quarta-feira, dezembro 22, 2010

Alice ainda mora aqui

Celeste Pereira (declamadora) Carlos Magno (apresentador),
Alice Rios (escritora) e Carlos Lopes (editor)

A parte dos confrades na assistência

Foram algumas as dezenas de leitores e amigos que se juntaram, ontem dia 20, à sessão do lançamento do primeiro livro de poesia de Alice Rios – antiga professora do ensino básico, jornalista aposentada do Jornal de Notícias e que já tem obra publicada noutras áreas, tais como, literatura infantil e sobre a história das famílias tradicionais do Porto.
O evento realizou-se na já secular Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto. A apresentação esteve a cargo do jornalista e professor Carlos Magno. A obra tem por título “Condomínio Aberto” e reúne poemas da autora elaborados nas últimas quatro décadas. Porque Alice Rios seguiu o conselho de Mário Castrim no ano distante de 1982. Ao testemunhar o entusiasmo com que alguém dizia os poemas dela aos microfones da RTP, garantindo-lhe a edição dos mesmos, Castrim aconselhou-a, no seu "Canal da Crítica", a não acreditar em tudo o que se dizia da sua poesia, dizendo-lhe que organizasse a sua sensibilidade, que essa, sim, lhe parecia ser boa e, então, depois, saberia o que era a poesia.
A sala estava fria, mas o calor foi-se adensando à medida dos sentimentos revividos, da emoção de se estar vivo e fino a dizermos que não desistimos, que não desesperamos e porque, tal como disse Carlos Magno, Alice ainda mora aqui, a contradizer o título de um filme muito conhecido. E só fizeram falta as pessoas que marcaram presença, das quais alguns se deslocaram propositadamente de longe, de diversos pontos do norte do país para acarinharem esta escritora, marcada pela ternura e, tal como se diz na gíria futebolística, com raiva e bravura para comer a relva em que joga. E, certamente, vamos ter novas facetas de Alice à luz do dia, além do texto para a infância, além da poesia e além da historiografia: espera-se que o seu teatro encontre mecenas que o elevem ao palco e que lhe sobre vida e energia para concluir o seu sonho primordial - o romance. Porque a formiguinha é assim: formiguinha e loba, que não desiste e que, através escrita, nos dá a sua visão do mundo. E é na escrita que Alice perde a aspereza da vida, transformando em mel o fel das muitas vidas que já viveu e observou.
“A Alice tem uma poesia suave, leve, subtil. Brinda-nos com a sua musicalidade. Uma poesia que não precisa de ser rebuscada, que procura os sons e a música nos versos, como é da tradição poética da nossa Literatura” – disse Carlos Magno no momento da apresentação do livro.