terça-feira, fevereiro 28, 2006

Entrevista a João Gomes Duarte

Tal como já noticiámos, encontrou-se em Portugal, mais concretamente, em Felgueiras, João Gomes Duarte, presidente do muncípio de S. Miguel, da República de Cabo Verde, no âmbito do programa de cooperação daquela autarquia com algumas entidades felgueirenses, principalmente com o Rotary Clube de Felgueiras e com a Associação para o Desenvolvimento Social de Margaride, que, no ano passado, colaboraram numa acção de solidariedade com aquele concelho cabo-verdiano através da doacção de bens.
Com efeito, em jeito de pequeno balanço da visita de trabalho do político africano, entrevistámo-lo, por escrito, no sentido de nos dar conta da sua satisfação.

Como, quando e com que entidades de Felgueiras nasceu esta cooperação?
Esta cooperação nasceu a partir de uma visita efectuada à ESTFG, em Abril do ano passado. Num encontro com os estudantes cabo-verdianos esteve presente o senhor Deodato Martins, na altura Presidente da Rotary Club de Felgueiras. Nessa ocasião apresentamos a nossa intenção de criar uma Biblioteca Municipal na Vila de Calheta. O senhor Deodato achou interessante a ideia e prometeu ajudar.

Quais os principais benefícios obtidos por via deste intercâmbio, agora e ao longo do tempo?
No quadro desta cooperação foi enviado a São Miguel – Cabo Verde, em Agosto de 2005, um contentor de 20” contendo uma grande quantidade de livros, materiais escolares, roupas, etc. Nesta visita ficou confirmada a doação de dois autocarros para o transporte de alunos. Outras acções poderão vir a ser concretizadas.

Tendo em atenção a acentuada crise económica que se vive em Portugal, tem sentido a diminuição de apoios por parte destas entidades?
Iniciamos esta cooperação há um ano e neste curto período de tempo acções concretas foram já desenvolvidas e as expectativas são encorajadoras. A crise é universal e é claro que a mesma constituirá sempre um factor limitativo. Todavia, havendo vontade é sempre possível fazermos algo.

Quais os objectivos desta visita de trabalho?
Reconhecer e agradecer pela acção desenvolvida no ano passado e lançar novas bases para o desenvolvimento desta cooperação, que espero continue a desenvolver.
Pretendemos ainda formalizar alguns protocolos de cooperação, designadamente com a ADSFM – Associação para o Desenvolvimento Social da Freguesia de Margaride, com o IPP – Instituto Politécnico do Porto e com a Junta de Freguesia de Margaride.

Quais são as principais carências da população do município de que é presidente?
Trata-se de um município jovem e encontra-se ainda na fase de infra-estruturação. Abastecimento de água, saneamento básico, educação e saúde são as áreas consideradas prioritárias, sem descurar as grandes infra-estruturas de suporte ao processo de desenvolvimento.

Sendo o 6.º ano a escolaridade obrigatória em Cabo Verde, em que sentido o grupo de estudantes cabo-verdianos numa escola superior de Felgueiras (Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Felgueiras) pode contribuir para a modernização e desenvolvimento do seu país?
O desenvolvimento faz-se com base no homem e este para melhor contribuir no processo de desenvolvimento terá que estar formado, preparado para assumir os desafios. É o que se espera dos jovens quadros. Que contribuam para o desenvolvimento do país.

Acredita que o futuro de África, sem perder a sua cultura, deve aproximar-se economicamente da Europa?
Não só da Europa, como do mundo. Há que ter uma visão universal e políticas económicas integradoras. Estamos na era da globalização.