terça-feira, novembro 14, 2006

Ecos do fim-de-semana

Foto publicada no "Expresso de Felgueiras"
Aqui, o ministro olha para a esquerda, e o olhar forçado
de Fátima Felgueiras é de revolta pela indiferença.

Foto foi publicada no "Semanário de Felgueiras"

Aqui, o ministro olha para a direita.

O protocolo

Fonte da Misericórdia de Felgueiras confessou-se-nos indignada devido ao facto de a presidente da Câmara Municipal e seus vereadores terem aparecido no acto da assinatura do protocolo entre a Misericódia e o ministro Correia de Campos, celebrado no Governo Civil do Porto, sobre a Unidade de Cuidados Continuados para o hospital de Felgueiras, que, diga-se de passagem, insere-se num projecto-piloto recentemente lançado pelo Governo, em Águeda, e que, agora, é alargado ao norte do país. Não se trata, portanto, de um alcance político local, ao contrário do que quiseram fazer crer.

A escolha de Felgueiras, tal como Lousada, Vila de Conde e outros concelhos, dever-se-á ao facto de não haver nestas terras hospitais da rede de referenciação estipulada em 2001 pelo Ministério da Saúde. A escolha terá sido, mais ao menos, dentro destes critérios. Ao dizer isto, não estamos a retirar o mérito exclusivo à Misericódia local, que conseguiu concretizar esta pretensão. Veja-se, por exemplo, Amarante, Penafiel, Guimarães e por aí adiante não foram contemplados por este projecto-piloto, porque já tem os seus hospitais incluídos na referida rede.

Este projecto do Governo surgiu de um acordo de princípios celebrado entre a União Geral das Misericórdias, através do Grupo de Misericórdias Saúde, e o ministério tutelado por Correia de Campos. Em certos concelhos, estas unidades ficarão instaladas em centros de saúde.


Quem enviou para a imprensa local a foto de cariz oficial do encontro entre Fátima Felgueiras e Correia de Campos, sem que a autarca tenha sido convidada para o evento, teve a intenção de atribuir tons cor-de-rosa político à imagem (ainda falta saber quem foi o verdadeiro "assessor de imprensa"), mas o certo é que o gesto acabou por ter um efeito contrário, como se pode ver nas fotos acima colocadas: em nenhuma delas o ministro consegue olhar de frente a autarca, olhos nos olhos!

Não nos interessa manter folhetins cor-de-rosa, mas estas fotos não deixam de testemunhar uma verdade: o Governo não vê com bons olhos o poder político em Felgueiras, porque este tem arranjado (e ainda poderá a vir a arranjar muito mais!) ao PS nacional alguns embaraços. O recente episódio entre José Sócrates e Marques Mendes, no Parlamento, aquando da votação da proposta do Orçamento, é um exemplo de como o Governo está "entalado" com o "caso Felgueiras", devido ao passado socialista da nossa autarca.

AG da Misericódia


Nada melhor que uma pequena atitude de oposição para que logo os nossos actos se revistam um pouco mais de democraticidade e de participação dos cidadãos.


António Rocha, médico da nossa praça, “ameaçou” a “linha oficial” que governa a Misericórdia há décadas, ao tentar constituir uma lista “oposicionista” à de José Martins, que foi reconduzido no lugar juntamente com a equipa que geriu a Irmandade nos últimos três anos, à excepção de dois lugares da mesa: Caldas Afonso (pai) e José da Silva Magalhães deram lugar à esposa de Horácio Reis e a António Pereira, afectos, por sinal, ao movimento Sempre Presente (SP).


António Rocha retirou a sua candidatura, porque, à hora do escrutínio, não tinha o número de nomes suficiente para preencher a lista. Mesmo assim, independentemente do juízo que se tenha do perfil de António Rocha e das suas ideias, o seu gesto valeu a pena: o “sino tocou a rebate” e a esmagadora maioria dos Irmãos acorreu em grande número (cerca de 90) ao plenário.


No entanto, deixamos aqui algumas ideias para o futuro:


  • Ao longo de décadas, a mesa, praticamente, tem sido ocupada com as mesmas pessoas, não obstante a rodagem dos dirigentes nos lugares de cada órgão e de alterações pontuais, estas mormente conforme o status quo político. O DF não conhece os estatutos da Misericórdia nem os regulamentos da União Geral das Misericórdias – não contestando, assim, a faculdade legal de nas AG's se poder deliberar sobre a continuidade dos dirigentes em questão –, mas tal situação, reconheça-se, já não está conforme os tempos modernos


  • O facto de se poder formalizar listas em cima da hora do acto eleitoral é outro aspecto que não se compreende numa instituição como a da Misericórdia; não deixa de ser algo anarquizante quanto aos processos eleitorais. O mais curial seria que as listas fossem apresentadas até 48 horas antes das votações, para haver lugar ao debate de ideias. Até porque a Misericórdia não é um clube de futebol ou uma associação qualquer.

Falsos vinhateiros


Do ponto de vista de quem esteve (ou está “sempre presente”), o Dia do Viticultor foi celebrado com dignidade. Só que ele não existiu!... O viticultor e o agricultor, praticamente, foram esquecidos no seu dia. Aliás, a maioria dos participantes no evento nada tinha a ver com a actividade agrícola ou vinícola mas à actividade política e social do concelho, que é uma forma de se angariar apoios.


É verdade! Assistiu-se a mais uma manifestação forçada do SP, do qual até os seus elementos sem responsabilidades públicas ou políticas tiveram direito a uma mesa privativa no almoço, e, no final, foi distribuído o jornal municipal.


Não faltaram figuras da velha e da actual Oposição política, alguns de vestes compridas – a contrariarem a leitura de S. Marcos –, em apoio a uma causa que, de antemão, sabiam bem que o objectivo era meramente político.


De resto, a populaça até nem aderiu, excepto os fiéis que tiveram que se levantar uma hora mais cedo para a missa, que, no final, foram dar uma espreitadela. A chanceler bem olhava para as bordas, de rasgado sorriso, mas ninguém bateu palmas.

Expulso ou não?


Sousa Oliveira disse, em entrevista a um jornal local, que ainda pertence ao PS, que apenas foi expulso pela Comunicação Social.


Tanto quanto o DF apurou, Sousa Oliveira já não fez parte, há 15 dias, da lista dos eleitores para a escolha dos delegados ao Congresso, que se realizou no fim-de-semana passado. Como tal, já não é considerado militante.


Em Setembro de 2003, o Conselho Distrital de Jurisdição do PS/Porto decidiu expulsar Sousa Oliveira, na sequência da crise política de Maio desse ano em Felgueiras, precisamente na altura em que foi expulsa Fátima Felgueiras, esta por ter fugido à Justiça. Porém, enquanto a autarca não recorreu da decisão, Sousa Oliveira fê-lo imediatamente para a estrutura nacional do partido. Como em Lisboa não deram resposta no prazo de um ano, a suspensão de Oliveira ficou sem efeito.

No entanto, em Setembro de 2005, apresentando-se Oliveira como candidato na lista do SP à Câmara, foi-lhe levantado um segundo processo disciplinar com vista, outra vez, à sua expulsão. A decisão foi tomada pelo Conselho Nacional de Jurisdição, em Março passado, sob proposta do Conselho Distrital e sem possibilidades de recurso.

Com Sousa Oliveira foram expulsos mais 10 militantes, entre os quais, Horácio Reis, Orlando Sousa, António Pereira e Bruno Carvalho.

A notícia que não se deu


A AG dos Irmãos da Confraria de Santa Quitéria, realizada no outro sábado, onde se discutiu a alegada e polémica posse dos terrenos da Irmandade por parte da Câmara Municipal não foi objecto de interesse jornalístico por parte da impensa e da rádio locais, a não ser uma breve referência num jornal, no qual um seu colaborador, na edição anterior, opinou sobre o assunto.


Os agentes da Comunicação Social de Felgueiras têm que repensar o seu papel, sob pena de a democracia em Felgueiras estar a correr sérios riscos.

A Rádio e a municipalização de Santa Quitéria


Segundo um director da Rádio Felgueiras, esta estará a viver uma situação comprometedora para a sua própria existência, algo semelhante à situação da Confraria quanto aos terrenos alegadamente tentados pelo município, mas de contornos legais diferentes.


Disse-nos o mesmo director que o terreno onde a rádio tem instalado o seu emissor terá sido comprado pela autarquia, terreno que era da propriedade de um particular e há muitos anos alugado à estação emissora. A pessoa, que pede o anonimato, é da nossa inteira confiança e amizade, há mais de 20 anos, pelo que não duvidamos da informação.


É motivo para perguntar: a eventual posse do terreno em questão por parte da autarquia não poderá fazer parte do plano de “alargamento” dos terrenos da Confraria alegadamente apoderados pelo município? Pretenderá a autarquia fazer uma obra de grande impacto, em Santa Quitéria, com custos muito reduzidos mas prejudiciais aos interesses de terceiros - da Igreja e da Rádio, que são entidades de serviço público à comunidade? Será que estamos perante a tentativa de municipalização de todo o monte de Santa Quitéria?


Podemos ter uma opinião particular sobre a eficácia de serviço público da Rádio Felgueiras, mas, muito sinceramente, desejamos para si o mesmo que desejamos para nós. Abordamos o assunto não para “botar abaixo”, mas porque, principalmente no que toca à Cultura e à Comunicação Social, temos um especial apego. Aliás, o editor do DF já deu provas da sua estima pela estação, tendo sido seu colaborador, e afirma-se amigo dos seus antigos e actuais directores e jornalistas.


Se assim é - o que nos foi informado -, o que dizemos é que não gostaríamos ver a Rádio Felgueiras condicionada a este problema. Se for necessário, convoquem-se os amigos da estação com vista a uma cabal solução. Arranjar-se-á um bom local para o emissor.