terça-feira, dezembro 01, 2009

Macabro

Todas as ditaduras são incivilizadas, cruéis, desumanas. À Esquerda ou à Direita, nenhuma ditadura é boa ou aceitável. A de Augusto Pinochet, no Chile, foi uma das mais cruéis da História, implantada pelo general sanguinário, em 1973, com a ajuda dos EUA e da multinacional ITT, a fim de acabarem com o Governo de Salvador Allende, democraticamente eleito e composto por socialistas e comunistas. O Povo assim escolhera o Governo, razão pela qual deveria ter sido respeitada a vontade popular.
Victor Jara, destacada figura da canção chilena, era um militante de Esquerda, que, concorde-se ou não com a sua opinião e intervenção, tinha todo o direito de o ser. Não pegara em armas para impor as suas posições. Aliás, citando José Mário Branco, também para ele, a cantiga era uma arma. E isso bastava!
Em sequência do golpe de Estado de 11 de Setembro - o outro 11 de Setembro, do qual já pouco se fala -, Victor Jara foi, durante dias, barbaramente torturado e, depois, assassinado pelas forças de Pinochet.
Há dias - trinta e seis anos após esse crime hediondo - foram revelados pormenores macabros sobre os momentos finais da vida do cantor e compositor chileno (ver no vídeo). O corpo foi exumado e autopsiado, o que permitiu concluir que, tal como sempre fora sustentado, antes de receber uma chuva de balas, Victor Jara foi brutalmente torturado.
As ditaduras não podem ser compreendidas. Mesmo assim, e tentando perceber um pouco a "lógica" do regime de Pinochet - o que é impossível -, perguntamos: que necessidade teve aquele regime fascista para cometer tamanha crueldade? Mais do que a necessidade de manter um ditador no poder, houve ódio e vingança. Contra um homem que fizera da canção uma forma de luta pelos seus ideais.
O DIÁRIO DE FELGUEIRAS tem o nome de Victor Jara na sua Galeria.