segunda-feira, setembro 21, 2009

Opinião de um leitor: "Os debates venha tomar café connosco, do SP"

Ex.mo Senhor
Director do Diário de Felgueiras:

Antes de mais, permita-me que o felicite pelo contributo que o seu jornal tem dado para o desenvolvimento sócio-político, democrático e republicano de Felgueiras.
Sem entrar em grandes considerandos, pois as questões nucleares que afligem e distorcem o miolo democrático na nossa terra têm sido, e bem, periódica e sistematicamente trazidas a lume por esse diário digital, tenho a referir que há pormenores relacionados com o poder instituído que não podem deixar de ser objecto de uma reflexão séria, profunda e racional.
A democracia material em contraposição com a democracia formal impõe, em respeito aos princípios básicos do Estado de Direito, que os agentes políticos tenham perante o cidadão eleitor uma postura assente em valores éticos e humanos, na medida em que o acto eleitoral configura um contrato de cidadania estabelecido entre o eleito e o eleitor.
Desse modo, e porque de um contrato se trata, as proposta, ou melhor dizendo, os programas eleitorais, eivados de um idealismo extremo e inexequível ou de um oportunismo atroz, criam no cidadão eleitor uma desconfiança ou um cepticismo, cujo efeito imediato é a abstenção e o efeito mediato o total alheamento da vida política; tudo em prejuízo da génese do principio democrático, que é a participação popular como mola real da cidadania.
Tudo isto mais grave se torna quando o poder instituído se apresenta ao acto eleitoral, e dos seus programas surgem propostas que são aglutinadores, porque transversais à comunidade, mas que, ao longo do tempo, e enquanto poder, foram sempre e intencionalmente abandonadas na gaveta do esquecimento.
Refiro-me, em concreto, à ideia de participação cívica que o Movimento S.P, vem trazendo à liça em período de pré-campanha, através do lançamento à discussão de temas candentes e que efectivamente são do interesse público.
Como sabemos, porque a conduta ao longo do tempo assim o demonstra, o Movimento S.P., que encarna o poder instituído, sempre se refugiou no individualismo ou no personalismo, porque isso, como é público e notório, faz parte do seu ADN social e político.
Por isso, a conduta levada a cabo pelo Movimento Sempre Presente em pleno período de campanha pré-eleitoral lançando como mote a participação cívica é contraditória, visa dar uma imagem do dever ser, mas seguramente, e digo-o com tristeza e amargo de boca, não passará do campo das intenções, porque a matriz personalista base da sua genética, não se alterou nem seguramente se alterará.
Daí o povo eleitor que tire as devidas conclusões.
Manuel Gomes (professor)