Foi um debate pobre, em nada esclarecedor, o realizado, ontem (segunda-feira), na Rádio Felgueiras, entre as cinco forças políticas concorrentes à freguesia de Margaride – Coligação Nova Esperança PSD/CDS-PP, PS, BE, CDU e SP.
Justificava-se que o debate tivesse uma maior duração de tempo (durou pouco mais de uma hora, face a uma mesa de cinco participantes). Margaride é uma cidade – a maior freguesia do concelho, a sede deste –, dado o número de candidaturas, justificar-se-ia que o programa de rádio tivesse duas horas de duração.
Por outro lado, reconheça-se que, não obstante os candidatos terem tido conhecimento antecipado da limitação do tempo, os mesmos nada fizeram para contornar essa condição: nenhum deles se preparou para esse padrão de programa. A maioria deles, notou-se claramente, estava a ler o programa eleitoral de fio a pavio. Mesmo assim, liam mal, soletravam, com o restolho dos papéis a ouvir-se na casa das pessoas. José Quintela, habituado a programas de rádio e o mais experiente a falar em público, também, estava nervoso e perdeu-se num floreado de adjectivos e pleonasmos, na sua ambição de ser ele o iluminado entre os candidatos. Mas, quanto ao programa eleitoral do SP para Margaride, foi aquilo que se ouviu: nada de suculento.
As formações políticas concorrentes deviam alertar seus candidatos para uma atitude diferente: num debate de rádio ou de TV não se pode dizer tudo; ganha aquele que, com capacidade de síntese, enumera os principais itens do seu programa e dá-lhe a ênfase necessária e, na parte final, coloca algum “dramatismo político” se não for ele o eleito, o escolhido pelo povo.
Justificava-se que o debate tivesse uma maior duração de tempo (durou pouco mais de uma hora, face a uma mesa de cinco participantes). Margaride é uma cidade – a maior freguesia do concelho, a sede deste –, dado o número de candidaturas, justificar-se-ia que o programa de rádio tivesse duas horas de duração.
Por outro lado, reconheça-se que, não obstante os candidatos terem tido conhecimento antecipado da limitação do tempo, os mesmos nada fizeram para contornar essa condição: nenhum deles se preparou para esse padrão de programa. A maioria deles, notou-se claramente, estava a ler o programa eleitoral de fio a pavio. Mesmo assim, liam mal, soletravam, com o restolho dos papéis a ouvir-se na casa das pessoas. José Quintela, habituado a programas de rádio e o mais experiente a falar em público, também, estava nervoso e perdeu-se num floreado de adjectivos e pleonasmos, na sua ambição de ser ele o iluminado entre os candidatos. Mas, quanto ao programa eleitoral do SP para Margaride, foi aquilo que se ouviu: nada de suculento.
As formações políticas concorrentes deviam alertar seus candidatos para uma atitude diferente: num debate de rádio ou de TV não se pode dizer tudo; ganha aquele que, com capacidade de síntese, enumera os principais itens do seu programa e dá-lhe a ênfase necessária e, na parte final, coloca algum “dramatismo político” se não for ele o eleito, o escolhido pelo povo.
Não se compreende, por exemplo, que nenhum dos candidatos a uma Junta como a de Margaride não tenha falado na sua proposta em relação ao Orçamento para a freguesia.
Sucintamente, damos a nossa opinião sobre a participação de cada um dos candidatos no referido debate:
José Luís Martins (Coligação Nova Esperança PSD/CDS-PP) – Podia ter ganho o debate, mas acabou por se igualar aos outros candidatos quando apresentou como uma das justificações para a construção de um novo cemitério os efeitos da Gripe A, dando a entender que pode vir aí uma Peste Negra, como a do século XIV. Errou ao dizer também que votou muitas vezes ao lado de Fátima Felgueiras, na Assembleia Municipal, porque estava à espera que a freguesia recebesse algo em troca, mas que já está arrependido; que, se sabia, não teria votado a favor. Alegou que era amigo da presidente da Câmara (em política isso não deve vir ao caso). José Luís Martins esteve bem na resposta a José Quintela, ao dizer que estavam a concorrer à Assembleia de Freguesia e não à Câmara e defendeu-se bem do candidato SP quando este o acusou de, na Junta, não ter feito nada a favor do Bairro João Paulo II. Martins disse que este bairro é o único do país que não foi revitalizado, culpando a Câmara.
Paulo Sampaio (PS) – Esteve nervoso, também em parte devido ao ataque sistemático de José Quintela à sua candidatura. Não devia ter lido tanto tempo o programa. Seria preferível que se esquecesse de alguns itens, que gaguejasse até, do que as pessoas em casa terem percebido que falou muito tempo pelo papel. Soa melhor aos ouvintes a naturalidade dos gestos, mesmo que o entrevistado gagueje ou não pronuncie bem as palavras, do que estar a ler o programa, porque dá um ar artificial. Mesmo assim, esteve bem ao propor o canil municipal, que devia ser uma exigência reiterada da Junta de Freguesia. Esteve bem na resposta aos ataques de Quintela quando o acusou de já ter batido à porta de todos os partidos, inclusive o facto de ter apoiado Manuel Faria (PSD) em 1997. A frase enervou Quintela, e de que maneira!
José Quintela (SP) – Foi o mais esclarecedor… não a nível do seu programa eleitoral, mas do seu objectivo numa candidatura pelo SP. Falou numa política ambiental, mas esqueceu-se de referir a mancha no monte de Santa Quitéria feita há 12 anos ao tempo de Júlio Faria e de Fátima Felgueiras; falou na Casa das Artes, numa tentativa de enumerar um programa para a cultura na cidade, mas não falou no apoio às colectividades; falou em desrespeito de actuais membros do Executivo da Junta para com instituições, mas não referiu concretamente quem e quando. José Quintela, que diz querer ganhar a Junta a José Luís Martins, não elegeu este para seu directo adversário, mas o PS… Mais o PS do que propriamente Paulo Sampaio. Disse que tem sido sempre convidado pelo PS, de há 12 anos a esta parte, e que, este ano, não concorre pelos socialistas porque não há o perigo de o PSD (a coligação) vencer as eleições. Caso contrário, diz Quintela, teria sido candidato pelo PS. Disse que já foi militante do PCP, mas não disse que foi expulso pelo Comité Central depois de um processo disciplinar partidário; referiu que evoluiu no socialismo democrático (então deve considerar também o PSD do socialismo democrático e não da social-democracia, porque apoiou Manuel Faria em 1997); disse que, ainda hoje, vota no PCP para as Legislativas. Ao eleger o PS no debate como alvo de toda a crítica – diga-se, muito acutilante e algo jocosa -, na tentativa de atingir a candidatura de Paulo Sampaio, a quem chamou “imberbe” e acusou de estar a dar os primeiros passos na política, José Quintela ofereceu-nos esta leitura, lapidar: sabe que não vai vencer as eleições; o seu principal objectivo é arrastar os votos dos eleitores socialistas da cidade para o movimento de Fátima Felgueiras, para estancar, aritemeticamente, a eventual vantagem da coligação PSD/CDS-PP. É que, como se sabe, o voto num partido para a Junta tende a que o respectivo eleitor vote na mesma cor para a Câmara. Daí José Quintela, incumbido por Fátima Felgueiras, está nessa missão. Não foi por acaso que foi buscar para a sua lista pessoas de famílias numerosas. Fátima quer segurar o mais que puder o eleitorado de Margaride, onde há quatro anos venceu para a Câmara, contrariando a tradição, mas a tendência é para que o PSD, aliado ao CDS-PP, recupere a vantagem. José Quintela, ao mesmo tempo, cria à sua volta a imagem de homem de Esquerda, que já deixou de ser há muito tempo. Acusa Paulo Sampaio de estar ajustar contas com o PSD, mas é notório que é Quintela que está a ajustar contas com os socialistas, a fim de fazer transferir os votos destes para Fátima Felgueiras. O SP é de Esquerda?!... Quintela, derrotado nas eleições, logo na noite de 11 de Outubro, passará a não contar com Fátima Felgueiras, porque a senhora não admite derrotados e jamais lhe perdoará as duras críticas que lhe dirigiu no passado, principalmente nas páginas do Semanário de Felgueiras com um estilo algo inédito. Fátima sabe fazer tréguas, mas não sabe perdoar politicamente a ninguém. Se José Quintela, neste momento, não tiver contrapartidas “assinadas”, pode dar por perdidas as energias gastas nesta campanha...
Bruno Mendes (BE) – Este é um elemento promissor dentro do BE, que já demonstra alguma garra para a política. Falou, e bem, de uma política cultural para a cidade; é necessária. Falou de um cemitério laico, ideia que não ficou clara, porque não a explanou, o que foi pena. Todos os cemitérios são laicos. Como diz Francisco Louçã, e muito bem, todas as pessoas têm direito a ter uma religião e a não ter. Os símbolos religiosos nas sepulturas ou a ausência deles devem estar de acordo com a vontade dos familiares dos falecidos. Bruno, também, não teve capacidade de síntese e, em vez de traçar algumas linhas mestras do programa, enumerou itens a mais.
António Peixoto (CDU) – Foi o mais descontraído; o mais natural de todos os candidatos. Foi o que menos falou. Mesmo assim, não aproveitou essa sua característica. Não se ficou a saber o que a CDU pretende para Margaride. Utilizou os habituais chavões do PC, ao dizer que o voto na CDU é um voto seguro, de confiança, que não se perde. Não devia ter dito a José Quintela, “vós já vendeste o vosso peixe”. Até dá a entender que, também, tinha peixe para vender. Sobre a Gripe A, gastou, desnecessariamente, tempo precioso a ironizar com os lucros das empresas farmacêuticas na venda de vacinas, quando podia ter aproveitado esse tempo de antena. Esteve bem quando disse que, se ganhar a Junta, convoca toda a população da freguesia para uma Assembleia, porque, disse ele, só as pessoas é que sabem do que precisam.