sábado, novembro 06, 2010

Impunidade de quem governa

João Palma
Presidente do Sindicato dos
Magistrados do Ministério Público


Se queremos uma democracia construtiva e cada vez mais construída por todos nós, temos que concordar com este homem - o magistrado João Palma -, que, ontem, publicou um pequeno mas incisivo apontamento de opinião no Correio da Manhã.
Não se pode admitir, por exemplo, que um antigo ministro tenha prometido o Salário Mínimo Nacional para os reformados por velhice e que, depois, chegado ao poder, nem sequer se tenha debruçado um minuto sobre o assunto.
Já para não falarmos da irresponsabilidade, da negligência e da corrupção...
Responsabilizar é um acto de cidadania.


Impunidade de quem governa

Sempre que se tenta responsabilizá-los, os titulares de cargos públicos respondem, invariavelmente, que é ao povo que compete avaliá-los e julgá-los através do voto, em eleições.
Perante o descalabro financeiro das contas públicas, cabe perguntar se é suficiente o ‘julgamento’ em eleições viciadas por manipulações de toda a ordem, que influenciam o voto dos eleitores. A sensação geral é de que somos todos enganados. E que os que escolhemos se servem de nós e do nosso voto para nos enganar em proveito próprio.
É urgente que a democracia se salve e fortaleça, invertendo o rumo de descrédito acentuado, e se evite o recurso a homens providenciais. São necessários novos mecanismos de responsabilização dos titulares de cargos públicos. A começar pelos membros do Governo.
Se o Primeiro-ministro e o Ministro das Finanças são pródigos nos gastos públicos, se fazem uma gestão ruinosa do país e dos impostos pagos pelos portugueses, concebe-se que continuem civil e criminalmente impunes?

Clique em: Correio da Manhã, de 05.11.2010