O evento incluiu as comemorações nacionais das Bodas de Ouro do Coro de S. Tarcísio, fundado pelo Padre Luís, e fez parte do vasto programa das comemorações locais do IV Aniversário da Vila da Longra, realizadas pela Casa do Povo em parceria com as Juntas de Freguesia de Rande, Pedreira e Sernande. As comemorações da Vila ainda decorrem.
O Coro de S. Tarcísio, com cerca de 50 elementos, actuou em palco a par do Coro Gregoriano do Porto, com 20 membros. O concerto, magnífico, foi intercalado, nos intervalos das actuações, com uma conferência, dada em partes e com recurso a meios documentais, por Frei Geraldo, monge beneditino e professor universitário jubilado, de nome próprio José Amadeu Coelho Dias.
Frei Geraldo, não obstante a sua formação académica qualificada, falou numa linguagem acessível, sublinhando, passo a passo, a vida e a obra do homenageado, que, filho de agricultores de Rande, aos 18 anos ainda trabalhava na lavoura, para depois abraçar o sacerdócio e a música sacra e gregoriana, vindo a revelar-se uma mais-valia no panorama musical da especialidade em Portugal, tendo ido beber às influências de antigas abadias da Europa. O concerto terminou com a execução de um "Te Deum Laudamus" feito pelo Padre Luís e dedicado a D. Antônio Ferreira Gomes, antigo bispo do Porto, que, lembrou o Frei Geraldo, "tão mal foi tratado", como se sabe ao tempo do Estado Novo. Frei Geraldo, a dado passo das suas intervenções, fez referência à antiga Metalúrgica da Longra e à sua antecessora, a MIT, que, durante décadas, foram a força motriz da dinâmica social, económica e cultural da Longra.
No final, os presidentes das Juntas de Freguesia de Rande (Pedro Ribeiro), Pedreira (José Fernando Moreira) e Sernande (Eugénio Costa) subiram ao palco para prestarem a sua homenagem ao Coro de S. Tarcísio pelos seus 50 anos de existência, dirigido a nível artístico por Jairo Grossi e presidido por José Augusto Ferreira, a quem entregaram uma Salva. Pedro Ribeiro, autarca de Rande, quase que não continha a emoção, satisfeito com aquela tarde cultural. As três presidentes juntas, recentemente, foram os autores na Assembleia Municipal de Felgueiras da proposta de aprovação de um Voto de Louvor ao referido Coro, no ano das suas Bodas de Ouro, a juntar-se à recente condecoração pela Câmara Municipal do Porto, que lhe atribuiu a Medalha das Armas da Cidade.
Na assistência encontravam-se muitas pessoas de fora, principalmente do Porto, amigos e antigos colaboradores do Padre Luís, bem como figuras do Clero. Entre estas, encontravam-se, na primeira fila, os padres Manuel Joaquim Ferreira e Abílio Barbosa, que colaboram na realização do evento. O pároco de Rande, "apanhado de improviso para falar", assinalou a iniciativa como uma "importante maneira de identificação das raízes do Padre Luís, que não estão esquecidas” – disse.
Adão Inácio Coelho, presidente da Direcção da Casa do Povo da Longra, agraciou o Coro de S. Tarcísio com uma placa alusiva, pelo que foi sobejamente retribuído por José Augusto Ferreira. Adão Coelho agraciou também o Coro Gregoriano do Porto, na pessoa do seu orientador artístico, Joaquim Freitas Soares, dada a ausência do Presidente da Direcção, Rocha Marques. Igual lembrança foi entregue a Frei Geraldo, conferencista daquele evento.
Gonçalo Magalhães, presidente da Assembleia Geral da Casa do Povo da Longra, muito satisfeito e emocionado pelo êxito da iniciativa, "tanto mais por se tratar de uma figura da nossa terra", agradeceu a presença de todos, participantes e assistência. Lembrou que a filosofia e acção dos actuais órgãos sociais da Direcção da Casa do Povo – que tomaram posse há menos de um ano –, passa por este género de iniciativas, lembrando a homenagem nacional que foi feita, em Fevereiro, a José Afonso e as comemorações do 25 de Abril, prometendo que outras iniciativas irão ser feitas dentro do espírito universal que caracteriza a genuinidade dos actos dos culturais.
Festival de Folclore e Sala de Museologia Etnográfica
No dia anterior, no sábado, a abrir as comemorações da Vila da Longra, realizou-se o Festival de Folclore promovido pela Casa do Povo da Longra, levada a efeito anualmente. Participaram vários grupos de folclore espalhados pelo país.
Neste evento de natureza popular, foi dado a conhecer aos participantes e assistentes a implementação de uma Sala de Museologia Etnográfica, para a qual foram, recentemente, aproveitadas peças que não se encontravam seleccionadas e devidamente inventariadas, no sentido de ser dada ao conjunto de objectos a maior coerência possível em termos da história da lavoura de antanho, que, antes da industrialização da Longra, eram as únicas “ferramentas” de produção económica da região. Brevemente, a referida Sala será alvo de uma intervenção escolar, com aulas in loco a nível dos vários níveis de ensino e com a ajuda de especialistas universitários, através de possíveis protocolos.
Ao lado desta Sala, foi, em Dezembro passado, implementado um Salão Nobre, para determinados actos cerimoniais e para debates e conferências. De facto, era um espaço que se impunha que fosse recuperado, pois nem sempre se torna necessário ou até conveniente receber certas personalidades no palco ou realizar no mesmo certas actividades.
Prova de Cicloturismo
Na manhã de domingo, também no âmbito das comemorações da Vila, realizou-se uma prova de cicloturismo programada pela Associação de Cicloturismo de Felgueiras, dirigida por Carlos Martins e adstrita à Casa do Povo, iniciativa realizada, igualmente, em conjunto com as Juntas de Freguesia de Rande, Pedreira e Sernande.