Meu caro senhor
Sérgio Martins:
Sérgio Martins:
Antecipadamente, desde já, queira aceitar os meus respeitosos cumprimentos.
Não estranhe por só hoje responder ao post que no sábado colocou no seu blogue, intitulado ""Sérgios" há muitos, mas..." . Só hoje o pude fazer, devido a compromissos particulares e inadiáveis.
Não é meu hábito alimentar polémicas deste género , ao contrário do senhor, que insiste em querer manter comigo uma quezília desnecessária e desprovida de qualquer razão de ser, para desgosto dos que acreditam que a exposição de ideias é um valor democrático e cultural, e para gosto de alguns, que veêm no uso da liberdade de expressão uma desonra a certos poderes instalados.
Tal como frisei no meu post anterior, prezo uma boa diplomacia institucional entre o meu e o seu blogue, não obstante, a nível pessoal, nunca nos ter sido proporcionada a oportunidade para aprofundarmos a nossa relação. Como é costume dizer-se, conhecemo-nos apenas de “vista”, embora já tivêssemos trocado cumprimentos. Em todo o caso, valorizo a pessoa do senhor pela participação, exposição e debate de ideias, de que Felgueiras ainda tanto carece. Louvo-o por isso. Devo reconhecer que o senhor, no seu blogue, presta um bom serviço à Democracia em Felgueiras, pois aborda assuntos deveras importantes para o concelho que alguns – entre os quais, há os que lhe são politicamente próximos e estão em melhor posição política e social para o fazer – evitam abordar, para não terem problemas com os poderes que se julgam absolutos. Contudo, não pode menosprezar o modesto valor da intervenção pública de outras pessoas, como no meu caso – autor do blogue DIÁRIO DE FELGUEIRAS. Digo modesto valor, porque nunca quis assumir o papel elitista de mestre ou de educador cívico.
O senhor Sérgio Martins tem de ter a humildade bastante para reconhcer que errou – errar é humano –, ao reagir como está a reagir na sequência do cartoon colocado pelo DIÁRIO DE FELGUEIRAS intitulado “Bancarrota”, principalmente agora – neste seu segundo post. Devo-lhe confessar que me desgostou o seu gesto, não porque ficasse particular ou moralmente beliscado com isso, mas porque verifico que o senhor já começa a correr o sério risco de perder qualidades, ou seja, de desbaratar o serviço de interesse público que o seu blogue ainda representa para todos os felgueirenses de boa vontade. Neste seu segundo post, entre alguns argumentos factuais, que até poderei aceitar, privilegiou a atitude menos feliz de fazer juízos de intenções em relação à minha pessoa, principalmente ao dizer: “O senhor tem o hábito da peserguição, de que é perseguido e que está tudo contra si. Não neste caso, e muito menos da minha pessoa. Razão terá, que a tem, em relação a outros”.
A primeira oração da primeira frase, gramaticalmente, é ambígua, pois não sei se entre as palavras “perseguição” e “ de que”, pretende colocar dois pontos ou travessão ou, ainda, colocar parêntesis entre “de que” e o final da frase, para que a segunda oração reforce a ideia da primeira, ou vice-versa. Se pretende colocar efectivamente a vírgula, para que a primeira oração seja lida em forma de elipse, o caso é mais grave e configura crime por ofensa caluniosa.
Quem fala em perseguição é o senhor Sérgio Martins! O senhor não me conhece o suficiente para falar assim dessa maneira. Eu não disse e nem sequer insinuei que o teor do seu primeiro post tinha qualquer intenção persecutória. Não, senhor. Ao contrário do que diz, eu não tenho a mania da perseguição, nem acho que todos estão contra mim. O seu partido – o PSD – reconhece que, de facto, sou perseguido e ajudou a denunciar o caso. Até o Paulo Ribeiro, meu bom amigo, referiu isso no “Felgueiras 2005”. Mas com que raio vem agora o senhor Martins com esse paleio?
Se eu não conhecesse bem Felgueiras pensaria que o senhor está a tomar presunção e água benta em demasia, mas reconheço que o seu primeiro post não é, de forma alguma, um gesto egocêntrico, de ingenuidade ou de perseguição ao autor do DIÁRIO DE FELGUEIRAS. Não. Não, senhor. Trata-se, isso sim, de uma inequívoca demonstração de susto e de pavor.
Já que o senhor enveredou pela atitude de ajuizar as minhas intenções e fazer comentários sem nexo algum, devo dizer, se é frontalidade que me pede, que o senhor anda, de facto, muito aborrecido, porque um ilustre advogado da nossa praça, com influência política no meio, deixou de cumprimentar o senhor, há cerca de meio ano para cá, por ser o autor do blogue “Felgueiras 2005”, onde, muito natural e civilizadamente, sem ofender quem quer que seja, tem uma equipa de colaboradores que expõe ideias e provoca o debate desejável. Soube isso ontem por um seu companheiro de partido, onde o senhor desabafou o incidente. Há dias, o senhor Martins passou por essa ilustre figura, disse-lhe “bom dia”, “boa tarde” ou “boa noite”, e o homem não lhe respondeu.
Ora bem, meu caro. Coração ao alto! Agora não há volta a dar-lhe. Fugir para trás ou para os lados é um acto suicida. Não faça disso um drama, nem faça nada, porque, quase sempre, a “emenda é pior que o soneto”. E, no mesmo sentido, não queira, o senhor, que seja eu a pagar-lhe as favas, melhor dizendo, não me escolha como alvo ou instrumento – qual bode expiatório – para conseguir uma reconciliação com o dito ilustre, apontando-me, a mim, as espingardas. O senhor, no seu desconfotável estado de espírito, pode tentar todos os meios e feitios para lhe agradar – até lhe pode descobrir o caminho marítimo para a Lua –, mas o certo é que as pessoas que não respeitam outras apenas pelo simples facto de usarem a liberdade de expressão, mais tarde ou mais cedo, tentarão fazer estragos às suas potenciais vítimas. Quem usar ter opiniões que lhes desagradam, uma única vez que seja, passará a ser considerado, no vocabulário deles, “canalha” toda a vida. Pode até, um dia, tornar a cumprimentá-lo, mas, na primeira oportunidade, pode crer, meu caro Sérgio, espeta-lhe a “facada” por trás. É melhor que não o cumprimente; assim o senhor fica mais alerta, pois já sabe o que dele pode esperar: tudo, menos coisa boa.
Como vê, senhor Martins, falou em perseguição; aí tem, e não da minha parte. É este o preço pelo uso da liberdade de expressão em Felgueiras. No início, românticos ou ingénuos, pensámos que dar opinião é participar e construir uma sociedade melhor; depois, vemos como se torna difícil e cada vez mais penoso suportar a pena que reproduz as nossas ideias, as nossas preocupações, os nossos sonhos e projectos. Porque “eles não sabem nem sonham que o sonho comanda a vida”. Aqui há tempos, o senhor Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, apelava à participação dos cidadãos na vida política portuguesa. Tão romântico ou ingénuo é D. José como nós somos, ao acreditar que é assim tão puro o nosso regime democrático. Vivemos, de facto, em Democracia, mas ainda não vivemos a Democaria. E em Felgueiras é aquilo que se vê: uma dura e cruel realidade para quem usa pensar.
Mas é por acreditar na Democracia que aqui estou, consigo – estamos, de mãos dadas – neste “entretimento”, que é contribuir para a exposição de ideias, ajudando a provocar o debate político e democrático em Felgueiras. Não estamos aqui para emitir desabafos ou arrufos de estado de espírito, pois não?
Da minha parte, senhor Sérgio Martins, pode contar comigo – para a solidariedade que vier a precisar, ou seja, para o que “der e vier”. Sem pretender fazer o papel de mestre ou de libertador, reafirmo a minha solidariedade. De resto, vá contando consigo mesmo e com poucos mais... Mas eu, mais uma vez lhe digo, estarei consigo e ajudá-lo-ei no que for necessário nesta sua bonita atitude de comunicar, informar, debater, enfim, contribuir para a democratização e transparência dos procedimentos públicos, pois, como deverá concordar comigo, a maturidade de um regime democrático e de Direito não se recebe; conquista-se no quotidiano de todos nós.
Do fundo do coração, não lhe desejo o mal pelo que estou a passar, mas, infelizmente, isto, em Felgueiras, toca a todos. Não é verdade?
Sem mais nada, aceite o convite de boa fraternidade entre ambos e reitero os cumprimentos formulados.
JCP
PS. – Esta “polémica”, levantada pelo senhor Sérgio Martins, termina aqui. Não responderei a outros eventuais posts sobre o assunto em epígrafe.
Não é meu hábito alimentar polémicas deste género , ao contrário do senhor, que insiste em querer manter comigo uma quezília desnecessária e desprovida de qualquer razão de ser, para desgosto dos que acreditam que a exposição de ideias é um valor democrático e cultural, e para gosto de alguns, que veêm no uso da liberdade de expressão uma desonra a certos poderes instalados.
Tal como frisei no meu post anterior, prezo uma boa diplomacia institucional entre o meu e o seu blogue, não obstante, a nível pessoal, nunca nos ter sido proporcionada a oportunidade para aprofundarmos a nossa relação. Como é costume dizer-se, conhecemo-nos apenas de “vista”, embora já tivêssemos trocado cumprimentos. Em todo o caso, valorizo a pessoa do senhor pela participação, exposição e debate de ideias, de que Felgueiras ainda tanto carece. Louvo-o por isso. Devo reconhecer que o senhor, no seu blogue, presta um bom serviço à Democracia em Felgueiras, pois aborda assuntos deveras importantes para o concelho que alguns – entre os quais, há os que lhe são politicamente próximos e estão em melhor posição política e social para o fazer – evitam abordar, para não terem problemas com os poderes que se julgam absolutos. Contudo, não pode menosprezar o modesto valor da intervenção pública de outras pessoas, como no meu caso – autor do blogue DIÁRIO DE FELGUEIRAS. Digo modesto valor, porque nunca quis assumir o papel elitista de mestre ou de educador cívico.
O senhor Sérgio Martins tem de ter a humildade bastante para reconhcer que errou – errar é humano –, ao reagir como está a reagir na sequência do cartoon colocado pelo DIÁRIO DE FELGUEIRAS intitulado “Bancarrota”, principalmente agora – neste seu segundo post. Devo-lhe confessar que me desgostou o seu gesto, não porque ficasse particular ou moralmente beliscado com isso, mas porque verifico que o senhor já começa a correr o sério risco de perder qualidades, ou seja, de desbaratar o serviço de interesse público que o seu blogue ainda representa para todos os felgueirenses de boa vontade. Neste seu segundo post, entre alguns argumentos factuais, que até poderei aceitar, privilegiou a atitude menos feliz de fazer juízos de intenções em relação à minha pessoa, principalmente ao dizer: “O senhor tem o hábito da peserguição, de que é perseguido e que está tudo contra si. Não neste caso, e muito menos da minha pessoa. Razão terá, que a tem, em relação a outros”.
A primeira oração da primeira frase, gramaticalmente, é ambígua, pois não sei se entre as palavras “perseguição” e “ de que”, pretende colocar dois pontos ou travessão ou, ainda, colocar parêntesis entre “de que” e o final da frase, para que a segunda oração reforce a ideia da primeira, ou vice-versa. Se pretende colocar efectivamente a vírgula, para que a primeira oração seja lida em forma de elipse, o caso é mais grave e configura crime por ofensa caluniosa.
Quem fala em perseguição é o senhor Sérgio Martins! O senhor não me conhece o suficiente para falar assim dessa maneira. Eu não disse e nem sequer insinuei que o teor do seu primeiro post tinha qualquer intenção persecutória. Não, senhor. Ao contrário do que diz, eu não tenho a mania da perseguição, nem acho que todos estão contra mim. O seu partido – o PSD – reconhece que, de facto, sou perseguido e ajudou a denunciar o caso. Até o Paulo Ribeiro, meu bom amigo, referiu isso no “Felgueiras 2005”. Mas com que raio vem agora o senhor Martins com esse paleio?
Se eu não conhecesse bem Felgueiras pensaria que o senhor está a tomar presunção e água benta em demasia, mas reconheço que o seu primeiro post não é, de forma alguma, um gesto egocêntrico, de ingenuidade ou de perseguição ao autor do DIÁRIO DE FELGUEIRAS. Não. Não, senhor. Trata-se, isso sim, de uma inequívoca demonstração de susto e de pavor.
Já que o senhor enveredou pela atitude de ajuizar as minhas intenções e fazer comentários sem nexo algum, devo dizer, se é frontalidade que me pede, que o senhor anda, de facto, muito aborrecido, porque um ilustre advogado da nossa praça, com influência política no meio, deixou de cumprimentar o senhor, há cerca de meio ano para cá, por ser o autor do blogue “Felgueiras 2005”, onde, muito natural e civilizadamente, sem ofender quem quer que seja, tem uma equipa de colaboradores que expõe ideias e provoca o debate desejável. Soube isso ontem por um seu companheiro de partido, onde o senhor desabafou o incidente. Há dias, o senhor Martins passou por essa ilustre figura, disse-lhe “bom dia”, “boa tarde” ou “boa noite”, e o homem não lhe respondeu.
Ora bem, meu caro. Coração ao alto! Agora não há volta a dar-lhe. Fugir para trás ou para os lados é um acto suicida. Não faça disso um drama, nem faça nada, porque, quase sempre, a “emenda é pior que o soneto”. E, no mesmo sentido, não queira, o senhor, que seja eu a pagar-lhe as favas, melhor dizendo, não me escolha como alvo ou instrumento – qual bode expiatório – para conseguir uma reconciliação com o dito ilustre, apontando-me, a mim, as espingardas. O senhor, no seu desconfotável estado de espírito, pode tentar todos os meios e feitios para lhe agradar – até lhe pode descobrir o caminho marítimo para a Lua –, mas o certo é que as pessoas que não respeitam outras apenas pelo simples facto de usarem a liberdade de expressão, mais tarde ou mais cedo, tentarão fazer estragos às suas potenciais vítimas. Quem usar ter opiniões que lhes desagradam, uma única vez que seja, passará a ser considerado, no vocabulário deles, “canalha” toda a vida. Pode até, um dia, tornar a cumprimentá-lo, mas, na primeira oportunidade, pode crer, meu caro Sérgio, espeta-lhe a “facada” por trás. É melhor que não o cumprimente; assim o senhor fica mais alerta, pois já sabe o que dele pode esperar: tudo, menos coisa boa.
Como vê, senhor Martins, falou em perseguição; aí tem, e não da minha parte. É este o preço pelo uso da liberdade de expressão em Felgueiras. No início, românticos ou ingénuos, pensámos que dar opinião é participar e construir uma sociedade melhor; depois, vemos como se torna difícil e cada vez mais penoso suportar a pena que reproduz as nossas ideias, as nossas preocupações, os nossos sonhos e projectos. Porque “eles não sabem nem sonham que o sonho comanda a vida”. Aqui há tempos, o senhor Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, apelava à participação dos cidadãos na vida política portuguesa. Tão romântico ou ingénuo é D. José como nós somos, ao acreditar que é assim tão puro o nosso regime democrático. Vivemos, de facto, em Democracia, mas ainda não vivemos a Democaria. E em Felgueiras é aquilo que se vê: uma dura e cruel realidade para quem usa pensar.
Mas é por acreditar na Democracia que aqui estou, consigo – estamos, de mãos dadas – neste “entretimento”, que é contribuir para a exposição de ideias, ajudando a provocar o debate político e democrático em Felgueiras. Não estamos aqui para emitir desabafos ou arrufos de estado de espírito, pois não?
Da minha parte, senhor Sérgio Martins, pode contar comigo – para a solidariedade que vier a precisar, ou seja, para o que “der e vier”. Sem pretender fazer o papel de mestre ou de libertador, reafirmo a minha solidariedade. De resto, vá contando consigo mesmo e com poucos mais... Mas eu, mais uma vez lhe digo, estarei consigo e ajudá-lo-ei no que for necessário nesta sua bonita atitude de comunicar, informar, debater, enfim, contribuir para a democratização e transparência dos procedimentos públicos, pois, como deverá concordar comigo, a maturidade de um regime democrático e de Direito não se recebe; conquista-se no quotidiano de todos nós.
Do fundo do coração, não lhe desejo o mal pelo que estou a passar, mas, infelizmente, isto, em Felgueiras, toca a todos. Não é verdade?
Sem mais nada, aceite o convite de boa fraternidade entre ambos e reitero os cumprimentos formulados.
JCP
PS. – Esta “polémica”, levantada pelo senhor Sérgio Martins, termina aqui. Não responderei a outros eventuais posts sobre o assunto em epígrafe.