domingo, julho 30, 2006

Ecos da Assembleia Municipal (veja a actualização)

Local

PSD a várias vozes
O PSD/Felgueiras, neste momento, é um partido a duas, três, quatro… e trinta vozes.
Que os vereadores Afonso e Lima tinham votado a favor da proposta da SA para a Zona Empresarial de Várzea já todos o sabíamos! O caricato foi o facto de Francisco Cunha, líder da Concelhia, contrário à decisão dos vereadores do partido, ter ido de férias e deixar a faculdade de recomendação de voto em Eduardo Teixeira. Este, em entrevista à Rádio Felgueiras, diz “raios e coriscos” da proposta, mas chega à sede, na reunião com os autarcas, confrontado por estes, acha que seria melhor que todos se abstivessem. Mas, mesmo assim, deixa para a última hora, a três minutos de começar a AM, a decisão final: “É abstenção, é abstenção!...” – dizia em murmúrio, na sua bancada parlamentar. E mais: Eduardo Teixeira mal sabe que, durante toda a tarde de sexta-feira, um vereador do PSD andou a telefonar a vários presidentes de junta a pedir para votarem a favor.
De resto, Eduardo até fez uma intervenção brilhante.
Higiene política
Quarenta e oito horas antes da realização da AM a Concelhia do PS reuniu-se, na sua sede, com quase 20 dos seus deputados. A indicação de voto foi clara: votar contra a inclusão da Câmara na SA. Todos concordaram, excepto Zeferino, o autarca de Lagares, que se mostrou inflexível, dizendo que iria votar em consciência na proposta.
Contudo, durante a tarde de sexta-feira, os deputados socialistas estavam de olhos e ouvidos postos no PSD – sobre o voto destes, já que, como diz o ditado, "Maria vai com as outras". Estranhamente, a direcção social-democrata demorou muito tempo a decidir sobre o seu sentido de voto, que acabou por ser o da pela abstenção.
Não seria promíscua uma articulação dos dois partidos da Oposição sobre assuntos deste género, já que 18 deputados entre os 33 que votaram a favor não o fizeram por convicção, mas por mera condição de “parentes pobres” da política, que são os presidentes de junta. Sinceros foram os deputados “Sempre Presente”, que votaram conforme a sua própria vontade. Entre os do PSD e do PS, apenas 10 parlamentares quiseram ser ovelhas ranhosas.
Mesmo assim, os esforços da política de autonomia do PS, encetada pela nova Concelhia, em relação ao “Sempre Presente” não deixam de produzir os seus frutos: afinal foram 27 os que não votaram a favor. Longe moram os unanimismos de antanho.
A jovem Concelhia do PS/Felgueiras tem muito trabalho pela frente, de candeia na mão, a guiar quem não está a favor das grandes linhas filosóficas da maioria. Para sua substância e para substância do direito ao contraditório em Felgueiras, o PS tem que tentar atrair o PSD, ou parte do PSD, para essa missão. A História provou-nos que a necessidade faz o acaso. Vai ser muito difícil estabelecer pontes entre os dois partidos da Oposição, mais por parte do PSD, mas não é impossível. Mais tarde ou mais cedo, essa ligação será inevitável, porque, se assim não for, as dinâmicas desses dois partidos em Felgueiras tenderão a desaparecer. A Oposição desapareceria e tudo voltaria ao que era antes.
Dizemos isto não por sermos a favor ou contra alguém politicamente, mas porque terra ou país onde não haja o princípio do contraditório tornam-se arenas da democracia musculada. Veja-se como a Comunicação Social em Felgueiras está condicionada… E não se pode compreender, por exemplo, que alguém vote a favor o quer que seja contra a sua própria vontade, só porque está condicionado à promessa de uma verba ou de um protocolo especial, como é o caso dos presidentes de junta.
Haja higiene política!
Farta de levar no lombo
Fátima Felgueiras, a propósito da gestão para ZAEV, disse que a mesma está programada conforme o modelo do Governo e afirmou: “Sou a última pessoa a querer ilegalidades por estar farta de levar no lombo, por coisas de que não tenho culpa”.

Ora, ora, Drª... Também o Dr. Pereira e os seus ex-vereadores estão fartos de levar no lombo pelas razões que se conhecem.

Para férias

Mais uma vez, a presidente da Câmara, para levar por diante as suas convicções, colocou a possibilidade do cenário do não pagamento dos vencimentos aos funcionários. Tornou a falar na situação económico-financeira da autarquia, ao ponto de dizer que “todos os meses aumentam as dívidas”. E acrescentou: “Para gerir dívidas mais vale ir de férias e contratar uma assessoria financeira”.

Pois é, Dr.ª!... Não foi isso mesmo que fez quando fugiu para o Brasil, onde esteve dois anos e meio de férias?

Contra as barracas
Curiosa foi a declaração de voto, informal, do presidente da Junta de Várzea, Artur Faria. Disse que votava a favor porque o terreno para a zona empresarial fica na sua freguesia e que, pelo menos, as obras para tais infra-estruturas irão levar ao derrube das barracas naquela zona.
Bastava chegar-lhe o lume…
Registe-se em acta, Sr. Orlando!
Marques da Silva, do PS, mostrou a sua indignação pelas palavras de Fátima Felgueiras, que terá insinuado que o deputado é contra a participação da Câmara na SA porque não foi a sua empresa a fazer o estudo (foram estas, mais ou menos, as palavras).
O deputado exigiu à Mesa que as declarações ficassem registadas em acta.
Mais um processo judicial?!...
Sem Doutoramento
O mesmo deputado, Marques da Silva, a propósito da sustentação legal da dita proposta, disse, na AM, que admira o Dr. Marques de Carvalho, Ilustre jurista da autarquia, de quem diz ser amigo e achá-lo muito competente, mas que… ainda não fez o Doutoramento.
É estranho, que ainda não tenha acabado o Doutoramento. A Sr.ª Presidente, há quatro anos, reconheceu, numa entrevista a um jornal local, que o “caso Felgueiras” está a fazer jurisprudência.
Raspanete
José Lemos, secretário da Junta de Margaride, andou numa azáfama enorme neste sábado, dia seguinte à AM: telefonou a vários presidentes de junta do PSD que votaram a favor da SA e, muito indignado, passou-lhes fortes raspanetes. Num desses contactos, chegou a gritar desta maneira: “Ela tem razão quando diz que em Felgueiras só há nabos!”. O outro autarca, seu interlocutor, do outro lado da linha, respondeu em tom idêntico: “Ora essa, ralha mas é com o Zé Luís, o teu presidente, que também votou a favor!...” Zé Lemos nem queria acreditar: “O quê?!... Ele absteve-se!...” O outro autarca ironizou: “Na, na, meu menino… Também votou a favor”. O secretário da Junta não esteve com meias medidas, respondendo: “Então espera aí, que quando eu chegar à Junta esse melro vai ouvir das que não quer…”
Carta Educativa
Com o monopólio da discussão sobre a proposta para a SA, ficou de lado a análise da proposta da Carta Educativa, que ainda vai dar muito que falar, quando as populações constatarem o encerramento de algumas escolas.
Nessa altura, os presidentes das juntas das freguesias afectadas nem sequer se vão lembrar que votaram esse ponto de olhos fechados.