segunda-feira, novembro 19, 2007

MP tem prova de que Fátima mentiu



Fátima Felgueiras mentiu em tribunal. Numa das primeiras sessões onde foi ouvida e a propósito das dádivas em dinheiro dos empresários Joaquim Pinto e Pimenta da Silva, a presidente da Câmara garantiu que não havia qualquer contrapartida com um licenciamento anterior. E assegurou, até, que nunca havia recebido os empresários em audiência, tal como defendia o Ministério Público.





O juiz pediu então que o dossiê autárquico lhe fosse enviado, o que efectivamente aconteceu, mas sem um documento que agora chegou ao MP por vias indirectas. O documento, que o CM consultou, diz exactamente o contrário daquilo que a autarca afirmou em tribunal. São duas folhas datadas de 22 de Outubro de 1998, escritas por Fátima Felgueiras. Que começa a dizer que recebera os referidos empresários, pedindo depois aos serviços de fiscalização para estudarem a melhor maneira de resolver o caso.

O CM sabe que Fátima Felgueiras, que responde em tribunal por 23 crimes, ainda não foi confrontada com esse documento. O CM tentou, sem êxito, ouvir a autarca, que não responde aos e-mails enviados para o gabinete da presidência.

EMPRESÁRIOS ARGUIDOS

Os empresários também são arguidos por terem financiado ilegalmente o PS em troca de contrapartidas nas suas obras. Trata-se de José Pimenta da Silva que, juntamente com o arguido Joaquim Teixeira Pinto, está a ser julgado enquanto proprietário da imobiliária Conterfel, empresa que adquiriu um terreno em Sendim, Felgueiras. O objectivo era instalar unidades industriais das empresas Solpré – de que Pimenta da Silva é sócio-gerente – e Pinfel, fábrica de calçado pertencente a Teixeira Pinto. O único senão é que o terreno correspondia a um único artigo matricial registado em nome de Pimenta da Silva, o que inviabilizava a construção das duas fábricas. Para desbloquear o impedimento, Pimenta da Silva e Teixeira Pinto, segundo o MP, terão contribuído com 500 contos cada um e depois Pimenta da Silva com mais 670 para a “conta paralela”. Estão acusados, em conjunto com Fátima Felgueiras, dos crimes de corrupção.

A CUNHA AO AMIGO DE VIZELA

Francisco Ferreira é presidente da Câmara de Vizela pelo PS. A 10 de Março de 2001 falava com Fátima ao telemóvel numa conversa escutada pela Polícia Judiciária. E pedia-lhe que a sua fábrica, situada no concelho de Felgueiras, não fosse demolida. O motivo, dizia Francisco Ferreira, era óbvio. A fábrica estava ilegal e só era preciso mesmo que Felgueiras protelasse a decisão. Só ordenasse a destruição quando deixasse a autarquia, pois até lá aquela continuaria a laborar. Fátima prometeu e cumpriu.

Correio da Manhã