domingo, fevereiro 12, 2012

Manuel Coelho dos Santos


 Virgínia Moura, Óscar Lopes, Rui Luís Gomes, Mário Cal Brandão, 
entre outros, durante um comício da oposição ao Estado Novo.


Deu-se mal com os partidos, mas esteve sempre de bem com a Política – ou seja, com a sua consciência e com a intervenção cívica exigida em diversos momentos políticos da sua vida.
Manuel Coelho dos Santos faleceu na semana que passou, com 84 anos de idade. Advogado, escritor e oposicionista ao Estado Novo, o seu nome é, numa só frase, sinónimo de pureza, honra e honestidade.
Republicano e, a bem dizer, simpatizante de uma social-democracia com mais consciência social, Coelho dos Santos, era, ultimamente, o único sobrevivente do grupo de advogados democratas do Porto que, em 1958, convidou o general Humberto Delgado a candidatar-se à Presidência da República, contra o candidato do regime, Américo Thomaz.
Nesse grupo portuense de activistas democratas pontificavam homens como Mário Cal Brandão, Arnaldo Mesquita, Artur Santos Silva e António Macedo. Ainda no tempo do Estado Novo, tendo sido um dos fundadores da ASP – Associação Socialista Portuguesa (antecessora do PS), Coelho dos Santos foi um corajoso defensor de presos políticos, principalmente do PCP, nos Tribunais Plenários. Chegou a deputado da Assembleia Nacional eleito pela lista da CEUD (oposição), mas em 1975, já depois da Revolução de Abril, não quis integrar o partido de Mário Soares. Uma década mais tarde abandonou o cargo de deputado à Assembleia da República, para a qual tinha sido eleito nas listas do PSD na qualidade de independente. A amnistia a Otelo Saraiva de Carvalho, arguido no caso FUP/FP 25 de Abril, terá sido um dos raros momentos no pós-25 de Abril em que Coelho dos Santos e Mário Soares estiveram politicamente de acordo. Em 1986, o advogado do Porto apoiou a candidatura de Francisco Salgado Zenha à Presidência da República, numa eleição em que Soares “passou” à segunda volta e acabou por vencer o sufrágio, contra Freitas do Amaral.
Manuel Coelho dos Santos deixou um livro de memórias, que será brevemente editado. 
Deixamos aqui um excerto de uma entrevista que deu em 1986 ao jornalista Manuel Vilas Boas (TSF)
Clique aqui para ouvir entrevista
JCP