quarta-feira, março 21, 2012

Um texto de Amélia Vieira no Dia Mundial da Poesia

Amélia Vieira
poeta
 

Cinzas são as tardes que ardem. Estas trevas revestidas de sentidos e os murmúrios das rosas que não nascem. Um Holocausto imenso chegará maduro de ideias, em vésperas de um tempo mais festivo, um toque….e todos procuraram abrigo.
Não sei se estavam escondidas as seivas destas marés em contracção. Vejo dispersos sinais que se abrigam nas vias dos dias e que se vão. Como silhuetas ao redor dos móveis, e sabres de escribas nas mãos de alguns, todos ditam agora, sem saberem, destinos nenhuns.
É rápido. A natureza não é cruel. Não faz as coisas parecerem que são. A natureza é, e erra. Mas é total, Erra? Não erra…..Tece a sua conclusão.
Nem dá por isso.
A Terra precisa descansar.
Nós, mais não fomos que coisas reproduzidas aos milhares, vírus sem cura, brilho que dura, alguma divindade, algum secreto amor…mas, nada seremos na lembrança…
Pois não dura o homem mais que uma estação.
E continuamos, dando, secretamente as mãos.

Dezembro de 2011