sábado, março 28, 2009

Dr. Machado de Matos faleceu há 20 anos


Completam-se hoje 20 anos após a morte do Dr. Machado de Matos – figura destacada da política felgueirense após o 25 de Abril, e que, no tempo do Estado Novo, esteve ligado aos movimentos oposicionistas ao regime.
Lamentavelmente, a efeméride passou despercebida, tanto por parte do poder local instituído, como pelos diversos partidos políticos e até pela Comunicação Social local.
Um povo que não respeita a sua História, é um povo sem memória e sem futuro!
Foram vários os leitores do Diário de Felgueiras que, durante a semana que ora termina, nos contactaram para fazermos um trabalho alargado, nesta data importante, sobre a vida e a obra de José Maria Machado de Matos, que faleceu com 73 anos de idade de forma inesperada, na segunda-feira de Páscoa do ano de 1989, vítima de um fulminante enfarte do miocárdio. Gostaríamos de ter feito esse trabalho, até por consideração pessoal e cívica ao Dr. Machado de Matos – especialmente pelo seu papel no combate à ditadura. Infelizmente, esse trabalho não nos é possível apresentar, por impedimento pessoal do editor do Diário de Felgueiras.
De resto, lamentamos o abominável esquecimento de quem poderia ter aproveitado o facto de o dia de hoje ter coincidido com um sábado, por sinal de Primavera, para fazer algo que tornasse a figura deste democrata de Abril mais conhecida junto da população mais jovem e escolar.
As homenagens valem o que valem; as estátuas, frias e imóveis, quase passam despercebidas; a praça com o nome do Dr. Machado de Matos é um monte de calhaus e de anedotas; o estádio, não falemos; nesta data, que é uma efeméride de números redondos, ter-se-ia justificado, pelo menos, a publicação de um livrinho - uma simples brochura que fosse -, onde constasse toda a biografia e obra do político, do democrata, insigne orador, apaziguador das almas inquietas, figura simpática e afável que tratava toda a gente por igual. Mas uma biografia sem depoimentos, especialmente por parte daqueles que tanto bajularam o Homem em vida, na ânsia desmedida pelo poder, que choraram lágrimas de crocodilo na sua morte, e que, nestes 20 anos, arrogando-se herdeiros da moral política do autarca e do antifascista, infelizmente, só a envergonham e a renegam. Degenerados políticos cuja acção é inteiramente oposta à do espírito democrático do “mestre” - homem humilde e modesto, que viveu toda uma vida sem luxo nem ganância.
Vêm aí as eleições autárquicas. O nome do Dr. Machado de Matos vai tornar a estar na baila, mas só para fins eleitoralistas.