quinta-feira, agosto 02, 2007

Meta-se o processo!

Há dias o editor de um blogue de Felgueiras disse-nos, em pé de conversa privada, que lhe foi movido um processo-crime, por alegada difamação, por parte de um autarca, que, segundo o nosso interlocutor, moveu a acção a título particular e não a nível oficial da autarquia para a qual foi eleito. O assunto ainda vai a debate instrutório, pelo que ainda não é certo que o referido editor vá a julgamento.
Sendo a blogsfera um fenómeno universal – onde muita coisa se diz, boas e más, e onde muitos se refugiam cobardemente no anonimato –, não será assim tão grave uma pessoa que dá o nome no seu blogue e que tem preocupações sociais e políticas, expostas no mesmo, venha a ser punido por uma expressão mais ou menos azeda, já que se trata de mero combate político e não assuntos do foro pessoal.
Na nossa sincera opinião, e sem estarmos a fazer juízos antecipados, se se continuar este rol de processos pelo país relativamente aos blogues, os senhores juízes vão acabar por concluir que estão perante encapotadas tentativas de aniquilamento das oposições políticas – tão essenciais à Democracia. A comprovar, não se entende, por exemplo, que o primeiro-ministro tenha processado criminalmente o editor do blogue “Do Portugal Profundo”, relativamente à sua licenciatura, e não o tenha feito a Alberto João Jardim, que diz dele o piorio e o insulta publicamente, como no passado fim-de-semana, no comício do Chão da Lagoa, onde repetidas vezes apelidou José Sócrates de “mentiroso”.
Os políticos no poder temem a blogsfera (se possuissem espírito democrático suficiente e cumprissem as regras do jogo político, não a temeriam). Eles sabem muito bem que os blogues podem fazer uma revolução - não militar - cultural, de reivindicação de mais cidadania. Com muito menos, os espanhóis, em sequência dos atentados do 11 de Março, derrubaram José Maria Aznar, por SMS.
É certo que, um dia, o sistema político do Capitalismo irá travar as vantagens democráticas de todas estas tecnologias; ainda não o fez porque está na fase de retirar vantagens económicas da "novidade", enquanto outras "novidades" não vêm. Enquanto não vem o controlo político, o poder faz o jogo dos processos judiciais. Estes são dirigidos a quem habitualmente incomoda o poder, salvo raras excepções.
Os juízes sabem disso.