sexta-feira, outubro 02, 2009

Artigo de opinião de Marília Moreira (BE)

Marília Moreira, n.º 2, na lista do BE,
na qualidade de independente,
à Assembleia Municipal

"Felgueiras (o concelho e a autarca)

Sempre Presente... nos projectos adiados"


Posso dizer, com verdadeira modéstia, que fui eu a primeira pessoa, na fase de pré-campanha, entre todas as que concorrem às eleições autárquicas em Felgueiras, que defendi, propus, neste jornal digital, a construção do canil/gatil municipal, uma infra-estrutura de raiz que albergue os animais abandonados que abundam no concelho, num quadro degradante e que envergonha os felgueirenses.

Sou candidata, na qualidade de independente, do Bloco de Esquerda (BE), a n.º 2, à Assembleia Municipal de Felgueiras, mas, ao estar a lançar esta matéria para debate público, não o faço por razões eleitoralistas, mas pela sensibilidade e humanismo que julgo demonstrar, com humildade mas com a determinação e o inconformismo necessários para que em Felgueiras se faça política a sério.

Tal como disse em depoimento anterior, a este jornal digital, a essência cultural e civilizacional dum Povo ou dum Concelho (que é o caso que estamos a tratar) mede-se pelo que de positivo fazemos aos nossos animais, às nossas crianças, aos nossos idosos, aos nossos doentes e deficientes - que são os membros frágeis na vida da comunidade, os agentes menos “lucrativos” (às vezes, até são mais!...), que dão mais despesa ao Estado, mas que são merecedores da sua dignidade, muitos deles são exemplos vivos de coragem e testemunho para os indivíduos considerados mais “aptos” e mais “úteis”. Estou, por exemplo, a lembrar-me dos desportistas portugueses rotulados de “deficientes” que conquistam medalhas de ouro nas Olimpíadas – vantagem que não está ao alcance da maioria dos “saudáveis”.

"A Casa das Artes, que está quase
pronta, é, sem dúvida alguma, uma boa obra,
mas é daquelas obras que em Felgueiras
só se faz uma de 20 em 20 anos"

Felizmente, a Escola actual transmite esta mensagem: a de que os mais “fracos”, os mais “frágeis”, não devem ser encarados como “coitados” mas como detentores dos seus plenos direitos. Os leitores podem perguntar porque, não sendo os animais seres humanos, estou a fazer esta comparação entre os Direitos do Homem (nomeadamente os cidadãos mais frágeis) e os Direitos dos Animais? Respondo: porque, caros leitores, não é possível incrementar o equilíbrio Homem/Natureza sem uma verdadeira consciencialização integralmente humana. Ou seja, que abrange o Homem e o seu habitat. Também, é uma maneira muito pedagógica de incutir, propagar, às nossas crianças - futuros adultos no amanhã -a necessidade de se colocar em prática o humanismo, um mundo mais fraterno, mais solidário e mais justo.

Os animais, também, se sentem… Alegram-se com a nossa alegria, choram com a nossa tristeza, têm fome quando não comem, têm sede quando não bebem, têm sono quando não dormem, têm frio quando estão à chuva e ao relento, gritam quando lhes batem (às vezes até quase como por desporto). Só bate nos animais quem não tem formação humanística. Diz o povo que “os animais, fora a alma, são como a gente!”. Acreditemos ou não na alma, o certo é que o “ditote” vem da sabedoria popular, que é rica.

Fico feliz ao ver que outras formações políticas concorrente em Felgueiras (como, por exemplo, a Coligação Nova Esperança PSD/CDS-PP e o Partido Socialista), terem incluído nos respectivos programas eleitorais a construção de um canil/gatil. Da minha parte, se for eleita deputada municipal, esta será a primeira questão que levantarei no hemiciclo.

Lamento que o Movimento Sempre Presente, ao fim de mais um mandato de Fátima Felgueiras, não tenha concretizado uma remota promessa, que fez, pelo menos, a alguns dos seus correligionários só para os convencer a apoiarem a sua candidatura, há quatro anos.
Há um habitual slogan da Câmara estampado na propaganda municipal sempre que há algum evento oficial, que diz: “Felgueiras com Futuro”. Permitam-me dizer que seria melhor que tivessem escrito: “Felgueiras com Futuro… adiado”.
Felgueiras carece de muitas obras infra-estruturais, nomeadamente de base social. A “Casa das Artes”, que está quase pronta, é, sem dúvida alguma, uma boa obra, mas é daquelas obras que em Felgueiras só se faz uma de 20 em 20 anos. A passo de caracol... A última foi em 1993, nas vésperas das eleições daquele ano, com a Piscina Municipal. Fora preciso esperar muitos anos para que muitos felgueirenses viessem a entrar pela primeira vez numa piscina. Em 1993 (quase há 20 anos!), em Fafe a sua piscina municipal já existia há mais de 15 anos.
Marília Moreira