Saiu derrotada, em recentes eleições para a Concelhia do PSD de Marco de Canaveses, a linha política afecta ao actual presidente da Câmara, Manuel Moreira. E há quem, no seio da lista vencedora, garanta não ser uma certeza que Moreira volte a ser o candidato laranja naquele concelho, nas autárquicas de Outubro de 2009.
Da parte dos vencidos, fale-se de ingerência do CDS/PP local – o partido que, durante décadas, conseguia a reeleição do anterior edil. Acusam, os tais vencidos, que houve recrutamento de militantes à última hora, para o PSD, e que as respectivas quotas foram pagas por terceiros.
Eis uma prova evidente do nosso Norte profundo! Com as suas patologias crónicas.
Manuel Moreira “herdou” um concelho onde o poder estava em guerra com a democracia, com a liberdade de expressão, com a cultura e, de certo modo, estava também em guerra com as próprias populações do concelho. Recorde-se, por exemplo: a privatização da água, a figura pouco clara do autarca/fornecedor da mesma e as cláusulas sobre a eventual denúncia do contrato por parte do cliente (entenda-se, munícipe) - paradigma ilustrativo de como as coisas andavam no Marco!
Recomendado por Marques Mendes para candidato laranja à Câmara do Marco em 2005, Manuel Moreira, independentemente do partido em que milita, dera cartas de seriedade, de competência, de humildade e até de presença, no Governo Civil do Porto. E continua a ser assim, enquanto presidente da Câmara do Marco, que, financeiramente, estava à beira do abismo. Eleito, a autarquia, por exemplo, deixou-se de festas e de caldeiradas populistas e, pela primeira vez em muitos e muitos anos, comemorou oficialmente o 25 de Abril.
Só que, infelizmente, é nesta zona do país – o tal Norte profundo! – em que a maioria das pessoas, mercê do espectáculo populista, acabam por trazer aos ombros quem lhes defeca nas costas os excrementos políticos do autoritarismo e do subdesenvolvimento.