estou a falar). Gostava muito de não ter que ir além disto, mas, mesmo sabendo que o diabo lhe tem medo, eu não tenho. Quando sentir “desejo” de se “meter” comigo, faça-o. Só o aviso de uma coisa: eu só sei jogar no contra-ataque; porque sou incapaz de atacar alguém. Mas no contra – ataque, normalmente sou venenoso e mortífero. Por agora basta, não é porque você mereça, mas ainda sinto um pouco de piedade de si.