Infelizmente Felgueiras não tem beneficiado em nada com este executivo municipal, e a desculpa para a inércia e incapacidade, que já é um lugar comum no léxico político dos nossos representantes do poder local, são as famigeradas finanças da autarquia. Ninguém acredita neste argumento. Porquê? Não existe uma política clara de contenção da despesa pública, não há racionalização da Administração, continuam a ser admitidos novos funcionários, o incumprimento de projectos antigos, para os quais foram aprovadas derramas para a sua execução, total ausência de concorrência e nítida falta de ambição. A ambição quer-se maior, especialmente quando existe uma maioria parlamentar constituída pelo MSP e o PSD, e a crise, que afectou Portugal, se começa a debelar. Os amigos que vos falei consideram que não há políticas bem orientadas, não há sinais claros sobre as mudanças estruturais que poderiam ajudar Felgueiras a ultrapassar os seus problemas de fundo. E quais são eles? O principal e o mais difícil de resolver é a ausência de liderança e influência política. Esta realidade, mau grado a maioria absoluta do MSP, não permite gizar um projecto transparente para o futuro. Além disso, a próprio presidente de câmara não sabe bem que papel Felgueiras pode ter na esfera regional e nacional, nem onde este se deve posicionar nos próximos anos. Ora, a ausência de um projecto colectivo descamba para a apatia geral numa sociedade tradicionalmente acomodada.
Esta ausência de política e de estratégia agrada tanto à direita como desagrada a boa parte da esquerda. No PS, ouvem-se vozes críticas: não podem mudar o executivo municipal, mas aspiram a mudar de políticas. É a capacidade de decidir que distingue o PS dos restantes partidos e movimentos políticos. O PS sabe o que quer e os outros não.
Decidir implica, em primeiro lugar, conhecer o problema, depois, conseguir identificar as soluções possíveis e, por último, ter consciência das consequências imediatas e futuras dessas opções. Disto e de uma estratégia lógica, depende o resultado.
Longe de ser um exercício fácil, está à vista porque existem boas e más decisões, bons e maus decisores, porque existem pessoas que, por mais inteligentes e bem-intencionadas que sejam, simplesmente, não foram feitas para decidir. Está à vista porque o actual executivo municipal não deveria ter sido eleito.
Texto e foto: Expresso de Felgueiras