Padres e políticos contra Fátima
"É parolice pegada agradecer a Deus uma vitória eleitoral", considera o padre Nuno Antunes, da primeira vigaria de Felgueiras, a propósito da peregrinação a Fátima promovida pelo movimento "Sempre Presente" para agradecer a vitória eleitoral nas autárquicas.
O JN contactou telefonicamente vários padres do concelho e alguns políticos locais e a polémica mantém-se.
"É uma posição incómoda para a Igreja, a quem não podem ser imputadas responsabilidades. Só peço que as pessoas não fiquem com a ideia de que nós, padres, estamos envolvidos em política. É um mau princípio unir o fenómeno político ao religioso. Ir a Fátima em massa agradecer uma vitória eleitoral é parolice pegada", conclui Nuno Antunes.
Por seu turno, António Coelho, padre de Penacova, considera que "as pessoas podem agradecer pessoalmente o bem que lhes acontece, mas não é correcto que seja desta maneira". "Concordo que é uma situação susceptível de usurpar o ideal religioso", afirmou.
Manuel Barbosa, padre de Lagares, refere "Não condeno, mas não aprovo. O papel religioso não deve ser confundido com o papel político". Fonseca Soares, padre vicentino, vai mais longe: "As pessoas são livres de a organizar e a Igreja não as pode impedir, mas é perigoso. O facto de a autarca se chamar Fátima pode dar lugar a um certo endeusamento".
Entre os políticos, Inácio Lemos, líder do PS local, considera a iniciativa "ofensiva para os católicos ao ser organizada por um movimento político". Francisco Cunha, do PSD, diz que o caso será discutido em reunião da Concelhia e Madalena Silva, do CDS-PP, confessa estar "chocada". "É uma aberração e populismo", acentuou.
Pelo BE, Santos Pinho é peremptório "Ir a Fátima é um assunto íntimo da fé que não deve estar associada à actividade de um movimento político".