Escritor e jornalista, Helena Marques publicou, no Verão A publicação literária em pleno Verão poderá não ser a melhor estratégia editorial.
Helena Marques, escritora e jornalista (chegou a ser directora-adjunta do Diário de Notícias), nascida em Lisboa mas com raízes familiares na Madeira, publicou um novo romance, em Julho passado, desta vez O Bazar Alemão.
Os jornais, na altura, escreveram sobre o livro e fizeram várias entrevistas à autora; porém, parece que só agora é que está a surgir o reconhecimento por parte dos leitores ávidos de romances históricos. Os historiadores, por seu lado, sentados no seu comodismo, ainda não terão dado a devida atenção, nomeadamente sobre o facto documentado por Helena Marques de que houve, também, na Madeira, aquando da "loucura nazi", perseguição sistemática aos judeus. Aliás, a própria escritora, numa das entrevistas que lemos, chegou a lamentar o relativo desinteresse por este dado de interesse histórico.
Como é do conhecimento de todos, a Lei da Protecção do Sangue Alemão e da Honra Alemã, promulgada pelo Governo do III Reich em Setembro de 1935, desencadeou uma perseguição sistemática contra os judeus que ultrapassou as fronteiras do Reich e atingiu núcleos residentes no estrangeiro.
Na ilha da Madeira, elementos da comunidade alemã de origem hebraica, ali estabelecidos e integrados, viram-se confrontados com insistentes tentativas de discriminação exercidas por compatriotas seus, não só através de pressões e chantagens directas, mas também de cartas de denúncia anti-semita enviadas para Berlim, com imediatas repercussões na sua vida pessoal e profissional. É a memória desses cidadãos do mundo, do seu sofrimento, da sua resistência e da sua vitória final, que este livro recupera.
Portanto, estamos perante um grande livro, publicado pela D. Quixote, cujo preço até nem é caro.
JCP
Nota do Editor: Este texto foi trabalhado por nós, a partir da sinopse do livro com dados oportunos que acrescentámos.
