Estalou uma nova polémica em torno do alegado aproveitamento político da religião por parte de Fátima Felgueiras, depois da peregrinação à Cova da Iria, em Fevereiro, organizada pelo seu movimento político, que arrastou milhares de felgueirenses para agradecerem à Virgem a vitória nas autárquicas.
No sábado, no passeio anual de cerca de 3500 idosos a Fátima promovido pela Câmara, a autarca e os seus apoiantes distribuíram pelos peregrinos um panfleto municipal, de boa qualidade e a cores, no qual surgem, no cabeçalho, a fotografia de Fátima Felgueiras ao lado da imagem de Nossa Senhora com os pastorinhos. Inclui, ainda, uma mensagem, com a assinatura gráfica da autarca e o "site" municipal, que termina com uma citação de S. Paulo "Não durmamos como os outros, mas permaneçamos vigilantes e sóbrios". O caso está a chocar os meios políticos. Agostinho Branquinho, líder da Distrital do PSD/Porto, é peremptório: "Misturar a fé dos crentes com acções de propaganda é condenável. Felgueiras tem sido um constante exemplo de aproveitamento pelo poder da religião e do desporto".
O líder do PS local, Eduardo Bragança, é igualmente crítico "A Igreja tem sido passiva e nunca condenou esta reiterada conduta da autarca. Sendo político, jamais me sentiria bem a fazer leituras nas missas, como faz a autarca." João Semedo, deputado do BE na AR, considera: "Vindo de Fátima Felgueiras, isso não me surpreende. Estamos perante a instrumentalização da câmara para promoção pessoal, estando, também, em causa o princípio constitucional da laicidade do Estado e a isenção deste no que toca às religiões".
Questionada a diocese do Porto pelo JN, Américo Aguiar disse que "D. Armindo não se pronuncia sobre actos das autarquias". Fátima Felgueiras também preferiu o silêncio.