segunda-feira, janeiro 25, 2010

Clara Andermatt, este sábado, em Guimarães


"So Solo” é o nome do mais recente espectáculo de Clara Andermatt onde a conceituada bailarina e coreógrafa surge como autora e única intérprete. Depois da estreia em Dezembro passado, na Culturgest, em Lisboa, “So Solo” chega ao palco do Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães, este sábado, dia 30 de Janeiro, às 22h00.
No decurso de uma carreira produtiva e multifacetada abarcando várias escalas, vários espaços e vários elencos – da grande produção às criações intimistas, do teatro convencional ao espectáculo de rua, dos profissionais de várias disciplinas aos trabalhos com a comunidade – Clara Andermatt surge agora como autora e intérprete do seu primeiro solo. Colabora na concepção e dramaturgia desta peça o actor e encenador nova-iorquino, Robert Castle, a quem se juntou mais tarde a actriz e encenadora Alejandra Orozco. Estas colaborações surgem da vontade da coreógrafa em aprofundar e expandir o trabalho de personagem para novos territórios conceptuais e performativos, dando continuidade à prática de experimentação e ao cruzamento da dança com outras expressões artísticas, tendências que caracterizam o seu trabalho.
Clara Andermatt surge pela primeira vez sozinha em palco, em quase vinte anos de existência da própria companhia de dança, “contracenando” apenas com bolas de metal. “So Solo” aborda a precariedade e instabilidade do mundo actual: “Vivemos em constante estado de suspense e ambiguidade, tudo é precário e instável. A vida é uma perpétua flutuação entre as várias facetas que vivem em nós. Uma contínua oscilação entre claridade e confusão, espanto e discernimento, sanidade e insanidade. Acumulamos e escolhemos… e às vezes estragamos tudo!”, segundo uma nota da criadora.
Biografia:
Clara Andermatt iniciou os seus estudos de dança com Luna Andermatt. Em 1980, recebeu uma bolsa de estudo do London Studio Centre em Londres, onde permaneceu quatro anos, e obteve o respectivo diploma. Obteve igualmente o diploma do curso completo da Royal Academy of Dancing de Londres. Depois de vários estágios em Inglaterra e nos E.U.A., foi convidada pelo professor Mervin Nelson para um curso de teatro em Nova Iorque. Foi bolseira do Jacob’s Pillow (Lee, Massachussets, 1988), do American Dance Festival – I.C.R. (Durham, 1994) e do Bates Dance Festival (Maine, 2002).
Foi bailarina da Companhia de Dança de Lisboa, desde a sua formação até Junho de 1988, sob a direcção de Rui Horta, e da Companhia Metros de Ramón Oller de 1989 a 1991, em Barcelona. Em 1991 criou a sua própria companhia. Em 1994 iniciou uma colaboração com Cabo Verde, com a criação de várias obras com intérpretes cabo-verdianos, acções de formação e colaborações com artistas de diferentes áreas, que culminaram numa série de residências e projectos. Depois de vários workshops orientados por Michael Margotta, professor de teatro e encenador, foi convidada a tornar-se membro do Actor’s Centre ROMA, em 2002. Ao longo da sua carreira, coreografou quatro peças para o Ballet Gulbenkian: “Cemitério dos Prazeres” e “4 Árias de Ópera”, em 1996, “neatnet”, em 2000, e “O Canto do Cisne” em 2004.
Clara Andermatt é regularmente convidada a criar para outras companhias, a leccionar em diversas escolas e a participar como coreógrafa em filmes e peças de teatro. O seu percurso revela uma evidente predilecção pelo contacto com outras áreas artísticas e pelo trabalho com pessoas com ou sem experiência profissional, independentemente da faixa etária, características físicas e condição sociocultural. Ao longo da sua carreira, tem sido distinguida com diversos prémios nacionais e internacionais. As suas obras são regularmente apresentadas em Portugal, Espanha, Alemanha, Holanda, França, Cabo Verde, Canadá, Estados Unidos, entre outros países.