sábado, setembro 23, 2006

"Será que, neste momento, o PS de Felgueiras existe? - pergunta Carlos Zeferino em comunicado.

Foto "Expresso de Felgueiras"
Carlos Zeferino foi suspenso de militante do PS e enfrenta
um processo disciplinar visando a sua expulsão



Em resposta ao comunicado do PS de 20 de Setembro de 2006, quero esclarecer os Socialistas Felgueirenses em particular e todos em geral do seguinte:



Após as ultimas eleições Autárquicas, os presidentes de Junta do PS, nas reuniões preparatórias das Assembleias Municipais, começaram a ser fortemente pressionados para votarem contra as propostas vindas da Câmara Municipal. Aqueles que discordavam desta estratégia, da qual eu me incluía, eram linearmente insultados, criando-se um clima de intimidação verdadeiramente insuportável e intolerável num regime Democrático, já que os Presidentes de Junta não são eleitos directamente para a Assembleia Municipal, mas sim eleitos por inerência, representando nela a suas freguesias.


Por não suportar mais esta situação, e porque a minha Freguesia é para mim mais importante do que o Partido, resolvi demitir-me da bancada do Partido Socialista da Assembleia Municipal. Procurei fazê-lo com a maior descrição possível, com uma curtíssima declaração sem ofender ninguém e onde apenas pretendi justificar a minha decisão. É por isso que estranho a reacção do secretariado do PS local. Pensava eu, que ao me demarcar da bancada do PS, estava a ter uma atitude digna e séria, já que estava a libertar o Partido de um incómodo, tanto mais que, ainda no dia anterior, tinha lido num diário nacional, que o PS de Gaia estava a pressionar três Presidentes de Junta Socialistas, para terem uma atitude digna e séria, ou seja, que deveriam abandonar a bancada socialista da Assembleia Municipal de Gaia, por terem votado ao lado do PSD, partido, como se sabe, no poder. Pelos vistos, o que para os socialistas de Gaia é digno e sério, para os de Felgueiras é precisamente o contrário. Será por falta de experiência politica? Ou será por apenas carregar, dentro de si, ódio e vingança? Ou será ainda uma reacção de quem está moribundo e de repente sente necessidade de mostrar que está vivo.


Da minha parte, dispensava bem a importância que me estão a dar. Quem me conhece sabe que sou uma pessoa simples e humilde, mas de uma grande dignidade, e foi em nome dessa dignidade que me demiti da bancada do PS. Infelizmente, o secretariado do PS, ainda não me conhece; também não admira: chegaram ao Partido há pouco tempo, e todos sabemos como chegaram! Eu já cá ando há 30 anos!!! E, com muita humildade e dedicação, dei ao PS em Lagares, nove estrondosas vitórias, em nove (9) actos eleitorais consecutivos.


Acho que não fui eu que me promovi à custa do Partido, eu com a minha postura digna e séria, que os Lagarenses apreciam. Promovi o Partido Socialista, levando em Lagares a resultados eleitorais impensáveis. Penso, portanto, que não devo nada ao PS; antes pelo contrário, nunca pedi ao Partido para ser seu candidato, nem sequer pedi para ser militante. Foi um grande socialista deste Concelho - um homem que muito admiro e que se chama Júlio Faria - que me convidou e propôs como militante do Partido, e é por isso que não estou minimamente preocupado com uma eventual expulsão de militante, porque não tenho nem nunca tive ambições politicas; nunca sonhei como alguns sonham: ser Presidente de Câmara ou, pelo menos, vereador. Já me sinto muito lisonjeado por os Lagarenses me elegerem, desde há trinta anos seu Presidente de Junta. Sinceramente, não acho que o Partido esteja para aí virado; se estivesse, num passado recente, teria já expulso alguns dos que agora reclamam a minha expulsão, devido às posições que tomaram. Essas sim, muitíssimo graves e lesivas para o PS, aquando das últimas eleições Autárquicas, e que contribuíram decisivamente para a derrota mais humilhante que o Partido Socialista jamais teve em Felgueiras.


Mas seja o que Deus quiser. Os homens passam, o partido fica.


Mas será que, neste momento, o PS de Felgueiras existe?