domingo, novembro 29, 2009

Artigo de opinião de Ângela Maciel

Nota do Editor do DF:

O DIÁRIO DE FELGUEIRAS (DF) passa a contar, a partir de hoje, com a colaboração periódica de Ângela Maciel com artigos de opinião, o que muito nos agrada, independentemente de o editor e de os leitores do DF concordarem, ou não, com as opiniões expressas.
Ângela Maciel, natural de Felgueiras e com residência oficial na cidade, é uma jovem promissora no campo do debate de ideias políticas e de âmbito geral. Estuda Direito em Lisboa.

Casamento homossexual
(discernindo a polémica – não obstante ao furor da novela “Face Oculta”)


“Casamento homossexual”. É só proferir estas duas simples palavras para provocar o caos na sociedade portuguesa. Caos de conceitos, caos de ideias, caos de crenças e opiniões. Já não temos caos que baste neste país?
Porque é que a mudança de um simples artigo do nosso código civil cria tantas divergências? Na minha opinião é mera descriminação. O problema não é o casamento em si, o problema não é a partilha de uma vida. Toda a questão gira em volta da palavra “homossexual” e toda a ignorância que a ofusca.
Ao contrário do que muitos pensam, a homossexualidade não é uma “moda”, existe e sempre existiu, quer na espécie humana, quer noutras. Os estudos em volta do tema são imensos mas cada vez mais se tende para uma normalização da situação. Os homossexuais não são doentes, não são aberrações, são como qualquer um de nós, seres humanos. Como tal, tem todos os direitos e deveres que nós temos.
A Constituição Portuguesa de 1976, no seu artigo 13º enuncia o princípio da igualdade: “1. Todos os cidadãos tem a mesma dignidade social e são iguais perante a lei”. Todos somos livres de amar, todos nós temos o direito de oficializar esses sentimentos no casamento. Todos temos o direito de partilhar legalmente uma vida. O amor e intenção dos homossexuais é diferente? Creio que não.
A privação da igualdade é inconstitucional e a sociedade portuguesa deve acordar para o problema. A questão nem sequer é religiosa como alguns a querem colocar pois ordem jurídica e ordem religiosa em nada se encontram. Além disso o artigo 41º da Constituição declara a liberdade de consciência, de religião e de culto.
Ao longo da história já aprendemos que o preconceito e o egoísmo nos levou à decadência. Após todas as lições que aprendemos, vamos continuar a cair nos mesmos erros?
Ai Portugal, Portugal! Acorda! Em pleno no século XXI somos uma sociedade livre, vamos fazer jus a todos aqueles que lutaram e morreram por isso! Não olhes tanto para o teu umbigo e aprende a aceitar a diferença de uma forma natural...pois o problema não está em quem faz mas sim em quem pensa.
Espero que o nosso Governo não se vergue perante o egoísmo que assombra a nossa gente e que seja digno de tomar a decisão certa na permissão do casamento homossexual. Será uma vitória para todos nós.
“Qual referendo, qual quê! A minha vida não é um jogo de cruzes”.

Ângela Maciel, 28 de Novembro de 2009