Enquanto principal líder da oposição a José Sócrates propôs um pacto sobre a Justiça. A ideia foi sendo adiada pelo Governo com a cumplicidade do Presidente da República.
Do lado de Sócrates, já se antevia, em certos círculos, o "caso Freeport"; do lado de Cavaco Silva, não faltam amigos seus envolvidos no "caso BPN". O próprio Presidente recebeu juros altíssimos de depósitos a prazo (pode não ser ilegal, mas é imoral, nomeadamente para quem desempenha tão alto cargo de Estado).
De seguida, Luís Filipe Meneses vem para "fazer a cama" a Mendes. Os militantes do PSD acreditaram num "D. Sebastião" e elegeram-no, num rasgo de ingenuidade política, como salvador do Partido e da Pátria. Nem uma coisa nem outra!... Meneses apenas teve um objectivo enquanto líder do PSD: pactuar com o sistema, não fosse ele um autarca, e um autarca, por muito exemplar que seja, não tem condições políticas para ser oposição a um Governo, muito menos a um Governo com maioria absoluta. E Meneses não será de todo um autarca exemplar...
Por fim, Manuela Ferreira Leite, sabendo que quem mexe no sistema acaba por morrer, neste estilo português de fazer política, e, ao contrário do que referem os outdoors do PSD, afinal de contas, o partido baixou os braços: a escolha dos arguidos (já acusados) António Preto e Helena Lopes da Costa para o a lista ao círculo de Lisboa nas legislativas deste ano é a confirmação de que, como refere Manuel António Pina, parece que estamos numa taberna: amanhã todos bebem fiado; hoje, não! Quer dizer, na próxima legislatura faremos o pacto de Justiça, contra todos os interesses instalados, mas agora ele até não dá jeito algum e vem perturbar a corrida eleitoral. Bem pelo contrário!...
Independentemente das opções políticas de cada um, temos que reconhecer que Luís Marques Mendes é uma reserva moral nesta nação podre de vícios e corrupção instituída. Um D. Quixote, solitário...