sexta-feira, outubro 29, 2010

Um poema/canção muito actual: FMI, de José Mário Branco

A História não se repete, mas é cíclica.
Portugal está sob a ameaça da iminente vinda do FMI, tal como há 30 anos.
O “bloco central de interesses” – a maioria parlamentar que se reveza no poder na condução do Estado – deixou (e ainda está a deixar!) a saque as finanças do país, sempre com a mesma desculpa: a crise, a crise mundial e não a enraizada corrupção no aparelho de Estado, os privilégios da classe política e demais factos e situações que os portugueses nem imaginam.
Parece que foi ontem, mas já lá vão 28 anos… José Mário Branco trouxe a público FMI, um longo monólogo gravado no Teatro Aberto, no Porto, em 1982, no qual o cantor, acompanhado por guitarra acústica e flauta, recita e canta um texto que compôs “de rajada” numa noite de Fevereiro de 1979.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) foi o pretexto para José Mário Branco traçar um retrato social de Portugal no pós-revolução, um “retrato poético e satírico de um Portugal às voltas com a responsabilidade de ser livre”, refere Rui Miguel Abreu na nota de apresentação do espectáculo.
Por isso, vale a pena tornar a ouvi-lo… O poema, que está repartido nos dois vídeos abaixo colocados, é longo mas belo. E muito actual. Um poema em que não faltam raios e coriscos, palavrões, gritos, choros, suspiros e risos, desespero, revolta e ternura. A segunda parte do segundo vídeo é de uma bela ternura!... Zé Mário pede à mãe para “desnacer”. Sim a mãe, uma antiga professora do Porto, que, nos dias a seguir à revolução de Abril, vai esperar o filho ao aeroporto, vindo do exílio, de Paris. Uma fotografia imortalizou esse momento, do mais puro romantismo.

FMI - 1.ª parte
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FMI - 2.ª parte