terça-feira, junho 01, 2010

Foi muito bonita a homenagem a Silvina Moura, recentemente aposentada

Fotografias de Armanda Sousa





Discurso da homenageada:

"Despeço-me da profissão mas não da vida"

Amigos!
O momento impõe que me dirija a vós, e com pensamento naqueles que não puderam estar presentes.
Não é fácil pôr em palavras sentimentos que se misturam neste momento tão intenso. Diria que experimento uma sensação agridoce ao deixar o barco onde viajamos durante anos...
Não vos vou contar a história da minha vida profissional mas quero falar-vos daquilo que me permitiu servir a Educação: as pessoas.
Sou Vimaranense de origem mas Felgueirense por adopção.
Iniciei a minha carreira em 1970 no Ciclo Preparatório de Felgueiras.
Em 1984 fui colocada na Escola Secundária, para, em 1999, me fixar neste Agrupamento.
Considero-me bafejada pela sorte. Ao contrário de muitos docentes, não precisei de saltitar com a família e com as malas...
Durante a minha carreira cruzei-me com centenas de alunos e companheiros de profissão: Alguns, perdi-lhes o trilho, outros, guardo-os para sempre.
O tempo pode levar nomes ou o semblante, mas ficam as memórias de vivência, de momentos em que, sobretudo, o verbo partilhar se conjugou.
Os meus alunos…
Foi um privilégio acompanhá-los no seu desenvolvimento. Com eles, também cresci e tornei-me no que sou: uma professora realizada.
Ao passar os olhos por esta sala, consigo recuar no tempo. Reconheço, em cada rosto, alguém que partilhou momentos da minha vida, e que, por uma ou outra razão, se tornaram parte integrante dela.
Não faz parte das minhas memórias profissionais chegar a casa com os pneus cortados. Fazem parte, sim, alguns episódios simpáticos de juventude irreverente.
E, por isso, falar de mim é falar de vós: mestres, alunos, companheiros de profissão e amigos; ajudastes-me a ser quem sou.
Tendes mérito, pois aceitastes grandes desafios na vida. Hoje, ocupais lugares de interesse público na nossa comunidade ou fora dela e trabalhais nas mais diversas e honradas profissões. Maior a formação e a qualificação, maior a responsabilidade, maior o dever de cidadania na construção de um mundo novo ….
Mas quero individualizar, perdoai -me:
Para os meus antigos alunos, que optaram por uma carreira na Educação, deixo uma palavra de esperança.
Tendes que ter coragem, força e determinação. A adaptação às mudanças é fundamental. Já sabeis: ser docente é mudar de hora a hora, de turma para turma, de aluno para aluno, de casa, de terra…
É uma constante na procura de soluções, de respostas... Ser professor é aceitar um grande desafio; é uma aventura; é deixar marcas de passagem…
Deixo esta profissão consciente que me tornei mais rica, mais humana, mais solidária e mais interventiva.
Tornei-me no que sou, justamente porque todos vós fostes capazes de partilhar comigo o vosso saber e experiência. Gostei de ser professora, de ser professora dos meus alunos e de ser vossa companheira de profissão.
Despeço-me da profissão mas não da vida. Daí que iremos encontrar-nos por aí…
Utilizando palavras de Madre Teresa de Calcutá, “atrás de um ponto de chegada há um ponto de partida “ E eu estou de partida….
Por tudo isto, estou-vos muito grata;
Estou grata e emocionada por todos os momentos desta noite. Momentos repletos de carinho partilhado. Foi uma surpresa boa encontrar tantos amigos alguns dos quais já não via há anos…

Fernando Pessoa escreveu, um dia:
"… existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis”.
Aos presentes.....aos ausentes,
Aos que trabalharam na organização deste encontro;
Às empresas que patrocinaram este convívio;
Aos que nestes anos de docência colaboraram comigo;
A todos os que nos momentos mais pesados tiveram tempo para um sorriso/ou uma palavra de apreço;
Aos meus familiares….e colaboradores…

O meu muito obrigado!
Até sempre…!
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Homenagem de um antigo aluno
e de uma antiga professora de Silvina Moura

LUMINOSA PAZ

Homenagem à minha professora
Dra. Silvina Moura


Pergunto às nuvens se hoje é Primavera
E se o céu brilhará depois de nós
Erguermos a barragem que fizera
Um rio de Verão até à foz.

O tempo, podem crer, não está à espera
De nada que não seja a sua voz
Baptizada p’la lágrima que dera
Os frutos do Saber, logo após.

Desta noite, que é dia, o Sol de Maio
Brilhará para sempre – um ténue raio,
De luminosa paz, encantadora;

Arco-íris, uníssono momento,
Porque nada é mais justo que o tempo,
Que não passou p’la nossa professora!

Abraço de gratidão.
José Carlos Pereira

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28 DE MAIO DE 2010

À impecável Aluna, Professora e
Amiga Silvina


Eis seu clássico estar: sorriso ameno;
Gentileza à bondade sempre aliada.
Entre livros a vejo atarefada
Que um projecto cumpria e não pequeno!...

Esta sim… É a Mulher que eu conheci,
Menina, flor esbelta… donairosa!
Em fragrância juntava o nardo e a rosa!
E um sorriso mais belo… jamais eu vi!

Dócil não era a vida nesse então…
E urgia abrir caminhos (caboucos) de futuro,
Fácil p’ra uns… p’r’outros não…

Agarrar, pois, o fardo e o momento;
Chegar a tempo… por caminho aberto.
Silvina foi então força de vento!

Com o abraço de sempre, da
Conceição Campos