Dizem que tem um feitio especial e que age e reage conforme o seu estado de humor. Mas não é por isso…
Talvez por ter andado uma vida inteira a desagradar a “gregos e a troianos”, talvez por o terem traído, no passado, numa importante investigação – é o próprio quem o diz, num dos seus livros –, poucos são aqueles que aceitam reconhecer que estamos perante uma das mais autorizadas figuras da investigação policial portuguesa, pelo menos, em termos operacionais, que, um dia, farto do sistema e dos jogos duplos, decidiu bater com a porta e pediu a aposentação.
Trata-se, obviamente, de Barra da Costa, antigo inspector da PJ, que, de certa maneira, tem sido uma voz marginalizada, não obstante uma ou outra televisão de quando em vez lhe reservar um “cantinho” nos noticiários, quando, na verdade, devia ser uma voz mais “institucionalizada”.
Se se confirmar que a pobre Maddie McCann foi morta na residência do Algarve, afinal Barra da Costa é o comentador policial português mais lúcido, que esteve mais perto de nos indicar a verdade. Logo no início!... Frontal e nada pragmático nas palavras, deu a sua sábia opinião, apontou pistas imediatas, mas as televisões, portuguesas e britânicas, com sede de romances e de comercializada exploração da dor humana, terão contribuído, infelizmente, para o pior… Oxalá que o desfecho seja outro.
Há meses, um amigo nosso, jornalista da RTP já aposentado e professor universitário, em conversa privada connosco mantida à mesa de um café, lamentava o facto de as televisões portuguesas não terem noticiado o esfaqueamento de uma testemunha do processo da Casa Pia, ocorrido no início deste ano, que foi apenas noticiado nos jornais.
Nem sempre a liberdade de expressão representa a expressão da liberdade. Como canta o nosso amigo Francisco Fanhais, “Tem coisas, Ti Manel, tem coisas!” Porque nada disto é inocente e tem a sua parte de ideológico ou de interesse ainda mais obscuro.
A mediatização de Maddie entreteu a comunidade dos falantes e desvirtou as atenções dos portugueses em relação ao seu péssimo nível de vida; o silêncio sobre as facadas, mais macabro ainda, não é um fenómeno raro. Infelizmente!