Foto do Semanário de Felgueiras
João Sousa
Na última reunião da Assembleia Municipal, realizada em 26 de Junho, João Sousa, presidente da Comissão Política Concelhia do PSD/Felgueiras e deputado no hemiciclo, fez a intervenção que se segue, em que denuncia um alegado mal-estar nas relações laborais da Câmara, entre funcionários e o actual Executivo. João Sousa traz a público alegadas situações de pressão e até de perseguição.... Aliás, ainda recentemente, a Concelhia do PSD denunciou, em comunicado, essa suposta realidade.
Porque achamos que o assunto é deveras importante e que merece o devido esclarecimento, publicamos na íntegra a referida intervenção, de João Sousa. Ao mesmo tempo, estamos abertos e claramente à vontade para recebermos e publicarmos opiniões ou posições contrárias sobre o assunto, respeitando, assim, a normativa democrática do "princípio do contraditório".
Ficamos à espera.
Eis o teor integral da intervenção:
É gritante o assalto à máquina do município para ocupar todas as posições possíveis.
Certamente é preciso atrair apoiantes com benesses como um emprego camarário ou pagar favores políticos.
Depois do anúncio dos milhões, segue-se o “truque” dos empregos. São os concursos para a admissão de mais funcionários, são as promessas de emprego nos novos Centros Escolares.
Vale tudo para se perpetuar no poder. É escandaloso o que se está a passar na nossa autarquia. Está-se a jogar com a debilidade de muitas famílias e com as situações dramáticas que vivem, apenas para a actual presidente de câmara, em desespero, tentar manter-se no poder. Não interessa que câmaras vizinhas com a mesma dimensão tenham metade dos funcionários e tão bons ou melhores serviços, não importa que verbas, que deveriam ser canalizadas para investimento, sejam para pagar salários a funcionários a contratar e que não são necessários. É preciso denunciar a “pouca-vergonha” que se está a passar.
Em dois meses, há uma alteração de dezenas de funcionários, de postos de trabalhos preenchidos ou a preencher. Espantosamente, na Divisão de Juventude e Desporto, passaram de 35 para 52 funcionários, entre os que entram ou “estão prontos para entrar”.
Se apelarmos à memória dos presentes, certamente lembrar-se-ão de uma intervenção no ano passado da Presidente de Câmara em que dizia que a câmara tinha funcionários a mais e que, se pudesse, mandava muitos embora. Afinal, diz uma coisa e faz o contrário.
Curiosamente, para retirar (aos funcionários regalias de há muitos anos), assina o Vereador, com a subserviência que se lhe reconhece, mas, para conceder os escassos benefícios, assina a Presidente de Câmara.
Todos sabemos que, desde que regressou do Brasil, existe um mal-estar permanente nos funcionários da câmara e este sentimento agrava-se cada vez mais, devido à ineficiência de quem dirige os destinos da autarquia. Não é com atitudes hostis, perseguições e outros expedientes que se motivam os trabalhadores. Estranha forma de gerir os recursos humanos que, desde o início do mandato, têm sido brindados com sucessivos despachos do respectivo Vereador do Pelouro a admoestar ou a cortar regalias dos trabalhadores que perduravam há muitos anos. Curiosamente, para retirar, assina o Vereador, com a subserviência que se lhe reconhece, mas, para conceder os escassos benefícios, assina a Presidente de Câmara. Isto sem falar na pressão exercida sobre alguns, mais incautos, para integrarem as listas do MSP.
Não obstante os sistemáticos ataques à qualidade dos funcionários da Autarquia, o Executivo tem em curso diversos concursos de admissão de pessoal. Curioso, também, pelo facto de alguns concursos serem para admissão de técnicos superiores, que representam um peso maior para o orçamento com o Pessoal. Não será de estranhar que os processos de selecção se arrastem até datas próximas das eleições autárquicas, porque sempre dará jeito manter as centenas de candidatos na expectativa, com a ilusão de poderem vir a ser admitidos, contando com a generosidade da senhora Presidente. Relativamente aos concursos que estão a decorrer, existem situações de recrutamento de técnicos superiores para determinados serviços, nos quais já existem funcionários experientes, com habilitações para o efeito. Não seria de dar oportunidade a estes, cujo encargo seria inferior, ainda que tivessem de recrutar outro pessoal administrativo? Veremos quem vai entrar para esses lugares!
"Máquina Pesada", "são os funcionários que temos", "não fui eu que os admiti", "os problemas que conhecemos da administração", são alguns dos ataques aos funcionários que se têm ouvido da boca da Presidente de Câmara, em diversas sessões da Assembleia Municipal.
Convém lembrar que desde que Fátima Felgueiras chegou ao poder, o número de funcionários da autarquia mais que triplicou – de cerca de 280 passou-se para quase 1.000, se incluirmos os funcionários das empresas municipais. Mas, se consideramos os relatos que nos chegam da maior parte das freguesias, relatos de promessas de emprego para breve, estamos a falar de centenas e centenas de promessas e de ilusões que estão a ser vendidas a troco de apoios ou de integração em listas. Vai uma aposta em como alguns familiares de elementos das futuras listas do MSP ou candidatos vão entrar?
Os funcionários da autarquia são suficientes, a maior parte são bons funcionários e não precisamos de mais. Estamos esperançados que no futuro quadro político concelhio surja alguém que saiba conduzir os funcionários e acrescente valor, em vez de destruir a imagem dos recursos humanos e de conduzir cada vez mais a câmara e o concelho para o abismo!
João Sousa
Grupo Parlamentar do PSD