sábado, julho 17, 2010

Testemunho de uma docente...

Conceição Campos
(Escritora, antiga professora do ensino secundário,
Licenciada em Filologia Românica pela Universidade de Coimbra
e Doutorada pela Universidade de Santiago de Compostela)


A propósito:
dos meus alunos
de uma geração;
da nobre gente -
Eu e eles e vós

Conheci-a adolescente…. e já então era: risonha, gentil, sensata, precursora de caminhos que a vida lhe havia rejeitado, madrasta que foi de muitos de nós nesse então.
Veio, pareceu-me, numa auréola de oportuna humildade. Solicitou colaboração na abertura de caminhos onde pudesse semear flores que se desenvolveriam no húmus duma esforçada campanha da vida. Sorvia as múltiplas vozes da cartilha do saber que a levariam a percorrer um caminho pré-destinado. Abri-lhe pois, a minha casa, os livros humildes, mas cheios; transmiti-lhe o meu saber e experiência. Regressou. E num grupo de cinco, ligados pelas mesmas apetências, a arca onde uma amálgama de saberes se interceptavam em complementaridade de ”sine qua non” ia-se abrindo numa avidez aliada à serenidade da expressão que satisfazia a ansiedade que ali nos unia construtiva e valorativamente.
Felizes horas, que, decorrendo, acendiam faróis que o tempo guardou acesos por todos estes anos, quais outras páginas de outros livros de quase idêntica satisfação e valimento.
E, então, tudo foi nobre… E a apetência do saber germinava e fazia crescer ânimos de maior colheita ainda. A batalha tinha o condão de nos encorajar para alargar o campo para novos combates….
Não esquecemos, nunca, esses momentos, onde cultura e amizade intrinsecamente se uniam e, assim permanecendo em nós deram azo a, em vindouros tempos, nos juntarmos para erguer a taça de alegria e felicidade aos nossos triunfos, sendo um deles a nobre árvore da amizade.
Como as recordo comovidamente! A Armanda, a Fernanda, a Fátima (já nos deixou); a Silvina, a Anita, a Ilda, a Manela, a Rosa Glória …. e um jovem tímido, (hoje, advogado bem conceituado) o qual eu procurava defender das “gracinhas” com que as “meninas” o brindavam porque, em maioria, procuravam sobressair ante certo embaraço advindo da sua solidão entre o elenco feminino.
Todo esse grupo gentil, inteligente, ávido de saber deixou marcas aprazíveis no roteiro do meu existir. É pois impossível demarcar-me dele.
É, a seu mando e convite, que me vejo percorrendo os caminhos de Guimarães, de Felgueiras, da Lixa…. Terras estas que se me foram tornando familiares. Boas Terras, Nobre Gente.
A Silvina aposentou–se, agora. Teve festa linda de gentileza e amizade, a parecer familiar. E, eu tive honras de convidada; e feliz.
A nobreza e sublimidade desse encontro tão familiar quão ameno, entre flores da terra e da alma, comoveram-me.
Guardo, todavia, impresso na alma, esse momento tão cultural quanto humano, tão singelo quão sublime, tão familiar quão transcendente.
Só as nobres Terras e as nobres Gentes sabem criar estes espaços de gratidão (painel de exemplaridade para outras terras) a quem nelas militou por um mundo melhor para todos os seus filhos.
Parabéns, pois, para a professora que propiciou a elevação deste momento; parabéns para todos quantos nele participaram, mostrando amplamente que a gratidão é a maior das virtudes.
Parabéns à musa que a inspirou tão nobremente: como mãe de família, como Professora, como cidadã, como amiga. Guardarei para sempre o perfume de todas as flores que pelo tempo fora nos farão evocar exemplarmente esta Homenagem.