quarta-feira, setembro 30, 2009

"A pobreza num concelho de falsas aspirações de grandeza"

Senhor José Carlos,

Chamo-me José Ferreira, moro em Margaride, tenho 47 anos, estou ligado a actividades de apoio à Arquitectura e Design e venho debruçar-me sobre a situação degradante que se vive no Bairro João Paulo II, no caso concreto, sobre a situação habitacional, comparável ao Terceiro Mundo.
Sou conhecedor do extremo miserabelismo do bairro a nível da degradação das inúmeros habitações lá existentes, tal como sou conhecedor do esbanjamento de dinheiros públicos. No caso do desperdício de recursos, vejam-se os melhoramentos e acessos ao monte de Santa Quitéria que neste momento estão a ficar concluídos... Por exemplo, tiram paralelos e colocam asfalto, sabendo eu que, pouco depois desta obra ficar concluída, com certeza, é que se chegará à conclusão que é necessário abrir outra vez a via para se instalar o gás da cidade. Infelizmente, é o que tem acontecido neste concelho: mal se asfalta uma rua, pouco tempo depois, é aberta novamente. Só demonstra falta de um projecto global de planeamento para a cidade e para o concelho. Outro exemplo: os dinheiros gastos nas provas de ciclismo, que benefício trouxeram ao concelho? Ficámos mais ricos por Felgueiras ter passado em directo na TV? E logo nas traseiras da Câmara!...
Sobre a situação do bairro, que fica espelhada nas fotos que envio a esse blogue para publicação, gostaria de dizer o seguinte: não estou mandatado por nenhum partido, exponho agora a situação porque, infelizmente, é nas vésperas das eleições que o poder gosta de fazer inaugurações, mesmo antes das obras estarem concluídas. Foi pena terem-se esquecido do Bairro João PauloII...
Há dias ouvi num debate que este bairro foi o único do país que não foi revitalizado, o que é de lamentar, numa terra com tanta indústria e vaidade social. Fazem-se obras para "inglês ver", mas não se vai à base da realidade social, nomeadamente da pobreza.
Sei, conforme foi dito nesse debate, que a questão das obras no bairro será mais da responsabilidade do poder central. Isso é verdade! No entanto, gostaria de perguntar aos responsáveis locais da política, nomeadamente a quem tem o poder na Câmara Municipal, se tem feito ou não diligências junto do poder central para que imagens como estas não fossem possíveis existir. É este o poder negocial da actual presidente da Câmara junto do Governo?
Podem dizer que o estado das instalações do bairro pode ser fruto da má manutenção de quem lá habita, mas não é verdade. Mesmo que o fosse, pergunto qual foi o apoio que a Câmara Municipal e o Governo deram às actividades de animação sócio-cultural, desportivas, de associativismo, de formação profissional... Que apoio têm dado à Associação lá instalada, que é frequentada por crianças intra e exta bairro?
Em conclusão: a pobreza e a relativa insegurança devem-se ao esquecimento do poder em relação aos problemas sociais. Se o Governo e a Câmara estivessem mais atentos, não seria possível este quadro terceiro-mundista, a contrastar com as aspirações de falsa grandeza da política local.
Imagens como estas existem num concelho onde a presidente da Câmara há muito que sonhava com uma Piscina Olímpica...
Com os melhores cumprimentos.
José Ferreira