sábado, junho 16, 2007

Juiz acusado de tentar influenciar depoimento no caso Felgueiras (Público)

Joaquim Freitas, arguido e uma das principais testemunhas do processo, acusou um juiz-conselheiro de o ter pressionado para favorecer Fátima Felgueiras




O juiz-conselheiro António Almeida Lopes foi ontem acusado por Joaquim Freitas, arguido e uma das principais testemunhas da acusação do processo do "saco azul" do PS de Felgueiras, de o ter pressionado para alterar o seu depoimento, comprometedor para Fátima Felgueiras. "O senhor vai-me fazer um grande favor, sabe que eu até tenho muito poder, por pertencer à Opus Dei, e, se aceder ao que lhe vou pedir, não lhe há-de acontecer nada", terá dito o conselheiro a Freitas.
Durante o depoimento de Joaquim Freitas na 37.ª sessão do julgamento, este arguido disse que o conselheiro lhe pediu para declarar que tinha sido ele que emprestara o dinheiro usado pela autarca para comprar um Audi A4.


A viatura, segundo a pronúncia, terá sido paga com dinheiro do "saco azul". Almeida Lopes desejava que Freitas alterasse o seu depoimento por considerar que o episódio da compra do carro seria a única coisa que a podia condenar. Quanto ao mais, o juiz do Supremo Tribunal Administrativo estava seguro: "Ao resto dá-se-lhe a volta."


Encontro com Fatinha

Ontem, Joaquim Freitas reproduziu a cena protagonizada com o juiz-conselheiro: "O senhor conselheiro pediu-me o telemóvel e ligou para a senhora presidente e disse: "Fatinha, marca um encontro com o Joaquim Freitas, que ele vai-te ajudar e depois de ele alterar o depoimento que fez na Polícia Judiciária move-se um processo ao Horácio Costa."" "Naquela altura", acentuou, "não percebi por que é que ele me pediu o telemóvel, mas depois percebi: é que tinha medo que o seu estivesse sob escuta."


Além desta abordagem, Joaquim Freitas citou uma outra feita pelo ex-marido da autarca, o advogado Sousa Oliveira, para ele alterar o seu depoimento. Nesta ocasião, o empresário foi mais concludente: "É impossível", tendo o causídico retorquido: "A PJ não manda nada. Quem manda é o Ministério Público."


Dito isto, segundo Joaquim Freitas, "vinha com dinheiro para me dar. Vi um monte de notas. Recusei e o Sousa Oliveira começou a chorar. Nem acabámos o almoço. Fiquei um bocado incomodado", admitiu Joaquim Freitas.


"O juiz-conselheiro e o Sousa Oliveira estavam combinados. Ele disse que ia mover uma acção ao Horácio Costa, mas, para isso, era preciso eu ceder. E eu não cedi", disse ainda no seu depoimento Joaquim Freitas, um dos arguidos deste caso.