quarta-feira, fevereiro 18, 2009

Longra em busca da sua portugalidade

“Os Portugueses vivem em permanente representação, tão obsessivo é neles o senti­mento de fragilidade íntima inconsciente e a correspon­dente vontade de a compensar com o desejo de fazer boa figura, a título pessoal ou colectivo. A reserva e a mo­déstia que parecem constituir a nossa segunda natureza escondem na maioria de nós uma vontade de exibição que toca as raias da paranóia, exibição trágica, não aque­la desinibida, que é característica de sociedades em que o abismo entre o que se é e o que se deve parecer não atinge o grau patológico que existe entre nós. (…)
Os Portugueses não
convivem entre si, como uma lenda te­naz o proclama, espiam-se, controlam-se uns aos ou­tros; não dialogam, disputam-se, e a convivência é uma osmose do mesmo ao mesmo, sem enriquecimento mú­tuo, que nunca um português confessará que aprendeu alguma coisa de um outro, a menos que seja pai ou mãe…
Costuma dizer-se que Portugal é um país
tradicio­nalista. Nada mais falso. A continuidade opera-se ou salvaguarda-se pela inércia ou instinto de conservação social, entre nós como em toda a parte, mas a tradição não é essa continuidade, é a assumpção inovadora do adquirido, o diálogo ou combate no interior dos seus muros, sobretudo uma filiação interior criadora, fenó­meno entre todos raro e insólito na cultura portuguesa".

EDUARDO LOURENÇO
– in O Labirinto da Saudade (1.ª edição, 1976)

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"Sem descurarmos excessivamente a “escola brasileira” – dominante no espectro das festas carnavalescas portugueses -, pretendemos que o Carnaval da Longra (Felgueiras) se torne, gradualmente de ano para ano, uma festa cada vez mais portuguesa, ao encontro das tradições milenares de Portugal, de que faz parte o Entrudo português".

Excerto do comunicado da organização do Carnaval da Longra (Felgueiras), composta pela Casa do Povo da Longra e pelas Juntas de Freguesia de Rande, Pedreira e Sernande.

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Eis vídeos do Entrudo de 2008:


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