segunda-feira, setembro 28, 2009

Entrevista a Joaquim Santos Pinho, candidato do BE à Câmara de Felgueiras

Publicado no Jornal da Lixa,
de 25.09.2009
Santos Pinho (BE),
licenciado em História
e professor

"Vamos continuar a marcar a diferença pela seriedade e
serenidade das nossas propostas que pretendem renovar
mentalidades e questionar o status quo
instituído no nosso concelho"

Conhecendo o Concelho como certamente conhece como comenta o seu futuro?
O futuro é um desígnio de todos, logo na nossa perspectiva, o futuro será o que colectivamente soubermos construir. Terá de privilegiar o bem comum, a qualidade de vida e sobrepor-se aos interesses privados.
Propomos novas formas de fazer política, maior proximidade com os eleitores, orçamentos verdadeiramente participativos nos quais os cidadãos, em assembleia, façam as suas propostas, propomos as políticas públicas consignadas na agenda 21. Estas propostas políticas implicam novas gerações de protagonistas, com vontade, originalidade e criatividade. Com os velhos carreiristas políticos não há futuro. Defendemos o primado da ética também na acção política.

As campanhas eleitorais são o que são: a sua candidatura entra nos habituais parâmetros ou terá outros mais originais?
A afirmação é vossa e também vale pelo que é. Agora a sério: a nossa candidatura é, desde logo, a que menos CO2 emite, para nós o combate à poluição é uma forma de vida e não uma afirmação gratuita para usar nas campanhas eleitorais. Privilegiamos o contacto personalizado e directo com as populações de modo a escutar e repercutir as suas preocupações. No actual quadro de dificuldades económicas é chocante ver os gastos de algumas candidaturas (veja-se, por exemplo a proliferação dos caros outdoors e a poluição visual que provocam). Há 4 anos marcamos a diferença dando uma pedrada no charco. Vamos continuar a marcar a diferença pela seriedade e serenidade das nossas propostas que pretendem renovar mentalidades e questionar o status quo instituído no nosso concelho.

Quais os motivos que o levam a candidatar-se?
A nossa candidatura surge em prol do desenvolvimento e da melhoria da qualidade de vida da população. A nossa grande preocupação centra-se na resolução dos problemas mais prementes das pessoas: o desemprego, os baixos salários, a falta de assistência e de médicos. Cobertura total de rede de esgotos e abastecimento de água ao domicílio serão a prioridade das prioridades, afinal estamos no século XXI e na União Europeia.
Entendemos que o concelho merece mais. Merece mais e bastante melhor. Esta é a terra que escolhemos para criar e educar os nossos filhos. A política é também feita de afectos, de amor, todos queremos o melhor para os nossos vindouros e esse é um imperativo cívico. Queremos que a nossa terra seja um espaço de intervenção cívica e cidadã, sem receios, sem medos. A nossa candidatura propõe-se também contribuir para a clarificação e a transparência da vida política do nosso concelho. A candidatura do Bloco de Esquerda é uma candidatura verdadeiramente socialista porque participada, livre e solidária.

Em tempo de crise geral, quais as suas perspectivas quanto ao nosso concelho?
A crise é sempre para quem trabalha e principalmente para quem trabalha por conta de outrem. Estão plenamente diagnosticadas as fragilidades das nossas actividades económicas, falta é, muitas vezes, a coragem política para a tomada de decisões. Os problemas macroeconómicos não se resolvem só a nível local mas não podemos esperar sentados que os outros resolvam os nossos problemas. Se não metermos mãos-à-obra, ninguém o fará por nós. De qualquer modo as economias paralelas têm permitido que o nosso concelho não seja dos mais afectados mas há que diversificar actividades, vencer inércias e combater os imobilismos.

Como vê o Ensino no nosso concelho?
Pensamos que o ensino no nosso concelho tem tido um desenvolvimento contínuo e sustentado. Porque somos ambiciosos, queremos sempre mais e melhor. Ganha a batalha da massificação, urge travar a batalha da qualificação mas esta se compadece com diminuição da qualidade do ensino e da formação. Com os novos centros escolares, a renovação do parque escolar, as apostas no ensino profissional, com a existência do ensino superior no nosso concelho, julgamos estar no bom caminho, são os investimentos do futuro porque respeitam ao nosso capital mais precioso: AS PESSOAS.
"A candidatura do Bloco é a candidatura contra
todos os oportunismos, contra todos os negocismos,
pela transparência e clarificação
de todos os negócios públicos"


Quais os meios que pretende accionar para devolver o emprego aos felgueirenses?
Combateremos o desemprego, a exclusão social e as situações de carência, promovendo a sustentabilidade do emprego através da aposta na diversificação do tecido empresarial e na formação profissional. Incentivaremos a reconversão e a formação de mão-de-obra para outras actividades económicas. Tencionamos contribuir para a modernização de todos os sectores das actividades económicas. Promoveremos o desenvolvimento sustentado, particularmente na preservação dos recursos naturais como a água e a floresta. Incrementaremos mais actividades culturais, desportivas e recreativas.
É bom que se esclareça que a vocação da administração local não é directamente criar postos de trabalho. A câmara tem um papel importante na criação de incentivos à diversificação das actividades económicas, à fixação de indústrias inovadoras, na criação de maior mobilidade (apostar na renovação da rede viária concelhia; na mobilidade das pessoas com dificuldades de locomoção; apostar no incentivo à criação de uma rede de transportes públicos num quadro intermunicipal).

Que medidas pensa desenvolver para reacender a chama da indústria local?
Penso que na resposta anterior já apresentei parte significativa da resposta a esta questão. De qualquer modo consideramos que é necessário proceder à reconversão industrial tendo em atenção as tecnologias mais inovadoras, com recurso a energias alternativas e renováveis mais limpas.
Promoveremos parcerias com Universidades e Institutos para acolhimento de empresas e incitamento para que se estabeleçam a longo prazo. Apoiaremos projectos no âmbito da economia social, como por exemplo, feiras de produtos locais.

Todos sabemos que as boas promessas eleitorais são as mais votadas mas não são cumpridas. Como comenta a situação?
Compete às pessoas julgarem a acção dos políticos com responsabilidades governativas. Há 35 anos que os grandes partidos fazem promessas que não sabem ou não querem cumprir. Foi assim, por exemplo, nos últimos governos do PSD e do PS, ambos prometeram não subir os impostos e a primeira coisa que fizeram foi exactamente aumentá-los. No estádio de desenvolvimento da nossa democracia estas acções levam ao descrédito da acção política. Andamos há 35 anos a ser empatados por esses dois partidos que se revezam no poder, que não fazem nem deixam fazer. Compete aos cidadãos alterar este estado de coisas.
Ao nível local também é visível esta «politiquice», veja-se por exemplo o que acontece no nosso concelho: o que hoje é mentira torna-se mais tarde na mais cristalina das verdades; amigos e cúmplices tornam-se inimigos jurados; inimigos antigos juntam-se para fins inconfessáveis. Valores como a honradez, a decência e a dignidade do carácter são arrasados pelo único requisito que se consolidou como carta de alforria para o sucesso: ter uma grande lata!

Expanda outras directrizes pessoais que as 8 perguntas eventualmente não abranjam.
Consideramos que a política é a arte de gerir bem os recursos, quer os humanos quer os materiais. E isso faz-se com sensibilidade social, com inteligência criteriosa em benefício dos cidadãos e do seu bem-estar.
As nossas listas à câmara e assembleia municipais são compostas pela mais rigorosa igualdade entre género, ambas são compostas por 50% de cada um dos sexos, desejamos assim uma igualdade absoluta entre homens e mulheres.
Será interessante chamar a atenção dos nossos conterrâneos para a curiosa proliferação de candidaturas autárquicas. As motivações de cada uma das candidaturas, as motivações dos concorrentes que mudam de partido e de projectos de ânimo tão leve que nos leva a considerar que mais do que servir as respectivas populações estarão mais interessados em servir-se a si próprios. E é notório o «centrão» de interesses - para onde convergem todos os párias da política local - que esvazia as candidaturas dos ditos partidos do arco do poder e polariza a corrida ao «tacho».
A candidatura do Bloco é a candidatura contra todos os oportunismos, contra todos os negocismos, pela transparência e clarificação de todos os negócios públicos.