Num debate realizado em Lousada, em Abril passado, cujo tema foi a Revolução dos Cravos, o nosso bom e honrado amigo Manuel António Pina (escritor e jornalista) – que foi um dos três convidados para a mesa -, citou, e muito bem, Carlyle, autor da obra “História da Revolução Francesa”: “As revoluções são sonhadas por idealistas e realizadas por fanáticos, e quem delas se aproveita são os oportunistas de todas as espécies”.
Em vésperas de eleições legislativas e autárquicas, esta frase, verdade lapidar, traz-nos à ideia a realidade da vida política nacional de dias anteriores e actuais.
Na história da luta e implantação da democracia em Portugal houve idealistas (Humberto Delgado, Jaime Cortesão, António Sérgio, etc..); houve fanáticos (militares, grupos de luta armada, etc...); e, hoje, implantado o regime, deste se aproveitam oportunistas de toda a espécie…
Não vangloriamos as ditaduras – repugnamo-las –, mas reconhecemos que os oportunistas de que fala Carlyle se multiplicaram, abundam sempre que se impõe em Portugal a normalidade democrática e o desejo de desenvolvimento e progresso social. Aconteceu isso durante a Regeneração, na segunda metade do século XIX (1951-91), bem como na 1.ª República (1910-1926), e acontece hoje, a partir de 1974 – ano libertador. Porque a democracia que vivemos ainda não é a ideal; é a democracia possível. Porque quem nos governa, mesmo neste tipo de regime, não tem conceitos nem propósitos libertadores; cinge apenas a sua actuação dentro dos limites que a civilização obriga, e às vezes os próprios até ultrapassam esses limites, como quem pisa uma linha contínua, contornando princípios éticos e até jurídicos. Na actual democracia, em Portugal, vive-se, infelizmente, um ambiente infestado...
Em vésperas de eleições legislativas e autárquicas, esta frase, verdade lapidar, traz-nos à ideia a realidade da vida política nacional de dias anteriores e actuais.
Na história da luta e implantação da democracia em Portugal houve idealistas (Humberto Delgado, Jaime Cortesão, António Sérgio, etc..); houve fanáticos (militares, grupos de luta armada, etc...); e, hoje, implantado o regime, deste se aproveitam oportunistas de toda a espécie…
Não vangloriamos as ditaduras – repugnamo-las –, mas reconhecemos que os oportunistas de que fala Carlyle se multiplicaram, abundam sempre que se impõe em Portugal a normalidade democrática e o desejo de desenvolvimento e progresso social. Aconteceu isso durante a Regeneração, na segunda metade do século XIX (1951-91), bem como na 1.ª República (1910-1926), e acontece hoje, a partir de 1974 – ano libertador. Porque a democracia que vivemos ainda não é a ideal; é a democracia possível. Porque quem nos governa, mesmo neste tipo de regime, não tem conceitos nem propósitos libertadores; cinge apenas a sua actuação dentro dos limites que a civilização obriga, e às vezes os próprios até ultrapassam esses limites, como quem pisa uma linha contínua, contornando princípios éticos e até jurídicos. Na actual democracia, em Portugal, vive-se, infelizmente, um ambiente infestado...
E em Felgueiras?...
Em Felgueiras afiguram-se-nos imagens rebobinadas dos últimos 34 anos: personagens de um filme a preto e branco, sem música, sem poesia; apenas gestos barulhentos e actos quase suicidas; gritos de veneno viperino tornado doce, mais tarde, e servido em chávenas levadas ao poder numa bandeja.
Com estas palavras, vem-nos à memória um fenómeno que ocorreu generalizadamente durante os primeiros anos da 1.ª República. Esse fenómeno ficou conhecido por “Adesivagem”. Isto é, mal implantada a República - em 5 de Outubro de 1910 - foram muitos os correligionários da Monarquia que, em poucos dias, mudaram radicalmente de opinião, aderindo efusivamente ao novo regime. O fenómeno não só indignou os antigos partidários da Monarquia como até os históricos Republicanos, que, obviamente, no seu fulgor revolucionário, eram os mais sinceros e leais.
Declarações públicas de figuras conhecidas do concelho de Felgueiras a renegarem o seu percurso político, apenas com o intuito de continuarem a corresponder aos desígnios do poder, metem dó: mais não são do que adesivos com a cola da incoerência e do despudor mental. São pessoas de ar muito angelical, salazarenho, puritano e devoto… Algumas dessas pessoas guardam ainda no baú das recordações o uniforme e imagens da Mocidade Portuguesa...
Mudar nem sempre é evoluir; em Felgueiras mudar tem sido sobretudo trair… Trair a própria consciência.