quarta-feira, março 04, 2009

Correio dos leitores

O sismo de 28 de Fevereiro de 1969

Congratulo-me com o facto de o Diário de Felgueiras ter registado a passagem dos 40 anos após o grande sismo de 69 em Portugal, ao contrário dos órgãos de comunicação social, que deixaram passar em claro. Acho que devia ser dada mais atenção por parte dos jornais e das TV’s sobre a prevenção que existe em Portugal em relação a esta matéria, para defesa das populações.
Foi, realmente, um sismo assustador, o daquela madrugada. Em 69, eu já trabalhava, numa fábrica têxtil. Tinha apenas 17 anos de idade. Ouviu-se um barulho horrível, que, de início, mais parecia uma trovoada e que me fez acordar estremunhado. Depois, já um pouco desperto, pensei na viagem velocipédica matinal que me esperava, de casa até à fábrica, e que iria ser difícil com as condições atmosféricas que eu pensava serem de mau tempo. Mas não… Só depois de totalmente acordado é que percebi que o caso era grave. Aquele barulho estranho! Aquela sonoridade “fúnebre”, vinda do interior da Terra, era acompanhado pelo tilintar dos copos no interior dos armários da casa dos meus pais, onde eu morava, ainda solteiro. As paredes de alvenaria irregular completavam o ambiente de terror com o ruído estranho que produziam. Perante tão estranho acontecimento, à pergunta
“o que é isto?”, o meu pai, bom patriarca da família, respondeu calmamente: “Isto passa!”. E passou! Felizmente, sem consequências.
Ainda hoje tenho fixada na memória a manchete de um diário do Porto (provavelmente, o Jornal de Notícias), no dia seguinte. Esse jornal referia a toda a largura da primeira página:
“Depois de uma noite de terror, o balanço do sismo”.

Manuel Sousa - Penacova, Felgueiras