quinta-feira, junho 29, 2006

O boicote e a fuga de informação

Esteve mesmo, mesmo para acontecer, mas, felizmente, não aconteceu, porque uma fuga de informação acabou por abortar o plano de boicote.
Seria uma enorme injustiça para os milhares de felgueirenses que incorporaram o cortejo. Além disso, independentemente das razões de cada um, ninguém merece ser vexado, muito menos publicamente, da forma que estava a ser pensado. Também, não seria dessa forma que o problema iria ser resolvido; pelo contrário, agrava-lo-ia e, mais uma vez, Felgueiras iria ser notícia no País pelos piores motivos.
Para quem tem preocupações sociais como nós temos, de certo modo, não podemos deixar de perceber a angústia e o prejuízo dos pequenos comerciantes afectados pela proibição de se instalarem na romaria, mas condenamos qualquer tentativa de vexame ou de violência.
Para quem já foi militante, dirigente e até eleito nas listas da família socialista – com raízes no pensamento de Antero de Quental e José Fontana, do século XIX – colocar restaurantes (caros) em vez de barracas de “comes e bebes”, pode cheirar ao mais puro neo-liberalismo capitalista, do qual só pode gabar-se Milton Friedman, autor do livro “Liberdade para Escolher” e da escola política de “Chicago Boys”, que, de tão liberal que era, caiu na contradição política de ter tomado o controlo do Estado chileno ao tempo da ditadura de Augusto Pinochet.
Com efeito, aproveitamos para dizer que os políticos (já que, neste caso, a componente política se sobrepõe na organização das festas) deviam cingir os seus actos e medidas conforme o seu pensamento político – se é que o têm! –, com opções que devem ser sempre discutíveis, para serem tomadas democraticamente.
De resto, bom S. Pedro! Comam e bebem, mas cuidado com o colesterol.