quinta-feira, novembro 23, 2006

SP: Prémio Enver Hoxha – a solidão não nos mata!

Prosa livre

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À 2.ª classificada atribuímos o “PRÉMIO ENVER HOXHA – A SOLIDÃO NÃO NOS MATA!”


Fátima Felgueiras não é a líder do SP mas o próprio SP. Como tal, é a querida líder do movimento independente, que, segundo vozes por aí espalhadas na praça, pretende legalizar-se como partido, o que não deixa de ser um objectivo difícil de alcançar, já que a lei eleitoral não permite partidos locais e os que se encontram legalizados têm que concorrer a um número mínimo de círculos eleitorais.


Poder-se-á dizer que este facto – de o SP ser um movimento e não um partido político – é o “calcanhar de Aquiles” de Fátima Felgueiras, porque um movimento sem militantes e sem estatutos dificilmente demonstra autoridade disciplinar; porque quem discorda pode provocar mossa. É certo que, neste momento, não é o caso, mas não nos venham a nós dizer que a meio dos mandatos as lideranças das formações políticas no poder não começam a ser questionadas (neste caso, não a liderança do SP mas a política da presidente da Câmara), quer por parte do eleitorado, quer entre as cúpulas do movimento, o que pode ser especificamente o caso. E, na impossibilidade de traçar um estatuto disciplinar no movimento, Fátima Felgueiras, inteligentemente ou não, promove sucessivos mega-convívios entre os seus apoiantes - e até com o próprio eleitorado! -, encontros recheados de “comes e bebes” e muita animação, numa altura em que a saúde financeira das pessoas e dos grupos sociais está mais fragilizada. Contem-se quantos convívios já se fizeram num ano! De facto, a eleição do SP para a Câmara Municipal, há um ano, remeteu o concelho para um isolamento institucional, nomeadamente em relação ao Governo. Ninguém do exterior assume publicamente relacionamento com Felgueiras, apesar de nos bastidores não ser tanto assim.

A Feira do Maio, as Festas de S. Pedro, a criação da Confraria do Vinho Verde, entre outros eventos populares, são iniciativas agarradas pela presidente da Câmara para marcar a sua presença no coração das massas. Num ano, quantas iniciativas culturais, por exemplo, a autarquia realizou na Biblioteca Municipal? Estas não servem os objectivos imediatos de Fátima Felgueiras. Esta cometeu ainda a proeza de conquistar o coração da Igreja, a nível da Diocese e das paróquias do concelho, mesmo quando a autarca reivindica parte do património religioso. As excursões a Fátima, com direito a distribuição de panfletos com a imagem da presidente da Câmara, são anunciadas nas missas. O manto do divino é um bom abrigo eleitoral, sem dúvida. Enquanto Enver Hoxha decretou a Albânia como o primeiro e o único país ateu do mundo, Fátima Felgueiras "decretou" a nossa terra como "concelho oficialmente católico". No entanto, entre os dois líderes há uma semelhança: puseram os respectivos territórios administrativos isolados do mundo.

"Ninguém do exterior assume publicamente

relacionamento com Felgueiras,

apesar de nos bastidores não ser tanto assim"


Toda esta atitude de promoção da imagem da líder do SP surge porque antevê grandes dificuldades para a sua imagem política; o ano de 2007 vai ser bastante desgastante devido à sua situação judicial. Ao mesmo tempo, tem à coca Horácio Reis, o fundador discreto do SP, que neste momento tem tido uma atitude de colaboração e até de grande voluntarismo com a presidente, mas quem o conhece sabe muito bem qual a sua ambição... Se assim não fosse, Fátima Felgueiras teria-o escolhido para seu vice-presidente, apesar de a vice-presidência estar muito bem entregue a João Garção, que é uma figura superior entre muitos do movimento independente.


Fátima cometeu o erro crasso de desvalorizar a eleição, em Março, da Concelhia do PS/Felgueiras. Aqui não demonstrou capacidade para impor a “sua” lista e, por outro lado, igualou politicamente Inácio Lemos a Eduardo Bragança. Pensava que, viesse quem viesse a ganhar a disputa, depois controlaria o assunto. E este erro político poder-lhe-á ficar muito caro, a médio prazo. Aliás, os problemas já surgiram. Outro erro da autarca é continuar a não saber lidar com aqueles que dão publicamente uma opinião diferente da sua.