segunda-feira, outubro 16, 2006

Correio dos leitores

Decidi comentar o texto de Carlos Zeferino, publicado nesse blogue, porque entendo que o mesmo é um hino à falta de educação e está cheio de mentiras, e que visam unicamente descartar as responsabilidades do autor das mesmas.

Começo por informar que fiz parte da Comissão Política Concelhia no tempo de Inácio Lemos e, para além disso, pertenci à Direcção de Campanha de José Campos. Fui dos poucos que me mantive firme de início ao fim.

Quero referir que nem sempre estive de acordo com as tomadas de posição de Inácio Lemos, critiquei e critico determinadas atitudes, mas entendo que não deve ser ele o único responsabilizado pelo o que aconteceu, outros há que terão mais culpa, mas já lá vou.

É falso e mentira que Inácio Lemos tenha tomado medidas sem o conhecimento da Comissão Política. Aliás, tentou sempre faz as coisas num clima de diálogo e de comunhão de ideias nunca vistos no PS. Não sou o único a dizê-lo; muitos dos participantes nas reuniões da Comissão Política, incluindo Carlos Zeferino, o disseram, tendo inclusive comentado que agora se sentiam respeitados e ouvidos, quer na Comissão Política, quer na Câmara Municipal.

É pena que alguns agora não se lembrem, ou então quando proferiram estas afirmações estavam convictos de que Fátima Felgueiras iria apodrecer em terras brasileiras. Enganaram-se. A única fase negativa de Inácio Lemos foi no período que antecedeu as eleições autárquicas, mas até respeitou as deliberações da Comissão Política. Condeno e recrimino-o a forma como o fez, mas nunca agiu em proveito próprio.

Há factos que não posso deixar de recordar, que parece que Carlos Zeferino está esquecido. O primeiro passou-se quando foi elaborada a lista para a Comissão Política, logo após a fuga de Fátima Felgueiras para o Brasil. Inácio Lemos e Augusto Faria indicaram Lurdes Moura para fazer parte da lista. Aí levantou-se Carlos Zeferino e informou que se tal pessoa fizesse parte da lista ele se demitiria e que não pretendia fazer parte de nada que estivesse relacionado com o PS. Em nome da unidade foi feita a vontade a Carlos Zeferino…

Quando Eduardo Bragança fez parte da lista de delegados ao Congresso que elegeu José Sócrates, mais uma vez, Carlos Zeferino se insurgiu contra Inácio Lemos e Augusto Faria, tendo inclusive escrito uma carta de demissão. Mais uma vez, foi o trabalho realizado por Inácio Lemos que fez com que Carlos Zeferino continuasse na Comissão Política. Carlos Zeferino obrigou toda a Comissão Política a prometer que Eduardo Bragança jamais iria fazer parte de qualquer reunião ou iniciativa do PS.

Por aqui se pode verificar que afinal Inácio Lemos não punha e dispunha dentro da Comissão Política. Nunca Inácio Lemos foi apelidado de ditador pelos elementos que compunham a Comissão Política, o mesmo já não se pode dizer dos anteriores presidentes…

Quando José Campos indicou e chamou Eduardo Bragança para fazer parte da Direcção de Campanha, mais uma vez, Carlos Zeferino se insurgiu e abandonou o grupo de trabalho.

Estranho que hoje Carlos Zeferino não se lembre de ter votado para que todos os elementos militantes do PS que fizeram parte das listas do Movimento Sempre Presente fossem, cada um, alvo processo disciplinar visando a expulsão de militantes do PS, acrescentando à lista Inácio Lemos, Filipe Carvalho e Eduardo Bragança. Eu estava lá: votei e sei muito bem quem estava presente nessa reunião, realizada na sede de candidatura.

Como já disse Inácio Lemos fez asneiras e nem sempre teve um comportamento. Mas quem enfrentou e afrontou os dirigentes distritais e nacionais no “Maio Quente” de 2003, quando todos tiveram medo e se escondiam, quem deu a cara pelo PS, quem depois de forma destemida ganhou a guerra contra a legalização da secção Lixa, não pode agora ser vitima de comentários infelizes, espúrios e reveladores de falta de educação, principalmente vindo de pessoas que em determinadas alturas elogiavam e felicitavam o comportamento do Presidente da Comissão Política.

Por último, Carlos Zeferino acusa Inácio Lemos por tudo ter feito para ser o candidato do PS à Câmara Municipal. Eu penso o contrário. Primeiro deu demasiada importância e ouvidos aos Presidentes de Junta; segundo permitiu uma eleição, onde participaram todos os eleitos do PS, quando sabia à partida que sairia derrotado. Deu um sinal de democracia e que está na política por prazer e não à procura de tachos, pois, se assim fosse, fazia o que estatutariamente está previsto, ou seja, apenas votavam os eleitos na Comissão Política e aí Inácio Lemos saía vencedor…

A Carlos Zeferino deixo a seguinte: mensagem: deve assumir as suas responsabilidades como político, pois, como eu, ele também foi dos que levou José Campos ao calvário. Errámos na estratégia; errámos na forma; errámos no tempo.

Tu, amigo, és tanto ou mais responsável que Inácio Lemos. Lembra-te que ele nunca equacionou José Campos como candidato, mas, num sinal de humildade política, lá foi convidar José Campos, porque essa foi a vontade da Comissão Política. Nós, depois, não soubemos controlar José Campos, não soubemos impor a Campos as orientações e as directrizes do PS. Esse foi o nosso erro, meu, teu e de outros, que, tolhidos, nos deixamos levar de conversa…

Ao meu amigo Carlos Zeferino, o conselho que lhe deixo é que tenha cuidado e que não acredite em tudo que lhe prometem, pois quando menos esperares aqueles que hoje te usam vão te chutar para canto…

Já agora, amigo, condeno a tua atitude na Assembleia Municipal, vendes-te por pouco…

Peço desculpa por não me identificar, mas, como tenho um negócio e o clima em Felgueiras não é nada democrático, tenho receio das perseguições e ameaças.


Ex-elemento da Comissão Política

Ex-elemento da Direcção de Campanha de José Campos

Militante do PS






A contra-resposta do Sr. Carlos Zeferino a Inácio Lemos é uma grande infelicidade do seu autor. Se tinha toda a razão do mundo (se é que a tinha!), nesta polémica, com a resposta que deu, deixou-a de ter por completo e caiu no ridículo.


O teor do texto não diz nada com a pessoa do seu autor, gabado por ser uma pessoa de princípios éticos e até de devocionismo religioso. Desconfio bem que alguém andou a tramar o senhor Zeferino, a induzi-lo para um gesto que não condiz nada com a sua pessoa, que só respondeu ontem ao direito de resposta de Inácio.


Na passada sexta-feira, realizou-se um convívio no restaurante Cangalho, promovido pelo movimento “Sempre Presente”, para comemorar um ano de gestão municipal. Será que o senhor Zeferino foi à festa e terá encontrado alguém que lhe fez a carta? Desconfio também que algumas expressões na missiva não sejam perceptíveis aos olhos do alegado autor, não porque seja ignorante, mas porque não está enfarinhado em certa linguagem literária.


O texto não deixou de ser embaraçoso para o editor do Diário de Felgueiras, que só por um critério de boa educação e consideração pessoal pelo autarca, olhando à idade deste, o terá metido. Foi um presente envenenado para o editor do DF, que, com grande sentido democrático e de diplomacia, fez uma simples (e excelente!) nota a alertar que não concordava com aquelas palavras desagradáveis, não tão ofensivas Inácio Lemos, ao autor do que o autor pretendia, mas para os leitores.


É pena que o Sr. Carlos Zeferino termine assim como uma carreira política de 30 anos como autarca. É triste sair pela porta do cavalo!


Fernando – Margaride