sábado, setembro 23, 2006

Estádio do Felgueiras: não apaguem a memória!

Opinião

O primeiro vídeo refere-se à prova de freestyle.


O segundo é um pequeno excerto do jogo de futebol Vitória de Guimarães-Boavista, da época 2002/03, tendo o encontro sido realizado no Estádio do Felgueiras, por empréstimo ao clube vimaranense, que, nessa altura, tinha o seu estádio em obras.

São inestéticas as imagens do primeiro vídeo, porque retrata um evento mal enquadrado no espaço em que é realizado.


Em causa está um dos patrimónios que faz parte da memória colectiva de Felgueiras – o Estádio Dr. Machado de Matos –, cujo clube pelo qual foi construído claudicou aos pés das relações (alegadamente, promíscuas) entre futebol e política, ao fim de 70 anos de vida associativa.




Já bastava isso quando decidiram desferir o “golpe de misericórdia” num palco em que o seu "dono histórico" - o insolvente Futebol Clube de Felgueiras - nos proporcionara, décadas após décadas, pequenas e grandes alegrias, em tardes desportivas de domingo. Merecia um outro tratamento, quiça, um outro destino. Será que este caso não poderia suscitar uma campanha do género "Não Apaguem a Memória!"?

Em 2003, Manuel Freitas, responsável das instalações municipais, em entrevista ao jornal "O Jogo", apelidou, e muito bem, de "primatas" os adeptos do Guimarães que no jogo desse ano entre este clube e FC Porto destruíram centenas e centenas de cadeiras do nosso estádio.

Com esta citação, não queremos insultar de "primatas" quem quer que seja, a pretexto de qualquer paralelismo em relação às opções dos actuais governantes sobre o falado património municipal. Apenas queremos ilustar que o amor que Manuel Freitas demonstrou nessa entrevista em relação ao que acabara de constar obrigou-o, e muito bem, a um gesto de repulsa e condenação sem diplomacias institucionais.




Já lá vão largos meses, e os governantes locais continuam surdos e mudos sobre o espectáculo deplorável que foi a prova de motociclismo Freestyle, realizado sobre o relvado, que suscitou a indignação do cidadão anónimo de Felgueiras. A eventual degradação do tapete e do seu sistema de drenagens legitimaram os protestos, que, infelizmente, não passaram disso mesmo: protestos! Noticiámos na altura, que um novo relvado e o respectivo equipamento de manutenção custariam, nem mais nem menos, 140 mil euros – 28 mil contos, em moeda antiga!




Enquanto a maioria política não se pronuncia sobre esta matéria, os partidos da Oposição, que têm a maioria na AM, dormiram muito sobre o assunto e já o esqueceram.




Este caso poderia ter sido tratado não apenas politicamente – “palavras leva-as o vento”; segundo um jurista nosso amigo, há um coberto legal para diligenciar responsabilidades, como, por exemplo, a eventual intervenção da IGAT.