quinta-feira, setembro 07, 2006

MP não encontrou provas contra Fátima Felgueiras

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OMinistério Público (MP) de Felgueiras arquivou as suspeitas de terem sido cometidos crimes de corrupção no âmbito de um negócio no valor de quase 200 mil euros, em 1997, entre a Câmara de Felgueiras e uma empresa de instalação de aquecimento. Foram ilibadas as condutas da autarca Fátima Felgueiras, do vereador António Pereira e dos dois sócios da empresa. Em causa estava um cheque no valor de 200 contos (mil euros) em nome da empresa depositado na conta do Banco Espírito Santo, que reunia os donativos para a campanha do PS em Felgueiras, nas autárquicas de Dezembro de 1997.


O procurador que subscreve o despacho de arquivamento considerou não haver prova de crimes de corrupção pelo facto de não ter sido apurada a identidade da pessoa da autarquia que solicitou a dita quantia. É que os sócios da referida empresa declararam não se recordarem quem lhes pediu o cheque.



Por sua vez, Fátima Felgueiras declarou não conhecer os dois empresários, ao mesmo tempo que garantiu a legalidade do processo de adjudicação do fornecimento de aquecimento alternativo às escolas primárias de Felgueiras. A empresa em causa apresentou a proposta mais económica no concurso.



O concurso decorreu entre Janeiro e Fevereiro de 1997 e o cheque foi depositado na conta investigada em Novembro. Perante este quadro, o MP entendeu não poder provar que tenha ocorrido crime de corrupção. Antes considerou tratar-se de um mero donativo para a campanha eleitoral.



Além disso, segundo apurou o JN, o magistrado responsável pelo caso justifica ainda o arquivamento pela "fraca definição e clareza", no plano legislativo, quanto ao mundo dos financiamentos partidários.


Recurso pendente


O inquérito agora arquivado resultou de uma certidão do processo principal contra Fátima Felgueiras, designado "saco azul", no âmbito do qual está ainda pendente, na Relação de Guimarães, um recurso sobre o despacho de pronúncia do Tribunal de Guimarães. Recorde-se que a autarca está pronunciada por crimes de corrupção, peculato, participação económica em negócio e abuso de poder. Este compasso de espera evita a hipótese de, depois de iniciado, o julgamento vir a ser anulado, no caso de a Relação decidir invalidar o despacho de pronúncia.



Pendente está ainda a saída da acusação do MP quanto aos casos de financiamento do clube de futebol local, o F. C. Felgueiras, e do jornal regional "Sovela". As investigações estiveram a cargo da PJ de Braga.


Artur Marques, advogado da autarca, sublinhou que o arquivamento do processo é o início do fim das acusações contra a presidente da Câmara de Felgueiras. "Isto significa que o edifício de mentiras e calúnias contra a dra. Fátima Felgueiras começa a ruir e que as acusações que sobre si recaem são infundadas", disse ao JN.