Nossa introdução:
Em 1998, Jorge Coelho, na altura alto dirigente do PS e com responsabilidades no Governo, terá sido avisado por Horácio Costa e Joaquim de Freitas, por carta registada com aviso de recepção, sobre as alegadas irregularidades em Felgueiras.
Notícia do Público, de sábado:
O Conselho de Estado (CE) autorizou Jorge Coelho a prestar depoimento por escrito no julgamento do processo do "saco azul" do Partido Socialista de Felgueiras, apurou o PÚBLICO.
Arrolado pela defesa do arguido Horácio Costa, ex-vereador e antigo assessor da principal arguida, Fátima Felgueiras, Jorge Coelho vai responder às questões que lhe forem colocadas pelo advogado Pedro Martinho, podendo os restantes causídicos acrescentar novas perguntas, oportunidade que lhes foi dada pelo colectivo. Pedro Martinho foi notificado anteontem do deferimento do CE, durante a sessão que decorreu na parte da manhã, para assegurar a validade da prova. Os esclarecimentos que Jorge Coelho deverá prestar relacionam-se com documentos que os dois titulares da conta onde era movimentados os fundos do "saco azul", Horácio Costa e Joaquim Freitas, garantem ter remetido para o então ministro de Estado do Governo de António Guterres. Ambos garantiram ao tribunal terem alertado Jorge Coelho e outros dirigentes nacionais do PS para eventuais irregularidades no financiamento do PS de Felgueiras.
Ao Tribunal de Felgueiras também já chegou a autorização concedida pela Assembleia da República para o deputado Renato Sampaio depor. Actual líder da federação distrital do Porto do PS, Renato Sampaio deverá ser questionado sobre diligências que terá feito para demover Horácio Costa e Joaquim Freitas de colaborarem com os investigadores do caso do "saco azul". Horácio Costa assegurou na sala de audiências que Sampaio lhe terá prometido um emprego de "muito receber e pouco fazer", no caso de não colaborar no esclarecimento dos factos. Esta revelação foi formal e prontamente desmentida pelo líder da distrital do Porto do PS, horas depois de ter sido feita pelo ex-assessor de Fátima Felgueiras.
No julgamento devem depor ainda oralmente Narciso Miranda e Armando Vara, devendo o primeiro-ministro José Sócrates enviar um testemunho escrito.