sempre igual a si mesmo
Viram todos nas tvs aqueles senhores bem
vestidos e bem pagos na tomada de posse
do novo procurador-geral da república?
Ouviram os discursos que proferiram
contra a corrupção que grassa no país?
E as garantias que nos deram de que ela
tem os dias contados? E acreditaram?
Eu ouvi e não acreditei. Toda aquela
encenação é a prova maior de que a Grande
Corrupção tem as costas quentes e pode
prosseguir sem sobressaltos. Para isso servem
o D. Quixote e o seu Sancho Pança. Mais os
seus burilados discursos. A plebe aplaude até
às lágrimas e a Grande Corrupção continua.
Como pode o Poder político combater
a Grande Corrupção se ele próprio é fruto
dela e existe para lhe dar cobertura e até
um certo estatuto de legalidade? Será que
somos tão ingénuos que não sabemos que
os burilados discursos anti-corrupção são
o melhor escudo da Grande Corrupção?
É próprio dos ingénuos em Democracia
pensar que são os votos das populações
quem escolhe as minorias privilegiadas que
sucessivamente dão corpo ao Estado e aos
respectivos órgãos do Poder. Não sabem
que os votos de quatro em quatro anos são
o dedo que aponta para a Lua. Não a Lua.
Nunca o Poder aceitaria a Democracia com
os seus sucessivos actos eleitorais se estes
fossem para dotar o Estado de incorruptos
a toda a prova. A Democracia mais não faz
do que dar aos oprimidos a oportunidade de
escolherem os seus opressores. E quando
os tira do Poder não lhes retira os privilégios.
Nenhum Poder subsiste sem a Grande
Corrupção. Poder e Corrupção são duas
faces do mesmo Pecado. Têm por pai
a Mentira e não olham a meios quando se
trata de impor a sua lei. No tempo das
tiranias combatiam a Democracia que hoje
financiam e impõem para melhor reinar.
“Vós sois o sal da terra” – diz Jesus aos
homens e mulheres de todos os tempos e
lugares que o queiram ser a valer. Mas logo
adverte que quem se vende por Dinheiro
salta fora da Humanidade para ser pisado pelas
botas do Poder. Ricos e privilegiados que
sejam não passam de escravos e vassalos!
Esperam-nos tempos difíceis e violentos
no país e no Ocidente. A Grande Corrupção
hoje veste de Estados nacionais e até de
Igrejas. Impõe às pessoas e povos a ditadura
da Mediocridade e aos poucos que lhe resistem
e permanecem sal da terra mata-os na Cruz
do desprezo e da ignomínia. Como loucos.
Padre Mário de Oliveira