terça-feira, outubro 10, 2006

Padre Mário diz, a propósito da tomada de posse do novo PGR, que não há solução para a corrupção no sistema político em que vivemos.

Padre Mário de Oliveira
sempre igual a si mesmo


Viram todos nas tvs aqueles senhores bem

vestidos e bem pagos na tomada de posse

do novo procurador-geral da república?

Ouviram os discursos que proferiram

contra a corrupção que grassa no país?

E as garantias que nos deram de que ela

tem os dias contados? E acreditaram?



Eu ouvi e não acreditei. Toda aquela

encenação é a prova maior de que a Grande

Corrupção tem as costas quentes e pode

prosseguir sem sobressaltos. Para isso servem

o D. Quixote e o seu Sancho Pança. Mais os

seus burilados discursos. A plebe aplaude até

às lágrimas e a Grande Corrupção continua.



Como pode o Poder político combater

a Grande Corrupção se ele próprio é fruto

dela e existe para lhe dar cobertura e até

um certo estatuto de legalidade? Será que

somos tão ingénuos que não sabemos que

os burilados discursos anti-corrupção são

o melhor escudo da Grande Corrupção?

É próprio dos ingénuos em Democracia

pensar que são os votos das populações

quem escolhe as minorias privilegiadas que

sucessivamente dão corpo ao Estado e aos

respectivos órgãos do Poder. Não sabem

que os votos de quatro em quatro anos são

o dedo que aponta para a Lua. Não a Lua.

Nunca o Poder aceitaria a Democracia com
os seus sucessivos actos eleitorais se estes

fossem para dotar o Estado de incorruptos

a toda a prova. A Democracia mais não faz

do que dar aos oprimidos a oportunidade de

escolherem os seus opressores. E quando

os tira do Poder não lhes retira os privilégios.

Nenhum Poder subsiste sem a Grande

Corrupção. Poder e Corrupção são duas

faces do mesmo Pecado. Têm por pai

a Mentira e não olham a meios quando se

trata de impor a sua lei. No tempo das

tiranias combatiam a Democracia que hoje

financiam e impõem para melhor reinar.

“Vós sois o sal da terra” – diz Jesus aos
homens e mulheres de todos os tempos e

lugares que o queiram ser a valer. Mas logo

adverte que quem se vende por Dinheiro

salta fora da Humanidade para ser pisado pelas

botas do Poder. Ricos e privilegiados que
sejam não passam de escravos e vassalos!

Esperam-nos tempos difíceis e violentos
no país e no Ocidente. A Grande Corrupção
hoje veste de Estados nacionais e até de
Igrejas. Impõe às pessoas e povos a ditadura
da Mediocridade e aos poucos que lhe resistem

e permanecem sal da terra mata-os na Cruz

do desprezo e da ignomínia. Como loucos.

Padre Mário de Oliveira


Diário Aberto, do Padre Mário de Oliveira (clique AQUI)