A sessão matinal ficou marcada pela inquirição de José Araújo Pereira e José Barros Sousa, duas das testemunhas de acusação, de um rol de quase uma centena. O primeiro inquirido era administrativo da empresa João Tello, que tinha por hábito o empréstimo de alvarás a outras empresas, nomeadamente à Norlabor.
De acordo com o testemunho de José Araújo Pereira, de entre as empresas com negócios com a João Tello não constava a Resin. Por isso foi com surpresa que o ex-funcionário da João Tello viu cheques, recibos e facturas entre as duas empresas. Mais surpreso ficou ao constatar que, em alguns desses documentos, o carimbo não era o oficial, a assinatura não correspondia à dos sócios e até que alguns tinham sido emitidos depois da João Tello ter falido.
No segundo depoimento, o accionista da Norlabor José Barros Sousa confirmou ter sido abordado pelo dono da empresa Translousada no sentido de ele, José Sousa, participar num concurso público limitado, com uma proposta que a própria Translousada iria elaborar. A testemunha confirmou ter aceite fazer esse "favor a um amigo, porque ele já tinha realizado as obras no aterro e precisava que o concurso se realizasse para receber o dinheiro".
O proprietário da Translousada, Carlos Silva, ter-lhe-ia garantido que iria ser convidado pela Câmara de Felgueiras a participar num concurso limitado, e deixou perceber que a vitória estaria garantida. Como as obras já haviam sido realizadas pela Translousada, à Norlabor caberia apenas receber os cheques da autarquia e endossá-los à Translousada. O procurador ainda tentou perceber como era possível um empresário garantir um convite que só à autarquia competia efectuar. A testemunha escusou-se a dar explicações.