domingo, agosto 09, 2009

Fátima Felgueiras anunciou candidatura (II)

Fátima Felgueiras candidata pelo SP
Pouca gente interessada em política, no jardim.

Horácio Costa "chutado" para canto

Havia todas as condições para ser um grande comício, mas não foi: apesar de ter acorrido muita gente à praça, bastante movimentada, o certo é que, em termos de manifestação política, esta teve apenas a expressa adesão de pouco mais de 200 pessoas.
De facto, a boa moldura humana no jardim mostrava-se apática, indiferente e, parte dela, algo céptica em relação à política e aos políticos. A maioria das pessoas circulavam, circulavam pelos passeios exteriores do jardim; paravam de quando em vez e tornavam a circular. Estavam lá por razões diferentes: uns por fascínio a ajuntamentos de pessoas sejam lá de quem for, outros por mera curiosidade ou por passeio em família, outros ainda por “espionagem” ao serviço doutras candidaturas.
A nível logístico, nada faltou e tudo esteve quase perfeito… Palco omnipotente; luz e som interactivos (a condizerem mais com um concerto musical da “pesada”); longos painéis a dificultarem a visibilidade dos candidatos “indesejáveis” (em outdoors de outras colorações políticas); cadeiras brancas plásticas para os “notáveis” do movimento e eventuais candidatos; duas freiras assistiam muito atentas ao anúncio da candidatura; um placard com projecção de um filme, com enormes problemas de som, onde figuras conhecidas do concelho declaravam o seu apoio a Fátima Felgueiras (como, por exemplo, Ernesto Rodrigues, advogado e candidato do PSD à Câmara em 1985); torres/colunas imperiais de entrada “triunfal” ao fundo do jardim principal; um grupo de “miúdos” no palco a cantar, e que, recentemente, brilhou na “Operação Triunfo”, da RTP; cantou-se, curiosa e sintomaticamnte, ou não, “E Depois do Adeus”, de Paulo de Carvalho, canção-senha para o arranque dos militares revoltosos na noite de 24 de Abril de 74; fogo-preso a iluminar o palco; jovens e adolescentes com bandeirinhas "à americana"; cartazes de tamanho A2 pelo meio do recinto com a foto da figura tutelar do movimento; crianças saltavam na relva e pisavam flores; e um speaker farto de berrar “pró boneco”, não por causa dos infantis infractores, mas porque o comício prendia muito pouco a atenção dos presentes, que apreciavam mais o ambiente aprazível da frescura, numa noite pouco dada a romantismos...
O comício estava marcado para as 21,30 horas, mas deu início só depois das 22. Tal como se previa, apenas foi anunciado o nome da candidata a presidente da Câmara. Posteriormente, serão anunciados os nomes dos restantes elementos ao Executivo e o cabeça-de-lista à Assembleia Municipal. Tal como já dissemos, João Garção quis ficar de fora; segundo apurámos, o candidato ao seu lugar (pelouro da Cultura e da Educação) é Jorge Valdemar Sousa, professor da Escola Secundária de Felgueiras e com funções na Escola Profissional. Continua a dúvida quanto a Horácio Reis, sendo certo que Fátima não prescinde de Bruno Carvalho. O problema do SP para o Executivo está na escolha de uma segunda mulher, para o 4. lugar. António Pereira deverá encabeçar a lista à Assembleia Municipal. Orlando Sousa, actual presidente da Mesa, não fará parte do elenco.
Júlio Faria, ex-presidente da Câmara, mandatário eleitoral do movimento Sempre Presente (SP), que, há quatro anos, apoiou a candidatura de José Campos (PS), abriu o evento de ontem. “Quase todos me conheceis” – começou por dizer. Elogiou Fátima Felgueiras como autarca e desvalorizou as candidaturas da oposição: “Fátima Felgueiras é a figura política mais experiente em Felgueiras. Tem demonstrado isso ao longo dos anos”. Mais adiante lamentou a “maledicência política ocorrida durante 10 anos, que deu uma imagem errada do concelho” – referia-se às denúncias anónimas de alegada corrupção que levaram à acusação de várias figuras da terra, inclusive do próprio, e à condenação de Fátima Felgueiras, de 3 anos e 3 meses de prisão, emanada do acórdão de primeira instância do processo do “saco azul”. Mas Júlio Faria quis colocar - e assim convém ao momento político -, a "tónica" judicial apenas no designado “processo do futebol”, em que todos os arguidos foram absolvidos: “Afinal, todas as acusações eram falsas, como se acaba de demonstrar”. Obviamente, Faria não se referiu ao recurso de Fátima Felgueiras que se encontra no Tribunal da Relação, no que concerne à condenação e à decisão judicial de perda do mandato.
O discurso de Fátima Felgueiras foi escusamente longo. “Afinal isto não é uma entrada à Hugo Chávez mas um discurso à Fidel” – disse-nos uma leitora assídua do DIÁRIO DE FELGUEIRAS.

Na verdade, esta não é a Fátima Felgueiras doutros tempos, longe do fulgor e da eloquência das campanhas anteriores. Mesmo assim, tentou dar um forte abanão à massa humana que circulava sonâmbula, ali no jardim, indiferente, e que não captava uma frase inteira sequer, por mais curta que fosse. Começou por dizer: “Nunca houve nada aqui, em Felgueiras, que não fosse de rigor, honestidade e honra. Andaram 10 anos a espalhar mentiras!”
De seguida, a autarca recandidata ao lugar de presidente da Câmara enumerou a obra feita no presente mandato. Esticou, esticou o “pano” ao discurso e acabou, na dita enumeração, por repetir várias vezes o mesmo.
Sobre as polémicas “tarifas de disponibilidade” da água e do saneamento, que estão a penalizar grandemente os orçamentos das famílias mais idosas e desfavorecidas do concelho, Fátima enrolou o discurso de tal maneira que acabou por não deixar claro o seu argumento sobre a matéria. Falou, por exemplo, nas acessibilidades até à freguesia de Pinheiro e “gastou” cerca de 20 minutos do discurso a falar da ligação da variante à Longra. Quanto aos Centros Escolares, foi mais elucidativa: disse que, dos 15 projectos, falta concluir apenas dois.

Dentro de dias, a candidata vai de férias.
Esperem-na, no regresso!...
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