quinta-feira, novembro 03, 2005

Direito de resposta

A entrevista de Marques da Silva, publicada no blog Diário de Felgueiras, é uma amálgama de disparates, repetições e confusões que deixam qualquer militante do Partido Socialista admirado e perplexo.
Como pode alguém que não é militante do PS e que até ao dia 12 de Agosto nunca tinha tido qualquer contacto com o PS e que se apresentou como independente nas listas do Partido Socialista, imiscuir-se na vida interna de um partido democrático, sério e com regras?
A forma afrontosa e ofensiva com que fala de Partido Socialista demonstram um claro desconhecimento quer da vida democrática do Partido Socialista quer dos estatutos pelo qual se regem os militantes socialistas. Por isso espero que esse senhor nunca mais fale publicamente do PS/Felgueiras e da vida interna do PS/Felgueiras.
Quanto à propalada “ confusão, propositadamente, gerada à volta da legitimidade da própria candidatura; (…)”, aconselho a uma leitura atenta e cuidada dos estatutos do PS, nomeadamente do art. 41º - sobre as competências da Comissão Política Concelhia – alínea d) onde se lê: aprovar, nos termos do art. 91º, as listas de candidatos aos órgãos autárquicos do respectivo concelho. No art. 91º - da designação para cargos políticos – ponto 1, a designação de cargos políticos compete; alínea b) À CPC, quando se trate de cargos de âmbito concelhio ou relativamente às freguesias, às quais não corresponde secção de residência. Perante isto, facilmente se conclui que se alguém propositadamente feriu a legitimidade e legalidade da candidatura foi o candidato e todos aqueles que o acompanharam nesse processo de autodestruição, de desrespeito e de afronta. Nunca a maioria da CPC impôs qualquer nome, apenas pretendia que o segundo, quarto, sexto, oitavo e décimo lugar da lista à CMF fossem ocupados por militantes do PS e que o primeiro lugar à AM fosse ocupado também por um militante do PS.
É indigna e ofensiva a forma como tratou o Dr. Almeida Santos, Presidente do PS. Pessoa por quem todos os socialistas nutrem carinho, admiração e que é uma referência não só do PS mas da democracia portuguesa e que não merecia ser tratado de forma tão ofensiva por pessoas que no seu currículo não se lhe reconhece qualquer mérito ou feito de relevo político e social.
E para terminar esta polémica, o PS local apenas concorreu às Assembleias de Freguesia, conforme se pode aferir do acórdão do Tribunal Constitucional.
Defender o Partido que represento e que sou presidente não me parece que isso seja motivo de hipocrisia. Hipócritas são todos aqueles que fizeram o seu percurso político em partidos de direita e extrema-direita e que agora se apelidam de socialistas. Nunca duvidei dos meus ideais políticos, nunca acompanhei visitas a freguesias em excursões do CDS/PP, nunca escrevi contra o Partido Socialista, contra a gestão socialista e contra os autarcas socialistas, esses que o fizeram é que são hipócritas. Esse tipo de pessoas fazem lembrar os jogadores de futebol que quando deixam um clube e chegam por exemplo ao Porto, Benfica ou Sporting a primeira coisa que dizem é “desde pequenino sempre fui do Benfica” ou “desde pequenino sempre fui do Porto” ou “desde pequenino sempre fui do Sporting” conforme o clube que assinam. Qualquer dia ainda vamos ouvir que Marques da Silva quando nasceu já trazia o cartão de militante do PS na mão!Foi este tipo de hipocrisia que os felgueirenses castigaram! Os felgueirenses são pessoas inteligentes e identificam quem são os oportunistas e hipócritas mesmo quando as condições climatéricas são as mais adversas. Por isso preferem ser conduzidos através do retrovisor do que com um motorista hipócrita, oportunista e contorcionista.
O PS/Felgueiras tem um presidente, um secretariado e uma comissão política. Até às próximas eleições internas compete a esta comissão política assegurar uma adequada coordenação entre os autarcas eleitos para os órgão locais e as estruturas do Partido, tendo em vista a definição conjunta da política autárquica a prosseguir no âmbito concelhio, - Estatutos o Partido Socialista, art. 41, alínea f). Por isso quem representa o PS/Felgueiras em reuniões ou outras iniciativas que visem os interesses do concelho de Felgueiras é o seu presidente ou alguém por ele indicado. Quem orienta os eleitos locais é o presidente do PS sobe orientação da comissão política, por isso quem não estiver disponível a aceitar estas regras deve automaticamente suspender os cargos para os quais foram eleitos. O PS é um partido com regras!
Compete aos militantes do PS desenharem as suas linhas de orientação e de rumo. Mal estaria o PS/Felgueiras se agora se iria socorrer dos coveiros de 9 de Outubro. O PS/Felgueiras não precisa de um refresh – porque isso é ficar tudo na mesma, isso é restaurar o sistema, isso é restaurar algo que por motivos alheios não ficou disponível no momento – o PS/Felgueiras necessita de um upgrade – é preciso dotar o PS com mais e melhor capacidade e desempenho, ou seja é necessário substituir as peças obsoletas que já não respondem com eficácia aos desafios do presente e do futuro – isto para falar numa linguagem informática.
Quantos aos inúmeros dislates que estão plasmados ao longo da entrevista, deixo para que o tempo se encarregue de dar a resposta foi assim no passado, estou certo que também o será no futuro.
Para terminar este meu comentário, quero deixar uma citação do Padre António Vieira sobre a natureza do homem, “duas coisas há nos homens que os costumam fazer roncadores, porque ambos incham: o saber e o poder.”