Fátima insinua extorsão (JN, de 16 de Março - clique aqui)
Fátima Felgueiras lançou, ontem, a suspeita de que o seu ex-colaborador Horácio Costa, pode ter andado a "extorquir dinheiro" para angariar fundos na campanha eleitoral de 1997. Interrogada ontem, em mais uma sessão do julgamento do "saco azul" de Felgueiras, sobre os alegados favorecimentos a empresários que doaram verbas em troca de favorecimentos em licenciamentos de obras, a autarca insistiu em dizer que desconhecia a "conta paralela" em nome de Joaquim Freitas e Horácio Costa.
João Nabais, defensor dos ex-administradores da "Resin" no julgamento do "saco azul", tomou também como dele a defesa da edil, juntando-se ao seu colega Artur Marques. Tentou demonstrar que um dos donativos do empresário Anastácio Macedo, de 250 mil escudos, através de cheque, jamais tinha sido depositado na dita conta, já que esse montante parcelar não aparece no extracto junto ao processo.
"Então, se calhar, o senhor Horácio Costa andou a extorquir dinheiro", afirmou, em jeito de conclusão, Fátima, insistindo não ter tido conhecimento dos cheques e negando qualquer troca de favores. Porém, Pedro Martinho defensor de Costa, terá demonstrado que o depósito, daquele montante, foi feito juntamente com outro cheque, de 200 mil escudos, e que foi depositado no dia seguinte ao despacho autárquico favorável ao empresário. Martinho exibiu o extracto, onde consta um montante parcelar de 450 mil escudos, que é a soma das duas verbas.
Fátima, por outro lado, não conseguiu explicar quando foi confrontada sobre a falta de um despacho final no arquivamento de um processo de contra-ordenação de obras, a Augusta Neves, que contribuiu com 500 contos para a campanha. A empresária e militante do PS terá sido "perdoada" das custas do processo, arquivado sem o habitual despacho "arquive-se com admoestação".