Amigos!
O momento impõe que me dirija a vós, e com pensamento naqueles que não puderam estar presentes.
Não é fácil pôr em palavras sentimentos que se misturam neste momento tão intenso. Diria que experimento uma sensação agridoce ao deixar o barco onde viajamos durante anos...
Não vos vou contar a história da minha vida profissional mas quero falar-vos daquilo que me permitiu servir a Educação: as pessoas.
Sou Vimaranense de origem mas Felgueirense por adopção.
Iniciei a minha carreira em 1970 no Ciclo Preparatório de Felgueiras.
Em 1984 fui colocada na Escola Secundária, para, em 1999, me fixar neste Agrupamento.
Considero-me bafejada pela sorte. Ao contrário de muitos docentes, não precisei de saltitar com a família e com as malas...
Durante a minha carreira cruzei-me com centenas de alunos e companheiros de profissão: Alguns, perdi-lhes o trilho, outros, guardo-os para sempre.
O tempo pode levar nomes ou o semblante, mas ficam as memórias de vivência, de momentos em que, sobretudo, o verbo partilhar se conjugou.
Os meus alunos…
Foi um privilégio acompanhá-los no seu desenvolvimento. Com eles, também cresci e tornei-me no que sou: uma professora realizada.
Ao passar os olhos por esta sala, consigo recuar no tempo. Reconheço, em cada rosto, alguém que partilhou momentos da minha vida, e que, por uma ou outra razão, se tornaram parte integrante dela.
Não faz parte das minhas memórias profissionais chegar a casa com os pneus cortados. Fazem parte, sim, alguns episódios simpáticos de juventude irreverente.
E, por isso, falar de mim é falar de vós: mestres, alunos, companheiros de profissão e amigos; ajudastes-me a ser quem sou.
Tendes mérito, pois aceitastes grandes desafios na vida. Hoje, ocupais lugares de interesse público na nossa comunidade ou fora dela e trabalhais nas mais diversas e honradas profissões. Maior a formação e a qualificação, maior a responsabilidade, maior o dever de cidadania na construção de um mundo novo ….
Mas quero individualizar, perdoai -me:
Para os meus antigos alunos, que optaram por uma carreira na Educação, deixo uma palavra de esperança.
Tendes que ter coragem, força e determinação. A adaptação às mudanças é fundamental. Já sabeis: ser docente é mudar de hora a hora, de turma para turma, de aluno para aluno, de casa, de terra…
É uma constante na procura de soluções, de respostas... Ser professor é aceitar um grande desafio; é uma aventura; é deixar marcas de passagem…
Deixo esta profissão consciente que me tornei mais rica, mais humana, mais solidária e mais interventiva.
Tornei-me no que sou, justamente porque todos vós fostes capazes de partilhar comigo o vosso saber e experiência. Gostei de ser professora, de ser professora dos meus alunos e de ser vossa companheira de profissão.
Despeço-me da profissão mas não da vida. Daí que iremos encontrar-nos por aí…
Utilizando palavras de Madre Teresa de Calcutá, “atrás de um ponto de chegada há um ponto de partida “ E eu estou de partida….
Por tudo isto, estou-vos muito grata;
Fernando Pessoa escreveu, um dia:
"… existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis”.
Aos presentes.....aos ausentes,
Aos que trabalharam na organização deste encontro;
Às empresas que patrocinaram este convívio;
Aos que nestes anos de docência colaboraram comigo;
A todos os que nos momentos mais pesados tiveram tempo para um sorriso/ou uma palavra de apreço;
Aos meus familiares….e colaboradores…
O meu muito obrigado!
e de uma antiga professora de Silvina Moura
LUMINOSA PAZ
Homenagem à minha professora
Dra. Silvina Moura
Pergunto às nuvens se hoje é Primavera
E se o céu brilhará depois de nós
Erguermos a barragem que fizera
Um rio de Verão até à foz.
O tempo, podem crer, não está à espera
De nada que não seja a sua voz
Baptizada p’la lágrima que dera
Os frutos do Saber, logo após.
Desta noite, que é dia, o Sol de Maio
Brilhará para sempre – um ténue raio,
De luminosa paz, encantadora;
Arco-íris, uníssono momento,
Porque nada é mais justo que o tempo,
Que não passou p’la nossa professora!
Abraço de gratidão.
José Carlos Pereira
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28 DE MAIO DE 2010
À impecável Aluna, Professora e
Amiga Silvina
Eis seu clássico estar: sorriso ameno;
Gentileza à bondade sempre aliada.
Entre livros a vejo atarefada
Que um projecto cumpria e não pequeno!...
Esta sim… É a Mulher que eu conheci,
Menina, flor esbelta… donairosa!
Em fragrância juntava o nardo e a rosa!
E um sorriso mais belo… jamais eu vi!
Dócil não era a vida nesse então…
E urgia abrir caminhos (caboucos) de futuro,
Fácil p’ra uns… p’r’outros não…
Agarrar, pois, o fardo e o momento;
Chegar a tempo… por caminho aberto.
Silvina foi então força de vento!
Com o abraço de sempre, da
Conceição Campos