quarta-feira, junho 24, 2009

Convite - Centenário de Vasco de Carvalho

Caro José Carlos Pereira:
Aqui lhe envio um convite, e um pedido de divulgação, para uma iniciativa que creio muito justa.
Saudações Cordiais
Luís Carvalho
Nota do editor do DF:
O DIÁRIO DE FELGUEIRAS agradece o convite formulado e está solidário com esta homenagem, que considera verdadeiramente justa.
Vasco Carvalho, que o temos como um grande senhor e de causas sinceras, tem sido, infelizmente, ignorado por aqueles que têm a responsabilidade de escrever a memória do Portugal do século XX, mormente o do longo período de resistência ao Estado Novo. Antigo líder do PCP, mesmo depois de morto, está a pagar a factura de ter sido um marxista convicto, que muito desagradava os poderes do antigo regime, mas também por ter sido comunista anti-estalinista. Foi expulso do PCP, em 1940, por suspeitas de "traição", "provocação" e "por ser um infiltrado da PIDE", e só foi reabilitado em 1997... 57 anos depois!
Vasco Carvalho
morreu em 2006
com 97 anos
No dia em que completaria 100 anos de idade, Vasco de Carvalho será homenageado num colóquio com São José Almeida (jornalista), José Hipólito dos Santos, Eugénio Mota e Isabel Rebelo (antigos companheiros de Vasco de Carvalho) e Luís Carvalho (investigador e organizador).

Quinta-feira, 25 de Junho de 2009, pelas 18,30 horas.

Biblioteca Museu República e Resistência (Espaço Cidade Universitária)

Natural de Alcântara, Lisboa, filho e neto de revolucionários republicanos, Vasco de Carvalho foi obrigado a passar à clandestinidade em 1934, por ter denunciado o assassinato pela polícia do operário Manuel Vieira Tomé, da Marinha Grande.

Assumiu a liderança da Secção Portuguesa do Socorro Vermelho Internacional, entre 1936 e 1939, e depois do Partido Comunista Português, entre 1940 e 1942, até ser capturado pela PIDE. Esteve preso no Aljube, em Caxias e em Peniche.

Continuando a lutar contra a ditadura, apoiou as candidaturas de Norton de Matos e Humberto Delgado, esteve na direcção do Boletim Cooperativista, fundado por António Sérgio, e foi presidente do Ateneu Cooperativo/Fraternidade Operária de Lisboa, que seria encerrado pela PIDE em 1972.

Foi um dos autores do livro dirigido por António Sérgio, "O Cooperativismo: Objectivos e Modalidades".

Depois do 25 de Abril de 1974 foi presidente da Associação dos Inquilinos Lisbonenses.

Vasco de Carvalho destacou-se igualmente a nível profissional, como engenheiro electrotécnico. Participou na criação do Instituto de Soldadura e Qualidade, foi dirigente da Associação Portuguesa de Manutenção Industrial e docente na Universidade Nova de Lisboa.

Quando estava preso em Peniche, Vasco de Carvalho foi expulso do PCP, sob a falsa acusação de ser um provocador ao serviço da PIDE. Esta calúnia perseguiu-o o resto da vida e só muito tardiamente foi reconhecida como erro grave.

Vasco de Carvalho faleceu aos 97 anos de idade fiel às suas convicções, assumindo-se até ao fim como um marxista-leninista anti-estalinista.

Link relacionado, no DF: "Vasco Carvalho - morte de um grande senhor" (24 de Agosto de 2006) - Clique aqui